Microcefalia é uma doença em que a cabeça e o cérebro das crianças são menores que o normal para a sua idade e isto pode ser causado por malformação durante a gestação provocada pelo uso de substâncias químicas ou por infecções por bactérias ou vírus, como o zika vírus, por exemplo.
Esta doença pode alterar o desenvolvimento mental da criança, porque os ossos da cabeça, que ao nascimento estão separados, se unem muito cedo, impedindo que o cérebro cresça e desenvolva suas capacidades normalmente.
Por causa disso, a criança com microcefalia pode precisar de cuidados por toda a vida, porém isso é geralmente confirmado depois do primeiro ano de vida e irá depender muito do quanto o cérebro conseguiu se desenvolver e que partes do cérebro estão mais comprometidas.
Sintomas de microcefalia
Os principais sintomas de microcefalia são:
- Diminuição do tamanho da cabeça;
- Cérebro menor do que o normal para a idade da criança;
- Problemas visuais;
- Perda de audição;
- Atraso mental;
- Déficit intelectual;
- Paralisia;
- Convulsões;
- Epilepsia;
- Autismo.
Esta condição também pode levar ao surgimento de rigidez dos músculos do corpo, conhecida cientificamente como espasticidade, pois esses músculos são controlados pelo cérebro e no caso da microcefalia esta função fica prejudicada.
Entenda mais o que é microcefalia e como cuidar de um bebê com esse problema assistindo ao vídeo a seguir:
MICROCEFALIA
02:06 | 90.120 visualizaçõesComo confirmar o diagnóstico
O diagnóstico da microcefalia pode ser feito durante a gestação, com os exames do pré-natal, como o ultrassom por exemplo, e pode ser confirmado logo após o parto através da medição do tamanho da cabeça do bebê, feita por um enfermeiro ou médico. Saiba mais quando deve realizar o ultrassom durante a gravidez.
Além disso, exames como tomografia computadorizada ou ressonância magnética cerebral também ajudam a medir a gravidade da microcefalia e quais serão suas possíveis consequências para o desenvolvimento do bebê.
Consulte o pediatra mais próximo para que a criança seja avaliada de forma mais detalhada:
Possíveis causas
As principais possíveis causas da microcefalia são:
- Infecção pelo Zika vírus ou o vírus da Chikungunya durante a gestação, principalmente no primeiro trimestre;
- Infecções como meningite, HIV materno, rubéola, citomegalovírus e toxoplasmose;
- Consumo de cigarro, álcool ou drogas, como cocaína e heroína durante a gravidez;
- Envenenamento por mercúrio ou cobre;
- Desnutrição;
- Doenças metabólicas na mãe, como fenilcetonúria;
- Exposição à radiação durante a gestação;
- Uso de medicamentos contra epilepsia, hepatite ou câncer, nos primeiros 3 meses de gravidez.
A microcefalia também pode ser genética e acontece em crianças que possuem outras doenças como síndrome de West, síndrome de Rett, síndrome de Down e síndrome de Edwards, por exemplo.
Por isso, a criança com microcefalia que também possui alguma destas síndromes pode ter outras características físicas, incapacidades e ainda mais complicações do que as crianças que possuem somente microcefalia.
A febre Oropouche pode causar microcefalia?
A febre Oropouche foi relacionada pelo Ministério da Saúde com um caso de microcefalia em um bebê, uma vez que o vírus pode ser transmitido da mãe para o bebê durante a gestação. Veja como ocorre a transmissão da febre Oropouche.
Além disso, também existe um caso de aborto espontâneo devido a malformações no bebê em uma mulher que teve a febre Oropouche na gravidez.
No entanto, a associação da febre Oropouche e microcefalia ainda necessita de mais estudos para confirmar se pode ou não causar malformações, microcefalia ou aborto espontâneo.
Tipos de microcefalia
Alguns estudos dividem a microcefalia em alguns tipos, como:
- Microcefalia primária: este tipo ocorre quando existem falhas na produção de neurônios, que são células cerebrais, durante o desenvolvimento fetal;
- Microcefalia pós-natal: é o tipo em que a criança nasce com o tamanho do crânio e do cérebro adequado, mas o desenvolvimento destas partes não acompanha o crescimento da criança;
- Microcefalia familiar: acontece quando a criança nasce com o crânio menor, mas não apresenta alterações neurológicas, sendo que isto ocorre porque os pais da criança também têm a cabeça menor.
Existe ainda um outro tipo chamada microcefalia relativa, em que crianças com problemas neurológicos apresentam problemas de crescimento do crânio, porém é uma classificação muito pouca utilizada pelos médicos.
E ainda, alguns estudos classificam a microcefalia como primária, quando os ossos do crânio do bebê se fecham durante a gestação, até os 7 meses, ou secundária, quando os ossos se fecham na fase final da gravidez ou após o nascimento do bebê.
Como é feito o tratamento
O tratamento da microcefalia deve ser orientado por um pediatra e neurologista, para ajudar a criança a se desenvolver com o mínimo de limitações possíveis de forma a ter uma maior qualidade de vida.
Os principais tratamentos para microcefalia são:
1. Terapia da fala
Para melhorar a capacidade para falar a criança deve ter acompanhamento de um fonoaudiólogo pelo menos 3 vezes por semana.
Além disso, os pais devem cantar com a criança pequenas músicas e falar com ela olhando nos olhos durante todo o dia, mesmo que ela não responda ao estímulo. Também deve-se usar gestos para facilitar o entendimento do que está dizendo e captar melhor a atenção da criança. Confira outras brincadeiras que podem ser feitas para estimular a fala.
2. Sessões de fisioterapia
Para melhorar o desenvolvimento motor, aumentar o equilíbrio e evitar atrofia dos músculos e os espasmos musculares é importante fazer o máximo de sessões de fisioterapia possível, pelo menos 3 vezes por semana, realizando exercícios simples com bola de Pilates, alongamentos, sessões de psicomotricidade e hidroterapia podem ser úteis.
A fisioterapia é indicada porque pode ter resultados no desenvolvimento físico da criança, mas também porque ajuda no desenvolvimento mental.
3. Terapia ocupacional
No caso de crianças mais velhas e com o objetivo de aumentar a autonomia pode ainda ser indicado pelo médico a participação em sessões de terapia ocupacional, nas quais se pode treinar as atividades diárias, como escovar os dentes ou comer, com o uso de aparelhos especiais, por exemplo.
Para melhorar a capacidade de socialização deve-se também avaliar a possibilidade de manter a criança em uma escola normal para que possa interagir com outras crianças que não possuem microcefalia, podendo participar de jogos e brincadeiras que promovem a interação social. No entanto, se houver atraso no desenvolvimento mental, a criança provavelmente não irá aprender a ler ou escrever, embora possa ir para a escola para ter contato com outras crianças.
Em casa, os pais devem estimular a criança o máximo possível, fazendo brincadeiras de frente para o espelho, estando do lado da criança e participar sempre que possível em reuniões de família e amigos para tentar manter o cérebro da criança sempre ativo.
4. Uso de remédios
A criança com microcefalia pode precisar tomar medicamentos indicados pelo médico segundo os sintomas que apresenta, como anticonvulsivante para reduzir as convulsões ou para tratar a hiperatividade, como Diazepam ou Ritalina, além de analgésicos, como Paracetamol, para diminuir a dor nos músculos, devido à tensão excessiva.
5. Injeções de Botox
As injeções de Botox podem ser indicadas no tratamento de algumas crianças com microcefalia, porque podem ajudar a diminuir a rigidez dos músculos e melhorar os reflexos naturais do corpo, facilitando as sessões de fisioterapia e os cuidados diários.
Geralmente as injeções de Botox são indicadas quando a criança fica sempre com os músculos intensamente contraídos, involuntariamente, o que dificulta coisas simples como dar banho ou trocar a fralda. O uso do botox é considerado seguro e praticamente não apresenta riscos para saúde, desde que seja utilizado na dose adequada e sempre sob indicação do médico.
6. Cirurgia na cabeça
Em alguns casos, pode-se realizar uma cirurgia sendo feito um corte na cabeça para permitir o crescimento do cérebro, reduzindo as sequelas da doença. Porém, esta cirurgia para ter resultado deve ser feita até aos 2 meses do bebê e não é indicada para todos os casos, somente quando podem existir muitos benefícios e poucos riscos associados.