Puerpério: o que é, sintomas, quanto tempo dura (e cuidados)

Puerpério é o período de pós-parto que começa logo após a expulsão da placenta e termina quando o corpo da mulher e as alterações hormonais e fisiológicas voltam ao estado de não gravidez.

Foto doutora realizando uma consulta
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Durante o puerpério a mulher passa por muitas alterações hormonais, físicas e emocionais, sendo que nesse período é comum sintomas como sangramento vaginal, flacidez na barriga, cansaço ou mamas endurecidas, por exemplo.

O puerpério, também conhecido como período pós-natal, pode durar 60 dias ou mais, dependendo de como é feita da amamentação.

Mulher no puerpério segurando o recém-nascido no colo

Sintomas do puerpério

Os principais sintomas do puerpério são:

1. Cansaço

O cansaço no puerpério pode ocorrer logo após o nascimento do bebê devido ao trabalho de parto.

Além disso, nos dias e meses seguintes, a mulher pode se sentir mais cansada devido à adaptação à nova rotina e aos cuidados que envolvem o bebê, amamentação e por dormir menos horas por noite.

Cuidados: é importante dividir as tarefas de cuidados com o bebê, com o pai ou familiares, além de dormir enquanto dorme, e fazer atividades físicas liberadas pelo obstetra para relaxar e melhorar o cansaço.

2. Sensação de tristeza

A sensação de tristeza no puerpério, também conhecida como baby blues, é normal devido as alterações hormonais após o nascimento do bebê, uma vez que ocorre uma diminuição brusca da progesterona e estrogênios no corpo. Entenda melhor o que é e sintomas de baby blues.

Geralmente, essa sensação de tristeza, mau humor ou choro fácil, pode se iniciar 2 a 3 dias após o parto.

Cuidados: a sensação de tristeza melhora em cerca de 2 semanas após o parto. Porém, se não melhorar ou a mulher sintomas como dificuldades de se relacionar com o bebê e sentimentos de culpa, deve-se consultar o obstetra, pois pode ser depressão pós-parto. Saiba identificar os sintomas de depressão pós-parto.

3. Sangramento vaginal

Durante o puerpério, é normal o ter sangramento vaginal, chamado lóquio, tendo cor vermelha e é formado por sangue, tecidos endometriais e fragmentos de decídua, durando cerca de 1 a 4 dias.

Após esse período, os lóquios tornam-se amarelados ou marrom claros, durando cerca de 5 a 9 dias, e depois mudam para uma cor esbranquiçada, com duração de 10 a 14 dias. 

No entanto, os lóquios podem permanecer por até 5 semanas. Entenda melhor o que são os lóquios e quais os cuidados importantes.

Cuidados: é recomendado usar um absorvente íntimo de maior tamanho e maior capacidade de absorção, e observar sempre o odor e a cor do sangue, para identificar rapidamente os sinais de infecção como mau cheiro e cor vermelho vivo por mais de 4 dias. Se estes sintomas estiverem presentes deve-se ir ao médico o quando antes. 

Leia também: Hemorragia pós-parto: o que é, causas e como evitar tuasaude.com/hemorragia-pos-parto

4. Desconforto na região íntima 

O desconforto na região íntima é mais comum em mulheres que tiveram parto normal com episiotomia, que foi fechada com pontos.

Mas toda mulher que passou pelo parto normal pode ter modificações na vagina, que também fica mais dilatada e inchada nos primeiros dias depois do parto. 

Cuidados: lavar a região com água e sabão até 3 vezes por dia, mas não fazer banho de assento antes de 1 mês. Normalmente, a região cicatriza rápido e em 2 semanas o desconforto deve desaparecer completamente. Veja os principais cuidados com a episiotomia.

5. Cólicas

As cólicas do puerpério podem surgir imediatamente após o parto, pois ocorre uma contração do útero e do local da placenta, para evitar perda de sangue excessiva.

Além disso, ao amamentar é normal que a mulher sinta cólicas ou algum desconforto abdominal devido às contrações que fazem o útero voltar ao seu tamanho normal e que são muitas vezes estimuladas pelo processo de amamentação.

O útero diminui cerca de 1 cm por dia, por isso esse desconforto não deve durar mais de 20 dias. 

Cuidados: colocar uma compressa morna sobre o abdômen pode trazer mais conforto enquanto a mulher amamenta. Se estiver incomodando muito a mulher pode tirar o bebê da mama durante alguns minutos e depois voltar a amamentar quando o desconforto aliviar um pouco. 

6. Mamas mais duras

As mamas, que durante a gravidez estavam mais maleáveis e sem qualquer desconforto, geralmente ficam mais durinhas por estarem cheias de leite.

Se a mulher não puder amamentar o médico pode indicar um remédio para secar o leite, e o bebê vai precisar tomar fórmula infantil, com indicação do pediatra. 

Cuidados: para aliviar o desconforto da mama cheia pode-se colocar uma compressa morna nos seios e amamentar a cada 3 horas ou sempre que o bebê quiser. Confira um guia completo de amamentação para iniciantes

7. Barriga inchada

O abdômen ainda permanece inchado devido ao útero ainda não estar no seu tamanho normal, o que diminui a cada dia, e fica bastante flácido.

Algumas mulheres podem ainda ficar com um afastamento dos músculos da parede abdominal, uma situação chamada diástase abdominal, que deve ser corrigida com alguns exercícios. Entenda melhor o que é a diástase abdominal e como tratar.

Cuidados: amamentar e usar a cinta abdominal ajudam o útero a voltar ao seu tamanho normal, e fazer os exercícios abdominais corretos ajuda a fortalecer o abdômen, combatendo a flacidez da barriga.

Veja alguns exercícios para fazer depois do parto e fortalecer o abdômen, neste vídeo:

Exercícios para FORTALECER o ABDÔMEN

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8. Prisão de ventre

Durante o puerpério, também é comum a mulher apresentar prisão de ventre ou excesso de gases intestinais.

Isso pode acontecer devido a ao hormônio placentário relaxina, que deixa os movimentos intestinais mais lentos ou até pela anestesia peridural, estresse ou desidratação.

Além disso, a mulher pode ter medo de defecar após a realização da cesárea ou episiotomia, o que pode levar à prisão de ventre.

Cuidados: defecar sempre que tiver vontade, aumentar o consumo de água e de fibras na alimentação, como aveia, muesli, farelo de trigo, alimentos integrais, frutas e verduras cruas ou cozida, por exemplo.

Assista o video a seguir com a nutricionista Tatiana Zanin com dicas para acabar com a prisão de ventre:

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9. Incontinência urinária

A incontinência é uma complicação relativamente normal no pós-parto, especialmente se a mulher teve parto normal, mas também pode acontecer nos casos de cesárea.

A incontinência pode ser sentida como uma vontade repentina de urinar, que é difícil de controlar, havendo perdas de urina na calcinha.

Cuidados: fazer os exercícios de Kegel é uma excelente forma de conseguir controlar a urina normalmente. Veja como são realizados estes exercícios contra incontinência urinária.

10. Retorno da menstruação 

O retorno da menstruação depende se a mulher amamenta ou não.

Quando amamenta exclusivamente, a menstruação tende a voltar em aproximadamente 6 meses, mas é sempre recomendado usar métodos contraceptivos extra para não engravidar nesse período.

Caso a mulher não amamente, a menstruação volta em aproximadamente 1 ou 2 meses. 

Cuidados: verificar se o sangramento depois do parto está com uma aparência normal e começar a usar o método contraceptivo quando o médico ou enfermeiro indicar. O dia em que a menstruação voltar deve ser anotado para indicar ao médico na próxima consulta. Saiba quando se preocupar com o Sangramento no Pós-parto.

Quanto tempo dura

O puerpério dura entre 45 e 60 dias e se divide em quatro fases:

  1. Puerpério imediato: inicia-se imediatamente após o parto e dura 2 h;
  2. Puerpério precoce ou mediato: inicia-se após a 2ª hora após o parto e dura até o 10ª dia;
  3. Puerpério tardio: inicia-se no 11º e vai até o o retorno da menstruação, que ocorre por volta de 6 semanas após o parto;
  4. Puerpério remoto: da 6ª semana até o 12º mês.

Durante as primeiras 6 a 12 horas após o parto, a mulher deve ser monitorada pois ainda existe risco de complicações como hemorragia ou eclâmpsia pós-parto.

Leia também: Eclampsia pós parto: o que é, sintomas, causas e tratamento tuasaude.com/eclampsia-pos-parto

Puerpério emocional

O puerpério emocional é é um termo usado para descrever as alterações emocionais da mulher no pós-parto.

Essas alterações podem ser percebidas através de sintomas como sensação de tristeza (baby blues), insônia, redução da libido ou cansaço físico ou mental.

Além disso, a mulher também pode apresentar ansiedade ou depressão pós-parto.

Quando ir ao médico 

É importante consultar o obstetra ou ir ao pronto-socorro caso surjam sintomas, como:

  • Sangramento vaginal intenso ou eliminação de coágulos;
  • Corrimento vaginal com mau cheiro;
  • Febre de mais de 38ºC;
  • Dor nas pernas ou tornozelos, especialmente com inchaço;
  • Saída de pus ou sangue na cicatriz da cesárea ou episiotomia.

Também deve-se ir imediatamente ao hospital se surgir falta de ar, dor de cabeça intensa e repentina, dor no peito ou inchaço em uma perna, por exemplo.

Além disso, a mulher deve ter uma consulta com o obstetra ou ginecologista às 6 ou 8 semanas após o parto, para verificar se o útero está cicatrizando corretamente e não há nenhuma infecção.

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