Eritroblastose fetal: o que é, sintomas, causas e tratamento

Atualizado em outubro 2023

Eritroblastose fetal é a destruição dos glóbulos vermelhos do feto ou do recém-nascido, pelos anticorpos maternos, causada pela incompatibilidade sanguínea, resultando em sintomas como pele amarelada, anemia, inchaço generalizado ou acúmulo de líquido no abdômen do bebê. 

Essa doença, também conhecida como doença hemolítica do recém-nascido, doença hemolítica perinatal ou doença de Rhesus, geralmente ocorre no bebê de uma segunda gestação, quando a grávida possui sangue Rh negativo e teve na primeira gravidez, um bebê com sangue do tipo Rh positivo, sem ter realizado o tratamento com imunoglobulina.

Para evitar estas complicações no bebê, a mulher deve fazer todas as consultas e exames de pré-natal, uma vez que é possível identificar o risco da eritroblastose fetal, iniciando-se o tratamento, que inclui uma injeção com imunoglobulinas para evitar o surgimento da doença no bebê. Saiba mais sobre o tratamento para evitar a eritroblastose fetal.

Imagem ilustrativa número 1

Sintomas de eritroblastose fetal

Os principais sintomas da eritroblastose fetal são:

  • Pele, mucosa e olhos amarelados, chamado icterícia;
  • Anemia grave;
  • Inchaço generalizado;
  • Acúmulo de líquido na cavidade abdominal, chamada ascite;
  • Aumento do fígado e do baço, em alguns casos.

Esses sintomas normalmente são identificados pelo neonatologista após o nascimento do bebê, podendo ser leves a graves.

Quando a icterícia não é tratada adequadamente, o bebê pode desenvolver kernicterus, causada pela deposição de bilirrubina no sistema nervoso, causando danos cerebrais.

Além disso, a eritroblastose fetal pode afetar também o feto ainda durante a gestação e causar uma condição conhecida como hidropsia fetal, que é a forma mais grave da eritroblastose fetal e que pode ser identificada durante os exames de imagem pré-natal. Saiba como identificar os sintomas de hidropsia fetal.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da eritroblastose fetal pode ser feito pelo obstetra ainda durante a gestação através dos sinais apresentados pelo feto no exame de ultrassom, em que pode-se observar se existe inchaço no bebê e/ou acúmulo de líquido no abdômen, ou outros órgãos. 

Após o nascimento, o diagnóstico é feito pelo neonatologista através da avaliação dos sintomas.

Em todos os casos, o médico deve avaliar a compatibilidade sanguínea da mãe e do bebê através do exame de tipo sanguíneo e teste de Coombs para avaliar a presença de anticorpos.

Caso o teste seja positivo para anticorpos durante a gestação, o médico deve monitorar a titulação de anticorpos a cada 4 semanas.

Nos casos em que a titulação é maior que 1:16, o médico deve indicar uma amniocentese, e se for detectado que o bebê é Rh positivo, o obstetra deve rastrear a anemia fetal através do exame de doppler da artéria cerebral média do feto, a cada 1 a 2 semanas.

Possíveis causas

A eritroblastose fetal é causada pela produção de anticorpos pela mulher que tem tipo sanguíneo Rh negativo, contra os glóbulos vermelhos do feto que tem Rh positivo, provocando a destruição dessas células.

Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento da eritroblastose fetal, como:

  • Movimentação de glóbulos vermelhos do feto através da placenta para a circulação sanguínea materna, sendo maior durante o parto;
  • Aborto espontâneo;
  • Amniocentese;
  • Sangramento vaginal na gestação;
  • Gravidez ectópica;
  • Descolamento prematuro da placenta;
  • Trauma abdominal;
  • Procedimentos invasivos durante a gestação.

Essas situações podem expor a mulher Rh negativo, ao sangue Rh positivo do feto, e assim produzir anticorpos que podem atravessar a placenta e destruir os glóbulos vermelhos do feto na próxima gestação, caso o bebê seja Rh positivo.

Além disso, e embora seja mais raro, esta alteração também pode se desenvolver quando a grávida recebeu uma transfusão de sangue do tipo Rh+, em qualquer altura da sua vida antes de ter engravidado. Sendo assim, é importante que o obstetra conheça bem todo o historial da gestante.

Como prevenir a eritroblastose fetal

O tratamento para prevenir a eritroblastose fetal consiste na injeção de imunoglobulina anti-D, que pode ser feita:

  • Na 28ª semana de gravidez: especialmente quando o pai é Rh+ ou quando o primeiro filho nasceu com sangue do tipo Rh+ e não se fez a injeção durante a primeira gestação;
  • 3 dias após o parto: é feito após uma primeira gravidez em que o bebê nasce com sangue Rh+ e ajuda a evitar a formação de anticorpos que podem prejudicar uma futura gravidez.

Se não for feita qualquer injeção e o bebê tiver um grande risco de desenvolver eritroblastose fetal, o médico pode ainda tentar antecipar a data do parto, assim que os pulmões e coração do bebê estejam bem desenvolvidos.

Além disso, para evitar a eritroblastose fetal e possíveis complicações e sequelas, é importante que a mulher realize todas as consultas do pré-natal para que seja avaliado e monitorado o risco da doença.

Como é feito o tratamento depois do parto

Caso a mãe não tenha feito a imunização durante a gravidez ou após o parto do primeiro filho Rh positivo, e o bebê nasça com eritroblastose, o neonatologista alguns tratamentos, que variam de acordo com a gravidade dos sintomas.

Assim, pode ser indicado pelo médico amamentação frequente ou fototerapia nos casos leves a moderados em que o bebê apresenta icterícia, para controlar os níveis de bilirrubina no sangue. Outro tratamento é a aplicação de imunoglobulina diretamente na veia.

Já nos casos mais graves, podem ser indicadas transfusões sanguíneas no bebê ou exsanguinação, que consiste em substituir o sangue do bebê por outro que seja compatível. Este processo pode ser repetido por várias semanas, até que todos os anticorpos da mãe tenham sido eliminados.

Em alguns casos, a transfusão sanguínea pode ser feita ainda com o bebê no útero, além de poder ser indicado pelo médico antecipar o parto para evitar complicações.