Ileostomia: o que é, para que serve e cuidados

Atualizado em abril 2023

A ileostomia é uma abertura cirúrgica da parede abdominal, chamada estoma, onde o intestino delgado fica ligado, com o objetivo de permitir que as fezes e os gases sejam eliminados por essa abertura para uma bolsa coletora, quando não podem passar pelo intestino grosso.

Este procedimento é normalmente realizado após cirurgias no sistema digestivo, principalmente em casos de câncer no intestino, colite ulcerativa ou doença de Crohn, por exemplo, podendo ser uma ileostomia temporária ou permanente.

As fezes são eliminadas para uma bolsa exterior que fica ajustada ao corpo e, por isso, são precisos alguns cuidados para evitar infecções e irritações na pele.

Imagem ilustrativa número 1
Bolsa de ileostomia ajustada ao corpo

Para que serve

A ileostomia serve para redirecionar o fluxo do intestino delgado, quando o intestino grosso possui alterações que impedem a passagem natural das fezes.

Desta forma, a ileostomia permite que as fezes e os gases sejam eliminados em uma bolsa externa conectada no abdômen.

Quando é indicada

A ileostomia é indicada nos seguintes casos:

  • Pós-cirúrgico de cirurgias no intestino grosso ou reto;
  • Câncer no intestino ou reto;
  • Colite ulcerativa;
  • Doença de Crohn;
  • Diverticulite;
  • Perfurações no abdômen.

Dependendo do motivo, a ileostomia pode ser temporária, quando a causa é tratada e o fluxo do intestino pode voltar a acontecer normalmente, ou permanente, quando não existe possibilidade de restabelecer o fluxo normal do intestino.

Qual a diferença entre colostomia e ileostomia?

Tanto a colostomia quanto a ileostomia são aberturas no abdômen ao qual o intestino é ligado diretamente, para que as fezes sejam eliminadas na bolsa coletora.

A diferença é que enquanto na ileostomia a parte do intestino ligada ao abdômen é o intestino delgado, na colostomia a ligação é feita do intestino grosso diretamente à parede do abdômen. Entenda melhor o que é a colostomia.

Como são as fezes da ileostomia

No intestino grosso há absorção de água e ação dos microrganismos que fazem parte da microbiota intestinal, deixando as fezes com consistência mais pastosa e sólida. 

Assim, no caso da ileostomia, como não há passagem de água e alimentos pelo intestino grosso, as fezes são bastante líquidas e ácidas, o que pode causar bastante irritação na pele.

Cuidados com a bolsa de ileostomia

Alguns cuidados com a bolsa de ileostomia incluem:

  • Trocar a bolsa de ileostomia de forma regular, o que pode significar trocar várias vezes ao dia;
  • Descartar as fezes contidas na bolsa no vaso sanitário;
  • Descartar a bolsa após o uso, para evitar infecções, colocando a bolsa em um saco plástico e depois no lixo;
  • Seguir as instruções de desinfecção caso o modelo da bolsa de ileostomia seja do tipo reutilizável;
  • Limpar o estoma e a pele em volta com um pano macio umedecido em água morna;
  • Secar bem a pele antes de colocar a nova bolsa, para permitir que fique colada na pele;
  • Usar a bolsa com abertura do tamanho correto do estoma para que não tenha vazamento de fezes na pele que podem causar irritação ou infecção.

Além disso, deve-se evitar usar produtos na pele como hidratantes, cremes ou óleos, pois podem dificultar a fixação da bolsa.

Quando se deve trocar a bolsa?

É recomendado que se troque a bolsa de ileostomia quando estiver com 1/3 a 2/3 de sua capacidade máxima, de forma a evitar vazamento de fezes para a pele e causar irritação ou infecções.

Cuidados com a pele em volta da ileostomia

Os principais cuidados que devem ser tomados com a pele em volta da ileostomia são:

  • Limpar a pele ao redor do estoma, sempre que trocar a bolsa, e secar bem antes de colocar a nova bolsa;
  • Evitar puxar a bolsa bruscamente, para evitar irritação da pele;
  • Trocar a bolsa de ileostomia, no caso de sentir algum desconforto na pele;
  • Cortar a abertura da bolsa de ileostomia do tamanho certo, pois isso evita que as fezes entrem em contato direto com a pele;
  • Evitar passar na pele produtos que contenham álcool, pois pode deixar a pele muito seca.

Além disso, em alguns casos, pode ser indicado também pelo médico o uso de um spray ou pomada protetora, que evita a irritação da pele causado pelo conteúdo liberado da ileostomia.

Como deve ser a alimentação

Alguns cuidados também são importantes com a alimentação:

1. O que comer

A alimentação para ileostomia varia de acordo com cada pessoa e sua tolerância aos alimentos, sendo recomendado experimentar os alimentos em pequenas quantidades, para verificar o efeito que têm nas fezes.

No caso das fezes estarem muito líquidas, é recomendado fazer uma alimentação com arroz branco ou macarrão cozidos, banana, sopas de legumes, creme de vegetais, purê de legumes, como batata, cenoura, mandioca, abobrinha ou abóbora, por exemplo. 

Além disso, é importante também que a pessoa beba bastante água durante o dia, já que há maior risco de desidratação, uma vez que as fezes são bastante líquidas e não há reabsorção de água pelo organismo devido ao fato da fezes não passarem pelo intestino grosso. Saiba identificar os sintomas de desidratação.  

2. O que evitar

Nas primeiras 4 a 6 semanas após a cirurgia para ileostomia é recomendado evitar alimentos que podem causar bloqueio do estoma, como cogumelos, nozes e sementes inteiras, coco, frutos secos, uva, cereja, arroz ou pães integrais, por exemplo.

Além disso, sempre que possível e de acordo com a tolerância individual deve-se evitar alimentos muito gordurosos ou apimentados, bebidas que contenham cafeína como café, chá preto ou chá verde, bebidas alcoólicas, refrigerantes ou água gasosa.

Além disso, alguns alimentos podem ajudar a neutralizar o cheiro das fezes, podendo ser recomendado o consumo de cenoura, chuchu, espinafre, iogurte natural, coalhada integral sem soro, chá de casca de maçã ou chá de hortelã.

Quando ir ao médico

É importante consultar o médico sempre que surgirem sintomas como:

  • Irritação, bolhas, vermelhidão, líquido ou coceira na pele em volta do estoma;
  • Cólica intestinal por mais de 2 ou 3 horas;
  • Náuseas e vômitos;
  • Sangramento no estoma ou presença de sangue na bolsa;
  • Fezes aquosas por mais de 5 a 6 horas;

Além disso, deve-se consultar o médico caso se perceba alteração do tamanho ou da aparência do estoma.