Retossigmoidectomia: o que é, quando é indicada e como é feita

Atualizado em abril 2021

A retossigmoidectomia é uma cirurgia que consiste na retirada de uma parte do reto e do cólon sigmóide, que são as partes finais do intestino, sendo indicada nos casos de diverticulite, câncer colorretal ou prolapso retal, que ocorre quando a parte interna do reto fica visível do lado de fora do corpo.

Esta cirurgia deve ser indicada pelo gastroenterologista e realizada pelo cirurgião com anestesia geral e o tempo de recuperação geralmente é de 6 semanas, mas pode variar de pessoa para pessoa e também de acordo com o tipo de procedimento utilizado pelo médico como cirurgia convencional ou videolaparoscopia.

Além disso, nas primeiras semanas após a retossigmoidectomia, alguns cuidados são importantes para a recuperação e devem ser feitos com a orientação do médico, como se alimentar apenas com líquidos e realizar a troca do curativo com orientação do enfermeiro. Confira todos cuidados para se recuperar mais rápido após cirurgia

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Quando é indicada

A retossigmoidectomia é indicada pelo gastroenterologista para o tratamento ou prevenção de doenças ou condições que afetam o reto ou o sigmóide como:

  • Sangramento incontrolável do retossigmóide;
  • Obstrução fecal do retossigmóide;
  • Doença de Chron;
  • Diverticulite;
  • Colite ulcerativa;
  • Prolapso retal;
  • Câncer colorretal.

Além disso, a cirurgia de retossigmoidectomia pode ser indicada como tratamento preventivo quando a pessoa tem alto risco de desenvolver câncer colorretal, como presença de pólipos pré-cancerosos, polipose adenomatosa familiar ou síndrome de Lynch.

Como se preparar para a cirurgia

Alguns cuidados são importantes para se preparar para a cirurgia como esclarecer com o cirurgião todas as dúvidas sobre a cirurgia e a recuperação, além de informar todos os medicamentos, vitaminas e suplementos nutricionais que toma com frequência, pois alguns podem afetar a recuperação, interferir na anestesia ou aumentar o risco de formação de coágulos ou de sangramento. Deve informar também se tem alguma alergia ou outro problema de saúde.

Além disso, é recomendado não fumar e nem consumir bebidas alcoólicas antes da cirurgia, além de ter uma alimentação mais líquida no dia anterior à cirurgia, dando preferência à água, sopa, canja, chás e gelatina natural, pois são de fácil digestão e não deixam resíduos nos intestinos que devem estar vazios no dia da cirurgia. 

Antes de realizar a cirurgia, o médico irá solicitar exames de risco cirúrgico e exames de sangue para avaliar o estado de saúde geral.

Como é feita

A retossigmoidectomia é feita pelo cirurgião para retirar as partes doentes do reto e do sigmóide, sendo necessário limpar os intestinos antes da cirurgia e, por isso, o médico deve recomendar fazer jejum de pelo menos 4 horas ou mais, além da utilização de laxantes ou enema sob a supervisão do enfermeiro no hospital. 

Antes de iniciar a cirurgia, é administrado soro fisiológico na veia, pelo enfermeiro, para hidratar e administrar medicamentos e também para que o anestesista faça a anestesia geral.

A retossigmoidectomia pode ser feita da forma convencional em que o cirurgião faz um corte no abdômen para remover uma parte do reto e do sigmóide e unir as partes saudáveis do intestino que ficaram, para recriar o reto, mas também pode ser feita por videolaparoscopia que é um tipo de cirurgia menos invasiva realizada com pequenos cortes na barriga que servem para introduzir os equipamentos cirúrgicos e uma pequena câmera.

Durante a retossigmoidectomia, o cirurgião pode unir as partes saudáveis do intestino que ficaram, para recriar o reto, permitindo que as fezes sejam eliminadas de forma normal no corpo, ou pode ser necessário fazer uma ileostomia temporária ou permanente, que é uma ligação entre o intestino delgado e a parede abdominal com o objetivo de permitir que as fezes e os gases sejam eliminados em uma bolsa externa conectada no abdômen.

Geralmente, a ileostomia temporária é indicada para permitir que a pessoa se recupere da cirurgia evitando que as fezes passem pela parte do intestino que está em recuperação e assim evitar infecções, sendo feita depois outra cirurgia para fechar a ileostomia quando o intestino já estiver recuperado e funcionando normalmente. Já a ileostomia permanente é indicada para os casos em que não é possível unir as partes do intestino e recriar o reto por onde as fezes são eliminadas. Saiba mais sobre a ileostomia

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Como é a recuperação

A recuperação após a cirurgia, nos primeiros 5 a 10 dias, é feita no hospital, com acompanhamento do cirurgião, do anestesista e do enfermeiro. Neste período, até o intestino voltar a funcionar, é administrado soro na veia para hidratar e dar energia ao corpo para se recuperar. Além disso, o curativo na barriga que protege a cicatriz contra infecções será trocado pelo enfermeiro sempre que houver necessidade e, caso a pessoa sinta dor, o cirurgião poderá receitar o uso de analgésicos na veia. 

Ainda durante a internação, quando o intestino já estiver funcionando, o cirurgião deve recomendar o início da ingestão de líquidos a cada hora em pequenas quantidades e da alimentação que, durante as primeiras 4 semanas após o procedimento, deve ser feita com alimentos pobres em fibra para reduzir a frequência e a quantidade de fezes, e assim, dar tempo do intestino se recuperar. 

1. Cuidados diários

Após a alta hospitalar, alguns cuidados diários devem ser seguidos em casa para ajudar na recuperação da retossigmoidectomia como:

  • Tomar os remédios nos horários certos conforme indicado pelo médico;
  • Trocar o curativo, conforme orientado pelo enfermeiro, tendo o cuidado de sempre lavar as mãos antes e após trocar o curativo;
  • Levantar e fazer pequenas caminhadas de hora em hora para evitar a formação de coágulos nas pernas. No entanto, deve-se evitar caminhadas longas, esforços e carregar peso;
  • Evitar dirigir nas 3 primeiras semanas após a cirurgia e ter cuidado para não colocar o cinto de segurança sobre a cicatriz;
  • Beber líquidos para hidratar o corpo, nas quantidades recomendadas pelo médico;
  • Fazer alimentação em pequenas quantidades mais vezes ao dia;
  • Mastigar bem os alimentos para facilitar a digestão e a absorção dos nutrientes;
  • Evitar alimentos gordurosos, apimentados, frituras, comida muito fria ou muito quente;
  • Evitar bebidas que contenham cafeína como café, chá preto ou chá verde, lactose como leite ou iogurtes, e bebidas com gás como refrigerantes ou água gasosa;
  • Evitar alimentos que que podem causar gases como couve, brócolis, couve-flor, couve de bruxelas, aspargos, ervilhas, favas, frutos secos e cebola; 
  • Evitar atividades físicas nas primeiras 4 a 6 semanas, tendo cuidado ao subir e descer escadas ou trabalhar, por exemplo.

Além disso, no caso da pessoa ter diarréia, deve-se comunicar ao médico que deve indicar o uso de medicamentos para diminuir os movimentos do intestino como loperamida ou difenoxilato, por exemplo. Nesses casos, o médico também deve recomendar uma dieta com suplementos de fibra solúvel antes das refeições principais como goma de guar hidrolisada ou plantago ovata, além de tomar água de arroz preparada com 50 g de arroz, 1,5 litro de água e uma cenoura descascada. É importante seguir todas as recomendações médicas para evitar complicações após a cirurgia.

2. Cuidados com a ileostomia

A ileostomia realizada após a retossigmoidectomia requer cuidados especiais para evitar inflamações e infecções no local onde a bolsa está inserida. 

Alguns cuidados com a ileostomia incluem:

  • Trocar a bolsa de ileostomia de forma regular, de preferência quando atingir 1/3 de sua capacidade máxima;
  • Descartar a bolsa após o uso, nunca reutilizá-la e descartar as fezes no vaso sanitário;
  • Seguir as instruções de desinfecção caso o modelo da bolsa de ileostomia seja do tipo reutilizável;
  • Usar a bolsa com abertura do tamanho correto para que não tenha vazamento de fezes na pele que podem causar irritação ou infecção;
  • Lavar a pele com água morna e secar bem antes de colocar a bolsa;
  • Evitar passar na pele produtos que contenham álcool, pois pode deixar a pele muito seca;
  • Evitar usar produtos na pele que contenham óleo, pois podem dificultar a fixação da bolsa.

Além disso, é importante sempre que trocar a bolsa, verificar a aparência da pele em volta da ileostomia, se está vermelha, úmida ou dolorida, pois pode ser que a pessoa não esteja fixando bem a bolsa e as fezes podem estar vazando e irritando a pele, ou até mesmo o próprio adesivo da bolsa pode danificar a barreira natural da pele, causando inflamação. 

Possíveis complicações

As principais complicações da cirurgia de retossigmoidectomia são infecção no local da cicatriz ou da ileostomia, problemas no local da junção do intestino, obstrução temporária do intestino, sangramento ou infecção na cavidade abdominal. 

É importante comunicar ao cirurgião ou procurar o pronto socorro mais próximo caso a pessoa apresente dor intensa ou que não melhora com os remédios, febre acima de 38,3ºC, vômitos, inchaço, hemorragia ou líquidos no local da ferida, dor abdominal forte e inchaço no abdômen, ou prisão de ventre.