Síndrome da ardência bucal: o que é, sintomas, causas e tratamento

Atualizado em junho 2022

A síndrome da ardência bucal, ou SAB, é o ardor que pode surgir em qualquer parte da boca como bochechas, língua, céu da boca ou lábios, por exemplo, sem que existam alterações clínicas visíveis, levando ao surgimento de sintomas como dor, formigamento ou alteração no paladar.

Essa síndrome, também conhecida como síndrome da boca ardente, é mais comum em mulheres entre 40 a 60 anos, na perimenopausa ou pós-menopausa, mas também pode acontecer em qualquer pessoa, e em qualquer idade devido a condições como diabetes, hipotireoidismo, deficiências nutricionais ou até uso de medicamentos, por exemplo.

O tratamento da síndrome da ardência bucal deve ser orientado pelo otorrinolaringologista ou dentista, de acordo com sua causa, com o objetivo aliviar os sintomas, podendo ser indicado o uso de remédios ou mudança no estilo de vida.

Imagem ilustrativa número 1

Sintomas da síndrome da ardência bucal

Os principais sintomas da síndrome da ardência bucal são:

  • Sensação de ardor ou queimação, na língua, lábios, interior das bochechas, gengivas, palato (céu da boca) ou garganta;
  • Dor intensa na boca;
  • Alteração no paladar, como gosto metálico ou amargo;
  • Boca seca (xerostomia);  
  • Aumento da sede;
  • Formigamento ou sensação de ardência na boca ou na língua;
  • Perda do apetite;
  • Dor que aumenta durante o dia;
  • Alteração na quantidade de saliva produzida.

Os sintomas podem aparecer em qualquer parte da boca, sendo mais comum de acontecer na ponta da língua e nas bordas laterais da boca. Em alguns casos a dor da SAB surge durante o dia e possui intensidade progressiva, podendo atrapalhar até mesmo o sono. 

Além disso, algumas atitudes podem favorecer a ardência e queimação da boca, como comer alimentos picantes ou quentes e tensão, por exemplo. Conheça algumas causas de ardência na língua

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da síndrome da ardência bucal é feito pelo otorrinolaringologista ou dentista, através da análise dos sintomas, exame físico da boca, histórico de saúde e do uso de medicamentos.

Além disso, o médico também pode solicitar exames, como hemograma, glicemia em jejum, dosagem de ferro, ferritina e ácido fólico, teste de fluxo de saliva, ressonância magnética ou tomografia computadorizada. Assim, é possível o médico confirmar o diagnóstico e identificar a causa da síndrome da ardência bucal.

Outros exames que o médico pode solicitar são a realização de testes para doenças auto-imunes e testes de alergias a produtos dentários ou alimentares, por exemplo.

Possíveis causas da síndrome

As causas da síndrome da ardência bucal não são muito bem estabelecidas, no entanto podem ser classificadas em dois tipos principais de acordo com sua origem, e inclui:

1. Síndrome da ardência bucal primária ou idiopática 

Nesse tipo de SAB são observados os sintomas, mas a causa desencadeante não é identificada, mas acredita-se que ocorra devido a danos nos nervos responsáveis por controlar o paladar e a dor.

Além disso, nesse tipo de SAB não são observadas evidências clínicas ou laboratoriais que confirmem a causa da SAB.

2. Síndrome da ardência bucal secundária

A síndrome da ardência bucal secundária é causada devido a alguma condição de saúde, como:

  • Alergia a alimentos ou conservantes de alimentos, como amendoim, castanhas, canela ou ácido sórbico;
  • Alergia a produtos odontológicos, como amálgama, mercúrio, peróxido de benzoíla, clorexidina, ou zinco;
  • Alterações hormonais, especialmente de estrógeno, na perimenopausa ou pós-menopausa;
  • Deficiências nutricionais, especialmente de ferro ou vitamina B12;
  • Refluxo gastroesofágico;
  • Língua geográfica;
  • Bruxismo;
  • Infecções por Enterobacter, Helicobacter pylori, ou Klebsiella;
  • Trauma mecânico crônico, como uso de próteses mal ajustadas;
  • Candidíase oral;
  • Condições neuropsiquiátricas, como estresse, ansiedade crônica ou depressão;
  • Diabetes mellitus descompensado;
  • Neuropatia diabética;
  • Hipotireoidismo;
  • Quimioterapia ou radioterapia na região da cabeça ou pescoço.

Além disso, o uso de alguns remédios para pressão alta, como enalapril ou captopril, antialérgicos, como a dexclorfeniramina, ou antipsicóticos e anticonvulsivantes, como a carbamazepina ou fenitoína, por exemplo, podem aumentar o risco de desenvolvimento da síndrome da ardência bucal. 

Como é feito o tratamento

O tratamento da síndrome da ardência bucal deve ser orientado pelo otorrinolaringologista ou dentista de acordo com a sua causa, podendo ser recomendado ajuste na prótese dentária, uso de plaquinha para bruxismo, tratamento com laser odontológico, ou uso de remédios para o tratamento de infecções, refluxo gastroesofágico, ou diabetes, por exemplo.

No caso da SAB causada por alergias, é importante identificar a causa da alergia e evitar o contato. Já no caso da síndrome que surge devido a deficiências nutricionais, é normalmente indicada suplementação nutricional, que deve ser feita conforme orientação do nutricionista.

Nos períodos de crise, ou seja, quando a dor é muito intensa, é interessante chupar gelo, pois o gelo além de aliviar a dor, ajuda a umedecer a boca, evitando a xerostomia, por exemplo. Além disso, é importante evitar situações que possam favorecer o aparecimento dos sintomas, como tensão, estresse, falar muito e consumo de alimentos muito apimentados, por exemplo.