Sistema digestório: funções, órgãos e processo digestivo

Atualizado em abril 2023

O sistema digestório, também chamado de digestivo ou gastrointestinal (SGI) é um dos principais sistemas do corpo humano e é responsável pelo processamento dos alimentos e absorção de nutrientes, permitindo o bom funcionamento do organismo. Esse sistema é formado por vários órgãos, como boca, esôfago, estômago, intestino delgado e grosso, reto e ânus, que atuam em conjunto para que sua função possa ser desempenhada.

O processo digestivo acontece a partir da liberação de enzimas secretadas por esses órgãos, tendo início a partir do momento que o alimento é consumido e final quando há eliminação pelas fezes.

É importante que qualquer alteração no funcionamento do sistema digestivo, como dor ou queimação no estômago, dor abdominal cólicas ou diarreia, por exemplo, seja comunicado ao gastroenterologista, que é o médico responsável por avaliar e tratar todas as alterações relacionadas com esse sistema.

Imagem ilustrativa número 1

Funções do sistema digestivo

Os sistema digestivo é formado por vários órgãos que atuam em conjunto com o objetivo de desempenhar as seguintes principais funções:

  • Promover a digestão de proteínas, carboidratos e lipídios dos alimentos e bebidas consumidos;
  • Absorver líquidos e micronutrientes;
  • Fornecer uma barreira física e imunológica para microrganismos, corpos estranhos e antígenos consumidos com o alimento.

Dessa forma, o sistema digestório é responsável por regular o metabolismo e o sistema imunológico, de modo a manter o bom funcionamento do organismo.

Qual médico consultar?

Caso sejam identificados sinais ou sintomas que possam estar relacionados com o processo digestivo, como gases em excesso, prisão de ventre ou diarreia, fraqueza, dor abdominal, aumento do volume abdominal, cólicas ou presença de sangue nas fezes, por exemplo, é importante que o gastroenterologista seja consultado para que sejam feitos exames que ajudem a identificar a alteração no sistema digestivo e, assim, ser possível iniciar o tratamento mais adequado. Conheça mais sobre o gastroenterologista.

Órgãos do sistema digestivo

O sistema digestório é constituído por órgãos que permitem a condução do alimento ou bebida ingeridos e, ao longo do trajeto, absorção de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo. Esse sistema se estende da boca ao ânus, sendo seus órgãos constituintes:

  1. Boca: responsável por receber o alimento e diminuir o tamanho das partículas para que possa ser digerida e absorvida mais facilmente, além de misturá-lo com saliva;
  2. Esôfago: responsável por transportar alimentos e líquidos da cavidade oral para o estômago;
  3. Estômago: desempenha papel fundamental no armazenamento temporário e digestão dos alimentos ingeridos;
  4. Intestino delgado: responsável pela maior parte da digestão e absorção dos alimentos e recebe as secreções do pâncreas e do fígado, que auxiliam esse processo;
  5. Intestino grosso: é onde ocorre a absorção de água e eletrólitos. Esse órgão também é responsável por armazenar temporariamente produtos finais da digestão que servem como meio para síntese bacteriana de algumas vitaminas;
  6. Reto e ânus: são responsáveis pelo controle da defecação.

Além dos órgãos, o sistema digestivo é constituído por diversas enzimas que garantem a digestão correta dos alimentos, sendo as principais:

  • Amilase salivar, ou ptialina, que está presente na boca e é responsável pela digestão inicial do amido;
  • Pepsina, que é a principal enzima do estômago e é responsável pela degradação de proteínas;
  • Lipase, que também está presente no estômago e promove a digestão inicial de lipídeos. Essa enzima também é secretada pelo pâncreas e desempenha a mesma função;
  • Tripsina, que é encontrada no intestino delgado e conduz à degradação de ácidos graxos e glicerol.

Boa parte dos nutrientes não consegue ser absorvido em sua forma natural devido ao seu tamanho ou ao fato de não ser solúvel. Assim, o sistema digestivo é responsável por transformar essas grandes partículas em partículas menores e solúveis capazes de serem absorvidas rapidamente, o que acontece principalmente devido à produção de diversas enzimas digestivas.

Como acontece a digestão

O processo digestivo tem início na ingestão do alimento ou bebida e fim na liberação das fezes. A digestão dos carboidratos tem início já na boca, apesar da digestão ser mínima, enquanto que a digestão das proteínas e dos lipídeos tem início no estômago. A maior parte da digestão de carboidratos, proteínas e gorduras acontece na porção inicial do intestino delgado.

O tempo de digestão dos alimentos varia de acordo com o volume total e das características do alimento consumido, podendo durar até 12 horas para cada refeição, por exemplo.

1. Na boca e faringe

Na boca, os dentes trituram e esmagam os alimentos ingeridos em partículas menores e o bolo alimentar formado é umedecido pela saliva. Além disso, há liberação de uma enzima digestiva, a amilase salivar ou ptialina, que inicia a digestão do amido constituinte dos carboidratos. A digestão do amido na boca pela ação da amilase é mínima e sua atividade é inibida no estômago devido a presença de substâncias ácidas.

O bolo alimentar atravessa a faringe, sob controle voluntário, e esôfago, sob controle involuntário, chegando ao estômago, onde é misturado a secreções gástricas.

2. No estômago

No estômago, as secreções produzidas são ricas em ácido clorídrico e enzimas e são misturadas ao alimento. Na presença do alimento no estômago, a pepsina, que é uma das enzimas presentes no estômago, é secretada em sua forma inativa (pepsinogênio) e convertida em pepsina pela ação do ácido clorídrico. Essa enzima desempenha papel fundamental no processo de digestão das proteínas, alterando sua forma e tamanho. Além da produção de pepsina, há também a produção, em menor quantidade, de lipase, que é uma enzima responsável pela degradação inicial de lipídeos.

As secreções gástricas também são importantes para aumentar a disponibilidade e absorção intestinal de vitamina B12, cálcio, ferro e zinco.

Após processamento do alimento pelo estômago, o bolo alimentar é liberado em pequenas quantidades no intestino delgado de acordo com as contrações do estômago. No caso de refeições líquidas, o esvaziamento gástrico dura em torno de 1 a 2 horas, enquanto que para refeições sólidas dura cerca de 2 a 3 horas e varia de acordo com o volume total e das características do alimento ingerido.

3. No intestino delgado

O intestino delgado é o principal órgão de digestão e absorção dos alimentos e nutrientes e é dividido em três porções: duodeno, jejuno e íleo. Na parte inicial do intestino delgado, ocorre a digestão e absorção da maior parte dos alimentos ingeridos devido ao estímulo da produção de enzimas pelo próprio intestino delgado, pâncreas e vesícula biliar.

A bile é secretada pelo fígado e pela vesícula biliar e facilita a digestão e a absorção de lipídeos, colesterol e vitaminas lipossolúveis. O pâncreas é responsável por secretar enzimas que são capazes de digerir todos os principais nutrientes. As enzimas produzidas pelo intestino delgado reduzem os carboidratos de menor peso molecular e peptídeos de tamanho médio e grande, além dos triglicerídeos.

A maior parte do processo digestivo é completada no duodeno e na parte superior do jejuno, e a absorção da maioria dos nutrientes está quase toda completa no momento em que o material chega ao meio do jejuno. A entrada de alimentos parcialmente digeridos estimula a liberação de vários hormônios e, consequentemente, de enzimas e líquidos que interferem na motilidade gastrointestinal e na saciedade.

Ao longo do intestino delgado quase todos os macronutrientes, vitaminas, minerais, oligoelementos e líquidos são absorvidos antes de chegar ao cólon. O cólon e o reto absorvem a maior parte do fluido restante vindo do intestino delgado. O cólon absorve eletrólitos e uma pequena quantidade de nutrientes restantes.

As fibras remanescentes, amidos resistentes, açúcar e aminoácidos são fermentados pela borda em escova do cólon, resultando em ácidos graxos de cadeia curta e gás. Os ácidos graxos de cadeia curta ajudam a manter a função normal da mucosa, liberam uma pequena quantidade de energia de alguns dos carboidratos e aminoácidos residuais e facilitam a absorção do sal e da água.

O conteúdo intestinal demora de 3 a 8 horas para chegar até a válvula ileocecal, que serve para limitar a quantidade de material intestinal que passa do intestino delgado para o cólon e impede seu retorno.

O que pode interferir na digestão

Vários são os fatores que podem fazer com que a digestão não seja realizada da forma correta, resultando em consequências para a saúde da pessoa. Alguns dos fatores que podem afetar a digestão são:

  • Quantidade e composição do alimento ingerido, isso porque dependendo da característica do alimento o processo de digestão pode ser mais rápido ou mais lento, o que pode influenciar na sensação de saciedade, por exemplo.
  • Fatores psicológicos, como aparência, cheiro e sabor do alimento. Isso porque essas sensações aumentam a produção de saliva e das secreções do estômago, além de favorecer a atividade muscular do SGI, fazendo com que o alimento seja pouco digerido e absorvido. No caso de emoções negativas, como medo e tristeza, por exemplo, ocorre o inverso: há diminuição na liberação de secreções gástricas bem como redução dos movimentos peristálticos do intestino;
  • Microbiota digestiva, que pode sofrer interferência devido ao uso de medicamentos como antibióticos, induzindo a resistência bacteriana, ou a situações que levem à diminuição da produção de ácido clorídrico pelo estômago, o que pode resultar em gastrite.
  • Processamento alimentar, visto que a forma como o alimento é consumido pode interferir na velocidade da digestão. Os alimentos cozidos normalmente são digeridos de forma mais rápida do que os que são consumidos crus, por exemplo.

Caso seja notado algum sintoma relacionado ao sistema gastrointestinal, como excesso de gases, azia, sensação de inchaço abdominal, prisão de ventre ou diarreia, por exemplo, é importante ir ao gastroenterologista para que sejam feitos exames com o objetivo de identificar a causa dos sintomas e iniciar o melhor tratamento.