Distúrbio alimentar seletivo: o que é, sintomas e tratamento

Atualizado em dezembro 2021

O distúrbio alimentar seletivo é um transtorno alimentar relativamente comum da infância, que acontece quando a criança come sempre os mesmos alimentos, rejeitando todas as outras opções fora do seu padrão de aceitação. Assim, é comum a criança gostar de comer sempre as mesmas refeições, rejeitando alimentos novos, e apresentando dificuldade para comer em restaurantes e na casa de outras pessoas.

Muitas vezes este distúrbio é visto pelos pais como sendo uma birra da criança e, por isso, acaba sendo desvalorizado. No entanto, se acontecer muito recorrentemente, deve ser avaliado pelo pediatra ou por um psicólogo, que poderá confirmar ou descartar a possibilidade de existir algum tipo de transtorno.

A recusa alimentar é comum nas crianças entre os 2 e os 6 anos de idade, e por isso não deve ser um motivo de preocupação excessiva. É normal os pais precisarem "negociar" a introdução de um novo alimento, no entanto, quando este comportamento parece exagerado e a criança só come as mesmas comidas é indicada uma avaliação mais detalhada. Veja como fazer uma introdução alimentar gradual.

Imagem ilustrativa número 3

Principais sintomas

Alguns sinais e sintomas que podem ajudar a identificar este tipo de distúrbio são:

  • Comer sempre as mesmas comidas, comendo no máximo 15 alimentos diferentes;
  • Evitar grupos alimentares inteiros, como o grupo do leite e derivados ou todas as frutas;
  • Fechar a boca com força para evitar de qualquer maneira a ingestão de um alimento diferente;
  • Fazer birras na hora das refeições, tornando o momento estressante para toda família;
  • Apresentar náuseas e vômitos ao se deparar com a necessidade de comer novos alimentos;
  • Preferir somente alimentos frios ou mornos;
  • Preferir alimentos com sabor suave como os de cor clara como leite, pão, macarrão;
  • Não tolerar o cheiro de determinado alimento, tendo que se retirar da cozinha ou da sala, e apresentar ânsia de vômito.

Estes sinais e sintomas podem persistir até a idade adulta quando o distúrbio não é diagnosticado adequadamente e tratado, causando tensão e brigas constantes as refeições.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico deste tipo de transtorno alimentar é feito com base na história clínica dos sinais e sintomas apresentados, que deve ser levada ao pediatra e/ ou psicólogo infantil para avaliar a gravidade da rejeição alimentar. Fazer um diário alimentar durante 1 semana, além dos sentimentos demonstrados ao comer os alimentos, é uma boa forma de começar a entender o problema. 

Além disso, o médico também irá verificar a presença de outros problemas que possam levar à rejeição da alimentação, como dificuldades para mastigar e deglutir, alergias alimentares e problemas gastrointestinais. Nem sempre a criança apresenta baixo peso ou problemas de desenvolvimento, mas pode ter dificuldade na escola com mau rendimento escolar, além de pele seca e cabelos e unhas fracas, devido a falta de nutrientes devido a alimentação pouco variada. 

Principais causas

A recusa alimentar exagerada e persistente pode ser causada por problemas psicológicos, fobias sociais, e alterações do paladar como o 'super paladar'. Dificuldade para mastigar, engolir ou sentir mal-estar no estômago ou dor na barriga também podem influenciar nesse distúrbio. 

Como é feito o tratamento

O tratamento para que a criança possa comer de tudo normalmente é feito com acompanhamento médico e tratamento psicológico, onde são feitas estratégias para melhorar o ambiente das refeições e estimular a criança a experimentar novos alimentos, através da terapia cognitiva comportamental. Algumas estratégias que podem ajudar a variar a alimentação infantil são:

  • Diminuir o estresse e as brigas durante as refeições, promovendo um ambiente calmo e tranquilo e não deixar a criança de castigo caso ela não queira comer;
  • Não desistir de servir novos alimentos para a criança, mas sempre colocar no prato pelo menos 1 alimento que ela goste e come naturalmente, que pode ter sido escolhido por ela;
  • Oferecer o mesmo alimento variando a forma de preparação, apresentação e textura. Por exemplo: oferecer batata assada, batata cozida em rodelas ou em pedaços regada com azeite, não exatamente o mesmo que purê de batata;
  • Oferecer alimentos novos e comer estes alimentos na frente da criança mostrando como eles são saborosos, porque este hábito favorece a aceitação da criança; 
  • Confiar nas escolhas da criança e deixá-la livre para comer a quantidade que quiser durante as refeições;
  • Mostrar características similares entre alguns alimentos que a criança aceita e outros novos, para encorajá-la a experimentá-los, como por exemplo: abóbora tem a mesma cor da cenoura, o gosto da couve é parecido com espinafre...

Assista o vídeo seguinte e confira estas e outras dicas que podem ajudar a criança a comer melhor:

Além disso, caso a criança apresente problemas no desenvolvimento da mastigação, da fala, deglutição ou problemas gastrointestinais, o acompanhamento com profissionais como fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional também será necessário porque serão implementadas técnicas específicas que podem ser usadas para melhorar a experiência da criança com os alimentos.

Sinais de alerta para ir ao médico

O distúrbio da alimentação seletiva pode trazer problemas graves para a criança, destacando-se principalmente o atrasado do crescimento e no desenvolvimento devido à falta de nutrientes e calorias adequadas. Assim, a criança pode estar um pouco menor e mais leve do que deveria, embora isso nem sempre seja uma característica que chame muito a atenção dos pais. A falta de vitaminas e minerais também podem acarretar sangramentos gengivais, fraqueza nos ossos, olhos ressecados e problemas de pele.

Além disso, o excesso de um mesmo nutriente, obtido pelo consumo excessivo de um mesmo alimento, também pode trazer problemas de saúde como coceira, cansaço, fraqueza e dor nas articulações. Por isso, se estes sintomas estiverem presentes pode ser necessário fazer um exame de sangue para identificar a carência ou excesso de algum nutriente, que pode necessitar de medicamentos.

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