Aborto de repetição: 5 principais causas (e exames a fazer)

O aborto de repetição é definido como a ocorrência de três ou mais interrupções involuntárias consecutivas da gravidez antes da 22ª semana de gestação, cujo risco de ocorrer é maior nos primeiros meses de gestação e aumenta com o avançar da idade.

Foto doutora realizando uma consulta
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São várias as causas que podem estar na origem da ocorrência de sucessivos abortos, por isso, deve ser feita uma avaliação do casal, devem ser realizados exames ginecológicos e genéticos e deve ainda ser feita uma avaliação da história familiar e clínica, de forma a perceber o que está na origem do problema.

A ocorrência de um aborto é uma experiência traumática, que pode conduzir a sintomas de depressão e ansiedade e, por isso, as mulheres que sofrem de abortos seguidos, também devem ser devidamente acompanhadas por um psicólogo.

Imagem ilustrativa número 1

Algumas das causas mais frequentes do aborto de repetição são:

1. Alterações genéticas

As anomalias cromossômicas fetais são a causa mais comum de aborto espontâneo antes das 10 semanas de gravidez e a probabilidade de ocorrerem aumenta com a idade materna. Os erros mais comuns são a trissomia, poliploidia e monossomia do cromossoma X.

O exame de análise citogenética deve ser realizado sobre os produtos de concepção a partir da terceira perda consecutiva. Caso este exame revele anomalias, deve-se proceder à análise do cariótipo através do sangue periférico de ambos os elementos do casal.

2. Anomalias anatômicas

As anomalias uterinas, como malformações müllerianas, miomas, pólipos e sinéquias uterinas, podem também estar associadas a aborto recorrente. Saiba como identificar alterações no útero.

Todas as mulheres que sofrem de aborto de repetição devem ser submetidas a um exame da cavidade uterina, através de ecografia pélvica com sonda transvaginal 2D ou 3D e histerossalpingografia, que podem ser complementadas com endoscopia.

3. Alterações endócrinas ou metabólicas

Algumas das alterações endócrinas ou metabólicas que podem estar na origem de aborto de repetição são:

  • Diabetes: Em alguns casos, mulheres com diabetes não controlada têm um elevado risco de perda e malformação fetal. No entanto, se a diabetes mellitus estiver bem controlada, não é considerada um fator de risco para aborto;
  • Disfunção da tireoide: Assim como no caso da diabetes, mulheres com distúrbios da função tiroideia não controlada, têm também um risco aumentado de sofrer de um aborto espontâneo;
  • Alterações na prolactina: A prolactina é um hormônio com grande importância para a maturação endometrial. Assim, caso este hormônio esteja muito alto ou muito baixo, o risco de aborto espontâneo também está aumentado;
  • Síndrome do ovário policístico: A síndrome do ovário policístico tem sido associado a um risco aumentado de aborto espontâneo, mas ainda não se sabe ao certo qual o mecanismo que está envolvido. Saiba como identificar e tratar o ovário policístico;
  • Obesidade: A obesidade está associada a um aumento significativo do risco de perda espontânea da gravidez no primeiro trimestre;
  • Alterações na fase lútea e deficiência de progesterona: Um corpo lúteo funcional é essencial para que a implantação se dê com sucesso e para a manutenção da gravidez na sua face inicial, devido à sua importante função na produção de progesterona. Assim, alterações na produção deste hormônio podem também levar à ocorrência de um aborto espontâneo.

Saiba o que é o corpo lúteo e qual a sua relação com a gravidez.

4. Trombofilias

As trombofilias são doenças que provocam alterações na coagulação do sangue e que aumentam a chance de formar coágulos sanguíneos e causar tromboses, que podem impedir a implantação do embrião no útero ou provocar abortos. Geralmente, as trombofilias não são detectadas em exames de sangue comuns.

Saiba como lidar com a trombofilia na gravidez.

5. Causas imunológicas

Durante a gestação, o embrião é considerado um corpo estranho pelo organismo da mãe, geneticamente diferente. Para isso, o sistema imune materno tem que se adaptar para não rejeitar o embrião. No entanto, em alguns casos, isto não acontece, levando à ocorrência de abortos ou à dificuldade para engravidar.

Existe um exame chamado de cross-match, que pesquisa a presença de anticorpos contra linfócitos paternos no sangue da mãe. Para realizar este exame, retiram-se amostras de sangue do pai e da mãe e, em laboratório, realiza-se uma prova cruzada entre os dois, para identificar a presença de anticorpos.

Além disso, o consumo de álcool e tabaco também poderão estar associados ao aborto de repetição, uma vez que influenciam negativamente a gravidez 

Embora na maior parte dos casos se possam determinar as causas do aborto de repetição, existem situações que permanecem sem explicação.