A cirurgia para o refluxo gastroesofágico é indicada quando o tratamento com medicamentos e cuidados alimentares não traz resultados, e começam a surgir complicações como úlceras ou o desenvolvimento do esôfago de Barrett, por exemplo.
A cirurgia para o refluxo pode ser feita utilizando técnicas diferentes, sendo a mais comum a fundoplicatura de Nissen por laparoscopia, em que o médico cria uma válvula anti-refluxo, ao envolver a parte superior do estômago em volta do esôfago, o que ajuda a evitar que o ácido do estômago suba para o esôfago.
Esta cirurgia é feita com anestesia geral e por meio de pequenos cortes no abdômen, e a recuperação total leva cerca de 2 meses, sendo necessário nas primeiras semanas se alimentar apenas com líquidos, o que pode levar a um emagrecimento leve.
Quando é indicada
A cirurgia para refluxo gastroesofágico é indicada nas seguintes situações:
- Falha no tratamento médico com remédios e cuidados alimentares;
- Dependência do uso de medicamentos para o controle dos sintomas do refluxo;
- Dificuldade de aderir ao tratamento com medicamentos ou desenvolvimento de efeitos colaterais aos remédios;
- Complicações como úlceras no esôfago, esofagite grave ou esôfago de Barrett;
- Episódios repetidos de pneumonia por aspiração do ácido do estômago;
- Asma relacionada ao refluxo gastroesofágico.
Além disso, a indicação para realizar a cirurgia também depende do tempo que a pessoa tem refluxo, intensidade e frequência dos sintomas e vontade da pessoa em realizar a cirurgia para resolver a condição. Confira quais as opções de tratamento para o refluxo, antes da cirurgia.
Como se preparar
Para se preparar para a cirurgia de refluxo gastroesofágico é recomendado fazer jejum absoluto por cerca de 8 horas, iniciado à meia noite da noite anterior à cirurgia. No entanto, deve-se tomar os remédios de uso habitual normalmente com um pouco de água e o antibiótico receitado pelo médico.
Antes de realizar a cirurgia, o médico irá solicitar exames de risco cirúrgico e exames de sangue para avaliar o estado de saúde geral. Veja quais exames devem ser feitos para o risco cirúrgico.
Além disso, para se preparar para a cirurgia de refluxo é importante esclarecer com o médico todas as dúvidas sobre a cirurgia e a recuperação, além de informar todos os medicamentos, vitaminas e suplementos nutricionais que toma com frequência. Deve-se informar também se tem alguma alergia ou outro problema de saúde.
Em alguns casos, o médico pode recomendar interromper o tratamento com anticoagulantes alguns dias antes da cirurgia, para evitar sangramento.
É recomendado também não fumar por pelo menos 4 a 6 semanas antes da cirurgia, e nem consumir bebidas alcoólicas antes da cirurgia de refluxo.
Como é feita a cirurgia
A cirurgia para refluxo é feita no hospital por um cirurgião do aparelho digestivo, sob anestesia geral. Por isso, antes de iniciar a cirurgia, é administrado soro fisiológico na veia, pelo enfermeiro, para que o anestesista faça a anestesia geral e também para hidratar e administrar medicamentos.
Normalmente, a cirurgia é feita por laparoscopia, na qual são inseridos tubos finos através de pequenos cortes na pele. O médico consegue observar o interior do corpo e fazer a cirurgia através de uma câmera colocada na ponta de um dos tubos. Entenda como é feita a laparoscopia.
Durante a cirurgia, o médico envolve a parte superior do estômago em volta do esôfago, criando uma válvula anti-refluxo, o que reforça o esfíncter esofágico, para evitar que o ácido do estômago suba até o esôfago. Além disso, o médico também pode corrigir a hérnia de hiato, que é uma das causas de refluxo gastroesofágico.
Como é a recuperação
A recuperação da cirurgia para refluxo é rápida, com pouca dor e poucos riscos de infecção, e em geral a pessoa recebe alta 1 dia após a cirurgia e pode voltar ao trabalho após 1 ou 2 semanas. No entanto, para uma recuperação mais rápida, recomenda-se:
- Evitar dirigir por pelo menos 10 dias;
- Evitar ter contato íntimo nas 2 primeiras semanas;
- Não levantar pesos e retomar os exercícios físicos apenas após 1 mês ou depois da liberação do médico;
- Fazer pequenas caminhadas em casa ao longo do dia, evitando ficar sentado ou deitado por muito tempo.
Além disso, é recomendado voltar no hospital ou ir no posto de saúde para tratar as feridas da cirurgia. Nos primeiros 2 dias é importante tomar banho apenas com uma esponja para evitar molhar os curativos, pois aumenta o risco de infecção.
Durante a recuperação, o médico também pode recomendar o uso de antibióticos, anti-inflamatórios ou analgésicos, para reduzir o desconforto.
O que comer após a cirurgia
Devido à dor e à dificuldade de engolir, é aconselhado seguir este tipo de esquema:
- Se alimentar apenas com líquidos durante a 1ª semana, podendo se estender até a 2ª semana, de acordo com a tolerância do paciente;
- Passar para dieta pastosa a partir da 2ª ou 3ª semana, com ingestão de alimentos bem cozidos, purês, carne moída, peixe e frango desfiado;
- Iniciar aos poucos uma alimentação normal, de acordo com a tolerância e a liberação do médico;
- Evitar bebidas com gás durante os primeiros meses, como refrigerantes e água gaseificada;
- Evitar alimentos que produzem gás no intestino, como feijão, repolho, ovo, ervilha, milho, brócolis, cebola, pepino, nabo, melão, melancia e abacate;
- Comer e beber lentamente, para evitar empachamento e dor no estômago;
- Mastigar bem os alimentos e comer em pequenas quantidades.
A sensação de dor e de estômago cheio pode levar à perda de peso devido à redução da quantidade de alimentos ingeridos ou dificuldade para engolir, que melhora em algumas semanas.
Além disso, também é comum sentir soluços e excesso de gases, podendo ser necessário tomar remédios como simeticona, para reduzir esses sintomas. Veja mais detalhes sobre a alimentação para refluxo.
Possíveis complicações
A cirurgia para refluxo é bastante segura, especialmente quando feita por laparoscopia, no entanto, podem surgir algumas complicações, como:
- Sangramento;
- Trombose nos membros inferiores;
- Embolia pulmonar;
- Infecção no local do corte;
- Formação de hérnia no local dos cortes;
- Formação de cicatriz com queloides;
- Perfuração do estômago ou do esôfago;
- Lesões nos órgãos próximos do estômago, como baço ou fígado;
- Pneumotórax;
- Reações alérgicas à anestesia.
Dependendo da gravidade, essas complicações podem levar à necessidade de a pessoa ser operada novamente através de cirurgia convencional, feita com um corte grande no abdômen, ao invés do procedimento por laparoscopia.
Sinais de alerta para ir ao médico
Além da consulta de retorno, deve-se procurar o médico se houver febre acima de 38ºC, dor intensa, vermelhidão, sangue ou pus nas feridas, náuseas e vômitos frequentes, cansaço e falta de ar frequente e/ou dor abdominal e inchaço persistente.
Esses sintomas podem indicar complicações da cirurgia, sendo recomendado ir para o atendimento de emergência para tratar e prevenir maiores complicações.