Traqueostomia é um pequeno orifício que é feito na garganta, sobre a região da traqueia, onde é inserido um tubo para facilitar a entrada de ar nos pulmões quando a via normal da respiração tem algum bloqueio ou existe redução da passagem do ar. Em alguns casos, o tubo da traqueostomia pode estar ligado a uma máquina para fornecer oxigênio.
Geralmente, a traqueostomia é feita no hospital pelo médico e é indicada nos casos de tumor na garganta, paralisia devido a problemas neurológicos, lesão traumática no rosto ou pescoço, reações anafiláticas ou infecção grave pela COVID-19, por exemplo, podendo ser mantida apenas durante alguns dias ou por toda a vida, de acordo com a causa.
Caso seja necessário manter a traqueostomia por muito tempo, é importante saber cuidar corretamente, para evitar complicações graves como asfixia ou até uma infecção pulmonar. Estes cuidados podem ser feitos pelo cuidador, quando a pessoa está acamada, ou pela própria pessoa, quando se sente capaz.
Para que serve
A traqueostomia é indicada para facilitar a entrada de ar nos pulmões ou para fornecer oxigênio, ajudando a manter a respiração e as vias pulmonares abertas.
A traqueostomia geralmente é indicada nas seguintes situações:
- Malformações congênitas da laringe;
- Presença de corpo estranho nas vias respiratórias superiores;
- Trauma ou preparo para cirurgias de cabeça e pescoço;
- Câncer de garganta, laringe, faringe ou da parte superior da traqueia;
- Paralisia das cordas vocais;
- Intubação orotraqueal prolongada, geralmente mais de 1 ou 2 semanas;
- Edema de glote devido a queimaduras, infecções ou reação anafilática;
- Síndrome da apneia obstrutiva do sono.
Além disso, a traqueostomia também pode ser indicada para aspirar e limpar as vias aéreas nos casos de paralisia ou problemas neurológicos que tornam difícil a pessoa tossir e eliminar o muco da garganta ou traqueia.
A traqueostomia pode ainda ser indicada para pessoas internadas com infecção grave pela COVID-19, em utilização de ventilação mecânica. Veja como é feito o tratamento para a COVID-19.
Leia também: Ventilação mecânica: o que é, para que serve, tipos e riscos tuasaude.com/ventilacao-mecanicaComo é feita a traqueostomia
A traqueostomia é feita através de uma cirurgia no hospital com anestesia geral, embora em alguns casos o médico também possa optar por anestesia local, de acordo com a dificuldade e duração do procedimento.
Depois, é feito um pequeno corte na garganta para expor a traqueia e é feito um novo corte na cartilagem da traqueia, para permitir a passagem do tubo de traqueostomia. Por fim, numa primeira fase ou caso a pessoa apenas precise da traqueostomia no hospital, podem também ser ligadas máquinas para ajudar na respiração.
Embora se possa ir para casa com uma traqueostomia, este procedimento geralmente é mais utilizado em pessoas com problemas mais graves que precisam ficar internadas por muito tempo na UTI, por exemplo.
Cuidados com a traqueostomia
Para evitar o risco de complicações graves é importante manter o tubo da traqueostomia, conhecido como cânula, sempre limpo e sem secreções, assim como trocar todos os componentes da traqueostomia, segundo as orientações do médico.
Além disso, é fundamental observar se o local da traqueostomia se encontra vermelho, inchado ou liberando algum tipo de líquido, porque se apresentar estes sinais pode indicar o surgimento de uma infecção, que deve ser imediatamente informada ao médico.
1. Como manter a cânula limpa
Para manter a cânula da traqueostomia limpa e sem secreções, que podem provocar asfixia ou infecções, deve-se:
- Calçar luvas limpas;
- Retirar a cânula interior e colocá-la em um recipiente com água e sabão por 5 minutos;
- Aspirar o interior da cânula externa com um aspirador de secreções. Caso não se tenha um aspirador de secreções, pode-se injetar 2 mL de soro fisiológico para o interior da cânula externa, se a pessoa conseguir tossir, para provocar a tosse e retirar as secreções acumuladas nas vias respiratórias;
- Colocar uma cânula interior limpa e esterilizada;
- Esfregar a cânula interna suja que foi retirada, por dentro e por fora, usando uma esponja ou um escovilhão;
- Colocar a cânula suja em água fervente por cerca de 10 minutos;
- Secar a cânula com compressas esterilizadas e guardar em um recipiente desinfectado com álcool, para ser utilizada na próxima troca.
A cânula exterior da traqueostomia só deve ser trocada por um profissional de saúde, pois existe grande risco de o buraco da traqueostomia fechar e provocar asfixia. Assim, deve-se ir ao hospital pelo menos 1 vez por semana para trocar todo o conjunto da traqueostomia, ou conforme indicação do médico.
2. Como trocar a superfície almofadada
A superfície almofadada da traqueostomia, que protege o contato do tubo diretamente com a pele, deve ser trocada sempre que estiver suja ou molhada. Após remover a superfície almofadada suja deve-se limpar a pele à volta da traqueostomia com um pouco de soro fisiológico e passar um pouco de creme hidratante sem perfume.
Para colocar uma nova almofada, pode-se utilizar almofadas próprias para traqueostomia, como mostra a primeira imagem, ou utilizar 2 compressas limpas com um corte no topo, como mostra a imagem.
Sinais de alerta para ir no médico
Alguns sinais que indicam que se deve ir imediatamente ao hospital ou pronto-socorro são:
- Dificuldade de respirar através do tubo;
- Dor ou desconforto na traqueostomia;
- Entupimento da cânula externa por secreções;
- Saída acidental da cânula externa;
- Mudança na posição do tubo;
- Presença de catarro com sangue;
- Sangramento no local da traqueostomia;
- Presença de sinais de infecção, como vermelhidão ou inchaço na pele em volta da traqueostomia.
Quando a pessoa apresenta apenas uma ligeira sensação de falta de ar pode-se experimentar retirar a cânula interior e limpá-la adequadamente. Porém, caso o sintoma se mantenha, deve-se ir imediatamente ao pronto-socorro.
Possíveis complicações
A traqueostomia geralmente é segura, mas como é um procedimento cirúrgico, pode apresentar algumas complicações que podem ocorrer durante ou logo após a cirurgia como:
- Sangramento;
- Edema pulmonar;
- Danos na traqueia, na glândula tireóide ou nos nervos do pescoço;
- Colocação incorreta ou deslocamento do tubo;
- Enfisema subcutâneo, que consiste no ar ficar preso sob a pele do pescoço;
- Pneumotórax que é o acúmulo de ar entre a parede do tórax e os pulmões;
- Formação de hematoma no pescoço que pode comprimir a traqueia.
Essas complicações são maiores quando a traqueostomia é realizada devido a alguma emergência médica, pois deve ser feita rapidamente e com os materiais disponíveis, como nos casos de edema de glote, por exemplo.