Crises do bebê: 3, 6, 8 e 12 meses

Durante o primeiro ano de vida, o bebê tende a passar por 4 crises de desenvolvimento, aos 3, 6, 8 e 12 meses, e são consideradas normais e estão relacionadas com alguns "saltos mentais", ou seja, momentos em que a mente do bebê desenvolve rapidamente.

Essas crises são marcadas por alterações no comportamento do bebê, que podem ser percebidas através de mudanças nas mamadas, alterações do sono, dificuldade para dormir, chorro excessivo ou irritação, por exemplo. 

Nessas fases de crises, é importante manter a amamentação principalmente nos primeiros 6 meses de vida da criança, além de criar rotinas para o sono e alimentação, de forma que o bebê se sinta confortável, seguro e protegido, levando em consideração que cada família tem sua estrutura, características e possibilidades e, por isso, deve adequar-se de acordo com elas.

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Crise dos 3 meses

A crise dos 3 meses dura, em média, 15 dias e tem alguns sinais marcantes como:

1. Mudança nas mamadas

Aos 3 meses pode ocorrer a “crise da amamentação” em que a mãe pode sentir que o bebê não quer mais mamar e que seu seio já não é tão cheio como antes. 

Mas, o que acontece é que o bebê já consegue sugar melhor o peito e esvaziá-lo com mais rapidez, reduzindo o tempo das mamadas para 3 à 5 minutos. Além disso, o peito já não deixa mais tanto leite em estoque, produzindo no momento e de acordo com a demanda. 

Nessa fase, muitas mães iniciam a suplementação por achar que não estão oferecendo leite suficiente para a criança, o que leva a falta de estímulo e assim ao desmame precoce.

O que fazer: é orientado que a mãe insista em amamentar pois seu corpo é capaz de produzir a quantidade necessária de leite que a criança precisa. Logo, se a pega do bebê está correta e os seios não doem nem apresentam fissuras, não há indicativos de que o bebê está a mamar mal e, dessa forma, não se deve parar a amamentação. 

Um ponto a ser observado é que nessa fase a criança se distrai mais facilmente, logo, buscar amamentar em lugares tranquilos pode ajudar.

2. Alterações no comportamento e no sono

O bebê nessa fase tende a acordar mais vezes durante a noite, fato que muitas mães associam à mudança nas mamadas e entendem que é fome. 

Logo, quando a criança chora a mãe lhe oferece o peito, quando tenta largar a criança chora e os dois ficam num vai e vem, isso acontece porque o bebê mama mesmo sem fome, pois se sente seguro junto da mãe, como quando entendia que os dois eram um só.

Como esse é o momento em que o bebê começa a descobrir o mundo, fica mais ativo e sua visão melhora, tudo é novidade e motivo de agitação e ele já entende que ao chorar terá suas necessidades atendidas, gerando ansiedade e as vezes irritabilidade. 

O que fazer: considerando que é uma fase de ajustes completamente normal do desenvolvimento e muito importante para o crescimento, os pais devem tentar ficar calmos e manter um ambiente tranquilo para a ajudar o bebê a passar por isso, já que em alguns dias a rotina voltará ao normal. Não se deve medicar a criança nessa fase.

Outros métodos que podem auxiliar durante essa crise incluem dar muito colo ao bebê e aplicar o método canguru, contar histórias mostrando desenhos coloridos em livros, entre outras ações que demonstrem contato e atenção. Veja aqui o que é o método Canguru e como fazer.

Porque acontece

A crise dos 3 meses acontece porque até esse momento, para o bebê, ele e a mãe são uma única pessoa, como se fosse uma gestação fora do útero. Essa fase pode ser descrita ainda como um segundo nascimento, sendo que o primeiro, biológico, foi no dia do parto e com a chegada dos 3 meses acontece o nascimento psicológico. 

Nessa etapa o bebê começa a interagir mais, a olhar nos olhos, imitar gestos, brincar e reclamar. 

A crise dos 3 meses acontece justamente porque a criança tem a percepção de que não está mais presa na mãe, entende que não faz parte dela, a vê como um outro ser e precisa chamá-la para ter o que necessita, podendo gerar ansiedade no bebê, podendo ser percebida por mais momentos de choro. 

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Crise dos 6 meses

Alguns sinais da crise dos 6 meses são:

1. Dificuldade para dormir 

Dos 6 aos 8 meses pode ocorrer a fase de “regressão do sono” em que o bebê pode acordar mais vezes durante o sono, ter dificuldade para dormir ou voltar ao dormir ou ter cochilos mais longos durante o dia.

Além disso, é comum o bebê chorar mais e acordar mais agitado.

O que fazer: é importante criar uma rotina para dormir, como dar um banho morno ou fazer uma massagem relaxante antes de dormir, reduzir a luz do quarto ou cantar uma cação de ninar, por exemplo.

Essa rotina é importante para sinalizar ao bebê que é hora de dormir, deixando-o mais relaxado e calmo para dormir a noite toda. Veja outras dicas para fazer o bebê dormir a noite toda.  

3. Irritação

Até os 6 meses, o bebê reconhecia apenas a mãe, até pelo vínculo estabelecido da amamentação, mesmo que o pai seja ativo desde o nascimento do bebê.

Nessa fase, o bebê passa a reconhecer o pai, o que pode iniciar a crise, que pode ser percebida como agitação e irritação, choro excessivo e alterações no sono e no humor. 

Para confundir um pouco, o início do nascimento dos dentinhos muitas vezes acontece nesse período e as duas fases podem se confundir, já que a dentição também causa incômodo e a criança pode ficar mais agitada e irritada, além de poder causar diarreia e até febre. Veja os sintomas do nascimento dos primeiros dentinhos.

O que fazer: esse é o momento da mãe dar espaço e do pai se fazer presente na vida da criança, além de apoiar e ajudar a mãe. A mãe deve se policiar para não sentir culpa ou ciúmes, já que necessita aumentar a rede de contatos do bebê. 

Ainda, segundo alguns especialistas, a adaptação do bebê à creche fica mais fácil se feita antes dos 8 meses, já que nesse período ainda não sente tanto a ausência dos pais. Confira mais sobre o desenvolvimento do bebê de 6 meses.

Porque acontece

Entre os 5 e 6 meses da criança acontece a formação do triângulo familiar e é nesse momento que a criança percebe que existe uma figura paterna. 

Por mais que o pai seja ativo desde o nascimento, a relação do bebê não tem o mesmo significado que tem com a mãe, sendo que só por volta dos seis meses esse reconhecimento acontece e, então, começa a crise. 

A crise dos 6 meses também acontece para a mãe e muitas vezes afeta mais ela do que a própria criança, a qual deve lidar com a entrada do pai na relação e, muitas vezes, é nesse período que muitas mulheres voltam a trabalhar, intensificando a crise. 

Crise dos 8 meses

A crise dos 8 meses dura mais tempo, cerca de 3 a 4 semanas, sendo os principais sinais:

1. Choro excessivo

O choro excessivo ou a irritação aos 8 meses pode ser causado pela ansiedade da separação, caracterizada pelo medo dos pais desaparecerem e não voltar mais, mesmo que seja para uma ida ao banheiro ou quando deixam o bebê no berço à noite para dormir.

Além do choro excessivo, o bebê pode apresentar necessidade de atenção e do colo dos pais o tempo todo, podendo ficar agitado até que um dos pais o pegue no colo. 

Em algumas crianças essa crise pode acontecer já no 6º mês ou para outras no 9º, mas geralmente acontece no 8º mês e é considerada a crise da separação, angústia ou medo de estranhos, onde a personalidade do bebê pode mudar muito. 

O que fazer: para ajudar a reduzir a ansiedade da separação, pode-se oferecer um objeto ao bebê para que se sinta mais seguro, tranquilo e confortável, como um cobertor ou um brinquedo que o bebê goste. 

Como o objeto não desaparece, a mãe, mesmo que se ausente, não desaparecerá. Ainda, outra dica é que mãe sempre abrace o objeto e depois o deixe com a criança, para que ela sinta o cheiro da mãe e não se sinta desamparada.

Além disso, é importante acalmar o bebê, deixando-o seguro e confortável, passando a mão em sua cabeça e conversando em voz baixa até que o bebê relaxe e durma.

2. Regressão do sono

A fase de regressão do sono que pode ocorrer aos 6 meses, pode ser mais forte aos 8 meses, com o bebê apresentando uma forte quebra do padrão de sono, acordando a noite toda e despertando assustada e com choro intenso. 

Os outros sinais incluem agitação e perda da vontade de se alimentar, sendo mais intensos do que nas outras crises. Entretanto, como essa fase depende da personalidade de cada criança, também é comum que alguns bebês passem pela crise de forma tranquila.

O que fazer: muitos casais levam o filho para dormir na mesma cama com eles, mas essa prática não é o ideal porque os pais não dormem tranquilamente por medo de machucar a criança. 

Quando a criança tem crise de choro à noite é preferível que seja a mãe a acalmar a criança, porque quando a mãe sai, a criança tem o pensamento de que ela não voltará mais. Isso ajuda ela a entender que a presença da mãe pode ser seguida de ausências. Veja como acalmar o bebê para dormir.

Como nas outras fases, é importante dar carinho e atenção à criança para tranquilizá-la de sua angustia, além de sempre se despedir do bebê para deixar mais claro que voltará e ele não ficará abandonado. Um bom exemplo de brincadeira nessa fase é o esconde-esconde.

Porque acontece

A crise dos 8 meses acontece acontece porque o bebê passa a ser separado da mãe mais vezes e, na cabeça dele, entende que ela não vai voltar, levando a sensação de abandono. 

Crise dos 12 meses

Na crise dos 12 meses, os principais sinais são:

1. Irritação e choro

Aos 12 meses, normalmente, o bebê já começou a dar os primeiros passos, podendo ficar irritado ou choroso quando quer alcançar um objeto ou se deslocar para algum lugar e não consegue. 

O que fazer: deve-se estimular a criança a se movimentar, amparar, acompanhar e dar apoio, mas nunca forçar, já que a criança começará a caminhar quando achar que pode e quando o cérebro e as perninhas colaborarem. Mesmo assim, às vezes a criança quer e não consegue, o que a deixa angustiada. 

É aconselhado que o ambiente seja saudável, acolhedor e tranquilo, e mesmo que essa fase possa ser um pouco difícil, é marcante e muito significativa.

Além disso, quanto mais suporte e proteção a criança receber nessa fase de separação, melhor ela tende a lidar com ela.

2. Alterações do apetite

Nessa fase de exploração do ambiente à sua volta, e vontade de ser mais independente, também é comum que o bebê não queira comer e não consiga dormir direito. Veja como é o desenvolvimento do bebê com 12 meses.

O que fazer: deve-se continuar ofertando o leite materno, a fórmula ou os alimentos ao bebê, de preferência seguindo horários fixos e deixar o bebê tocar no alimento, sentir o cheiro e a textura. 

Além disso, deve-se manter a rotina do sono, pois deixa o bebê mais tranquilo e relaxado, uma vez que consegue associar a ação dos pais, como reduzir a luz do quarto ou contar uma historinha, com o momento para dormir.

Porque acontece

Aos 12 meses é a fase onde a criança começa a dar os primeiros passos e, por isso, tem vontade de descobrir o mundo e ser mais independente. 

No entanto, ela continua sendo dependente e precisando muito dos pais. A crise acontece justamente por isso.