O que é:
A deiscência de sutura é a abertura dos pontos da cicatriz cirúrgica, em que as bordas da ferida, que estavam unidas pelos pontos, se separam, sendo uma complicação grave pós-operatória que pode aumentar o risco de infecção e dificultar a cicatrização.
Embora seja relativamente raro, o risco de deiscência da ferida pós-operatória é maior durante os primeiros 5 a 8 dias e após uma cirurgia abdominal ou mamoplastia, quando a cicatrização ainda se encontra numa fase inicial.
Por ser uma complicação grave, sempre que existir suspeita de que a ferida cirúrgica possa estar aberta é muito importante ir imediatamente ao hospital para que seja avaliada por um médico ou enfermeiro, iniciando o tratamento se necessário.
Sintomas de deiscência
Os principais sintomas da deiscência de sutura são:
- Abertura parcial ou total da ferida cirúrgica;
- Ferida aberta;
- Inchaço ou sangramento no local;
- Dor intensa;
- Saída de pus;
- Sensação de calor excessivo na ferida.
Além disso, nos casos em que ocorre infecção no local da deiscência, também pode surgir febre.
A deiscência pode ser vista pela própria pessoa observando os sintomas no local da ferida cirúrgica. No entanto, nos casos em que não se consegue observar a ferida, pode-se pedir para que outra pessoa observe o local ou, então, utilizar um espelho, por exemplo.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico da deiscência de sutura é feito pelo clínico geral, cirurgião geral ou enfermeiro no hospital, através da avaliação da ferida cirúrgica, podendo ser observado pontos quebrados.
Se apresenta sinais de deiscência de sutura, vá imediatamente ao hospital na região mais próxima para fazer a avaliação com o clínico geral:
Possíveis causas
A principal causa de deiscência da ferida é o aumento da pressão sobre o local da ferida cirúrgica, sendo mais comum de ocorrer em cirurgias de mamoplastia ou abdominais, como cesariana ou abdominoplastia.
Alguns fatores podem contribuir para a ocorrência da deiscência de sutura, como:
- Idade avançada;
- Esforços físicos exagerados nas primeiras semanas após a cirurgia;
- Tosse muito frequente ou espirros, sem proteger adequadamente o local ferida;
- Infecções no local da ferida cirúrgica;
- Tipo e tamanho do corte cirúrgico;
- Excesso de peso ou obesidade;
- Uso de remédios corticoides;
- Radioterapia prévia no local do corte cirúrgico.
Além disso, outros fatores que podem dificultar a cicatrização e aumentar o risco de deiscência são o hábito de fumar, insuficiência venosa, doença renal ou cardíaca, diabetes, desnutrição ou hipoalbuminemia.
Como é feito o tratamento
O tratamento de uma deiscência deve ser sempre iniciado no hospital pelo clínico geral ou cirurgião geral, que deve avaliar a ferida e decidir a melhor forma de tratamento.
Na maior parte dos casos, o tratamento é feito com um antibiótico para eliminar uma possível infecção da ferida e uso de analgésicos para aliviar a dor.
Além disso, o curativo da ferida deve ser feito por um enfermeiro, pois é importante ir adequando o tipo de material usado, assim como manter uma técnica asséptica.
Apenas nos casos mais graves pode ser necessário voltar a fazer uma cirurgia para limpar e voltar a fechar a ferida.
Possíveis complicações
Uma complicação rara, porém muito grave, que pode ocorrer quando a ferida abdominal se abre completamente, é a evisceração, que é quando os órgãos internos passam para fora pela ferida aberta.
A evisceração é uma emergência médica que deve ser tratada imediatamente no hospital, pois aumenta muito o risco de uma infecção generalizada ou parada do funcionamento do órgão, podendo colocar a vida em risco.
Além disso, após uma deiscência é muito possível que a cicatriz fique mais feia e visível, já que o processo de cicatrização será mais demorado.
Como evitar o surgimento de uma deiscência
Embora a deiscência da ferida seja uma complicação rara que pode acontecer em quase todas as cirurgias, especialmente nas que são feitas no abdômen, como a cesária.
No entanto, existem alguns cuidados que diminuem esse risco, como:
- Aplicar pressão sobre a ferida, especialmente quando é necessário fazer algum movimento que cause aumento da pressão no local, como tossir, espirrar, rir ou vomitar, por exemplo;
- Evitar a prisão de ventre, pois o acúmulo de fezes aumenta a pressão na barriga, afetando a ferida, especialmente nos casos de cirurgias abdominais. Assim, deve-se beber pelo menos 2 litros de água por dia e comer alimentos ricos em fibras, como frutas e legumes;
- Evitar fazer esforços, principalmente durante as primeiras 2 semanas, ou de acordo com as indicações do médico;
- Evitar molhar o local da ferida durante as primeiras 2 semanas, pois aumenta o risco de infecções que acabam fragilizando a pele.
Além disso, é aconselhado fazer o tratamento adequado da ferida com um enfermeiro num posto de saúde, por exemplo, já que permite uma avaliação regular do local assim como o uso dos materiais mais adequados. Veja os principais cuidados que se deve ter após uma cirurgia para evitar complicações.