Diabetes insipidus é a deficiência ou dificuldade de ação do hormônio antidiurético (ADH), que controla a velocidade em que a urina é produzida, causando sintomas como muita sede, mesmo que se tenha bebido água, e produção excessiva de urina, o que pode causar desidratação.
Esta condição pode ser causada por alterações em regiões no cérebro responsáveis pela produção, armazenamento e liberação do hormônio antidiurético, também chamado de vasopressina, mas também pode ocorrer por alterações nos rins que deixam de responder a esse hormônio.
O tratamento da diabetes insipidus é feito pelo endocrinologista, que pode indicar controlar a quantidade de líquidos ingeridos e o uso de remédios para aliviar os sintomas.
Sintomas de diabetes insipidus
Os principais sintomas de diabetes insipidus são:
- Sede incontrolável;
- Produção de grandes quantidades de urina;
- Necessidade frequente de levantar para urinar durante a noite;
- Preferência por beber líquidos frios.
No caso de adultos a produção de urina é superior a 3 litros por dia, en quanto em crianças é de 2 litros/m² por dia.
Além disso, ao longo do tempo, o consumo excessivo de líquidos provoca piora da sensibilidade ao hormônio ADH ou produção cada vez menor desse hormônio, o que pode piorar os sintomas.
Essa doença também pode ocorrer em bebês e crianças e por causa da produção excessiva de urina é importante estar atento aos sinais do diabetes insipidus como fraldas sempre molhadas ou urinar na cama, dificuldade para dormir, febre, vômitos, prisão de ventre, atraso no crescimento e desenvolvimento ou perda de peso.
Qual a diferença entre diabetes insipidus e mellitus?
O diabetes insipidus é diferente do diabetes mellitus, pois os hormônios que sofrem alteração desses dois tipos de diabetes são diferentes.
No diabetes insipidus ocorre alteração no hormônio ADH que controla a quantidade de urina que a pessoa produz.
Já no diabetes mellitus ocorre um aumento dos níveis de glicose no sangue por baixa produção de insulina pelo corpo ou por uma resistência do corpo em responder à insulina. Confira outros tipos de diabetes.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico do diabetes insipidus é feito por um endocrinologista ou pediatra, através da avaliação dos sintomas, histórico de saúde e exames laboratoriais.
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Assim, o médico deve solicitar exame do volume de urina em 24 horas e exames de sangue para avaliar os níveis de sódio e potássio, que podem estar alterados. Saiba como é feito o exame de urina 24 horas.
Além disso, o médico pode solicitar um teste de restrição de líquidos, em que a pessoa fica internada, sem ingerir líquidos e é monitorada para verificar sinais de desidratação, quantidade de urina produzida e os níveis hormonais.
Outro exame que o médico pode solicitar é uma ressonância magnética do cérebro para avaliar alterações do cérebro que podem estar desencadeando a doença.
Possíveis causas
As causas do diabetes insipidus dependem do tipo da doença e pode ser classificada como:
- Traumatismo craniano;
- Cirurgias ou infecções no cérebro, tumor ou aneurisma cerebral;
- Doenças autoimunes ou genéticas;
- Obstrução dos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro;
- Doença policística dos rins ou infecções graves dos rins;
- Alterações dos níveis de potássio no sangue;
- Doenças, como anemia falciforme, mieloma múltiplo, amiloidose, sarcoidose;
- Pós-transplante renal ou câncer nos rins.
Além disso, o uso de medicamentos, como lítio, rifampicina, gentamicina ou contrastes de exames, também podem causar diabetes insipidus, por provocar alterações renais.
Tipos de diabetes insipidus
Os principais tipos de diabetes insipidus são:
1. Diabetes insipidus central
O diabetes insipidus central é causado por alterações na região do cérebro chamada hipotálamo, que perde a capacidade de produzir o hormônio ADH, ou da glândula hipófise responsável por armazenar e liberar o ADH para o corpo.
Quando os níveis do hormônio ADH encontram-se diminuídos, os rins não conseguem controlar a produção de urina, que passa a ser formada em grande quantidade, por isso a pessoa urina muito, o que pode chegar a mais de 3 a 30 litros por dia.
Esse tipo de diabetes insipidus geralmente é causado por traumas, tumores, infecções ou cirurgias no cérebro.
2. Diabetes insipidus nefrogênico
O diabetes insipidus nefrogênico ocorre quando a concentração de hormônio ADH no sangue está normal, mas os rins não respondem normalmente a ele.
Esse tipo de diabetes insipidus pode ser causado por doenças nos rins ou fatores genéticos que são mais raros e mais graves, e se manifestam desde a infância.
3. Diabetes insipidus gestacional
O diabetes insipidus gestacional é uma condição rara, mas que pode acontecer por volta do terceiro trimestre da gestação devido a produção de uma enzima pela placenta, que destrói o hormônio ADH da mulher, levando ao aparecimento dos sintomas.
No entanto, é uma doença que ocorre apenas durante a gravidez, normalizando em torno de 4 a 6 semanas após o parto.
4. Diabetes insipidus dipsogênico
O diabetes insipidus dipsogênico, também chamado de polidipsia primária, pode ocorrer por danos no mecanismo de regulação da sede no hipotálamo, levando ao aparecimento dos sintomas comuns do diabetes insipidus.
Este tipo de diabetes também pode estar relacionado com doenças mentais, como a esquizofrenia, por exemplo.
Como é feito o tratamento
O tratamento da diabetes insipidus deve ser feito com orientação do endocrinologista ou pediatra e tem como objetivo reduzir a quantidade de urina que o corpo produz e deve ser indicado pelo médico de acordo com a causa da doença.
Os tipos de tratamento dependem da gravidade da doença e do tipo de diabetes insipidus, e podem ser feitos com:
1. Controle da ingestão de líquidos
Nos casos leves de diabetes insipidus central, o médico pode recomendar somente controlar a quantidade de líquidos ingeridos, sendo recomendado beber pelo menos 2,5 litros de líquidos por dia para evitar desidratação.
O diabetes insipidus central é considerado leve se a pessoa produzir somente de 3 a 4 litros de urina em 24 horas.
2. Reposição hormonal
Nos casos mais graves de diabetes insipidus central ou diabetes insipidus gestacional, o médico pode recomendar a reposição do hormônio ADH, através da medicação desmopressina ou DDAVP, que pode ser administrada pela veia, por via oral ou por via inalatória.
A desmopressina é um hormônio mais potente e mais resistente à degradação do que o ADH produzido naturalmente pelo corpo e funciona exatamente como o ADH natural, impedindo que os rins produzam urina quando o nível de água no corpo está baixo.
3. Diuréticos
Os diuréticos podem ser usados, especialmente nos casos graves de diabetes insipidus nefrogênico, sendo que o diurético mais recomendado pelo médico é a hidroclorotiazida que age reduzindo a taxa de filtragem do sangue pelos rins, o que diminui a quantidade de urina excretada pelo corpo.
Além disso, o médico deve recomendar uma dieta pobre em sal para ajudar a reduzir a quantidade de urina que os rins produzem e beber pelo menos 2,5 litros de água por dia para evitar a desidratação.
Nos casos em que o diabetes insipidus nefrogênica tenha sido causado pelo uso de certos medicamentos, o médico pode recomendar suspender o uso e trocar por outro tipo de tratamento.
4. Anti-inflamatórios
Os anti-inflamatórios, como o ibuprofeno, podem ser indicados pelo médico nos casos do diabetes insipidus nefrogênico, pois ajudam a reduzir o volume da urina e devem ser usados em combinação com os diuréticos.
No entanto, o uso dos anti-inflamatórios por muito tempo, pode causar alguns problemas como piora da função renal e irritação no estômago ou aparecimento de úlcera estomacal.
Para prevenir estes problemas no estômago, o médico pode recomendar remédios como omeprazol ou esomeprazol, por exemplo.
5. Remédios psiquiátricos
Nos casos de diabetes insipidus dipsogênica causada por doenças mentais, o tratamento deve ser realizado por um psiquiatra com medicamentos específicos para cada caso
6. Antibiótico
Caso a diabetes insipidus tenha sido causado por uma infecção, por exemplo, o médico pode iniciar o uso de antibióticos de acordo com o tipo de infecção, e geralmente, esse tratamento é feito antes de iniciar um tratamento específico para a diabetes insipidus.
Possíveis complicações
As complicações que o diabetes insipidus pode causar são desidratação ou desequilíbrio de eletrólitos no corpo como o sódio, potássio, cálcio e magnésio, devido a grande perda de líquidos e eletrólitos pelo corpo através da urina, podendo causar sintomas como:
- Boca seca;
- Dor de cabeça;
- Tontura;
- Confusão ou irritabilidade;
- Cansaço excessivo;
- Dor ou cãibras musculares;
- Náuseas ou vômitos;
- Perda do apetite.
No caso de apresentar um desses sintomas, deve-se procurar ajuda médica imediatamente ou o pronto-socorro mais próximo.