Diástase abdominal: o que é, sintomas, causas e tratamento

Atualizado em dezembro 2023

A diástase abdominal é o afastamento dos músculos retos abdominais e do tecido conjuntivo, na região da linha nigra ou alba, causada por uma fraqueza do músculo abdominal, e levando ao surgimento de sintomas como saliência acima ou abaixo do umbigo ou flacidez na barriga.

A diástase abdominal, também chamada de diástase dos músculos retos abdominais (DMRA), geralmente acontece durante ou após a gravidez, sendo a principal causa de flacidez abdominal e dor lombar no pós-parto, mas também pode surgir em bebês ou ainda devido a obesidade abdominal, por exemplo. 

O tratamento da diástase abdominal pode ser feito com exercícios, fisioterapia ou, em alguns casos, cirurgia, principalmente quando o afastamento é maior que 5 cm e os exercícios não foram eficazes para corrigir o afastamento.

Imagem ilustrativa número 1

Sintomas de diástase abdominal

Os principais sintomas da diástase abdominal são:

  • Saliência no abdômen, acima ou abaixo do umbigo, especialmente ao levantar algum peso, agachar ou tossir;
  • Flacidez excessiva na barriga;
  • Fraqueza abdominal;
  • Dificuldade para levantar objetos ou de realizar atividades do dia a dia, como caminhar;
  • Dor durante o contato íntimo;
  • Dor lombar, na pelve ou no quadril;
  • Incontinência urinária durante o esforço, como ao tossir ou espirrar;
  • Prisão de ventre.

Além disso, pode-se ter uma má postura, sensação de barriga inchada ou sensação de pele gelatinosa.

O afastamento dos músculos abdominais pode chegar a 10 cm de distância, sendo importante ser avaliado pelo médico, que pode indicar o tratamento mais adequado.

Como saber se tenho diástase abdominal

Para se certificar de que é uma diástase abdominal deve-se:

  1. Deitar de barriga para cima;
  2. Pressionar os dedos indicador e médio cerca de 2 cm acima e abaixo do umbigo;
  3. Contrair o abdômen, como se fosse realizar um exercício abdominal.

O normal é que ao contrair o abdômen, os dedos saltem um pouco para cima, mas em caso de diástase os dedos não se movem, sendo possível até mesmo colocar 3 ou 4 dedos lado a lado sem que eles se movam com a contração abdominal.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da diástase abdominal é feito pelo ginecologista ou cirurgião geral, através do exame físico, ao avaliar as características dos músculos abdominais, além da presença dos sintomas.

Em alguns casos, o médico pode solicitar exames de imagem, como ultrassom ou tomografia computadorizada, para analisar de forma mais detalhada os músculos abdominais e confirmar o diagnóstico da diástase abdominal.

Possíveis causas

A diástase abdominal é causada por uma fraqueza dos músculos retos abdominais, ou afinamento ou alargamento da linha alba ou nigra, levando a um afastamento dos músculos abdominais.

Alguns fatores podem contribuir para o surgimento da diástase abdominal, como:

  • Mais de uma gestação, em curtos intervalos de tempo;
  • Gravidez de gêmeos;
  • Gestação após os 35 anos;
  • Dar à luz um bebê com mais de 4 kg, especialmente em mulheres pequenas;
  • Obesidade abdominal, em homens e mulheres;
  • Múltiplas cirurgias abdominais.

Além disso, embora seja mais raro, a diástase abdominal também pode estar presente desde o nascimento, sendo chamada de diástase abdominal congênita, geralmente causada por nascimento prematuro, pois os músculos abdominais podem não estar ainda completamente desenvolvidos e fechados.

Como é feito o tratamento 

O tratamento da diástase abdominal deve ser orientado pelo médico e varia de acordo com o grau de afastamento dos músculos abdominais, sendo que o tempo de tratamento pode variar conforme o tamanho da diástase, já que quanto maior for o espaçamento, mais difícil será promover a união das fibras somente com exercícios ou fisioterapia. No entanto, em diástases com menos de 5 cm, se o tratamento for realizado diariamente, em cerca de 2 a 3 meses será possível observar a diminuição da diástase.

As principais opções de tratamento da diástase abdominal que podem ser indicadas pelo médico são:

1. Exercícios 

Os exercícios para diástase abdominal são indicados para diminuir o afastamento dos músculos abdominais e fortalecer os músculos que dão estabilidade à região abdominal, e devem ser realizados com supervisão do fisioterapeuta ou personal trainer porque caso não sejam realizados corretamente, podem causar um aumento na pressão intra-abdominal, e aumentar a separação dos retos, piorando a diástase ou levar ao surgimento de uma hérnia.

Geralmente, esses exercícios podem ser iniciados cerca de 6 a 8 semanas do pós-parto,  mas somente após avaliação e liberação médica, podendo ser indicados exercícios de pilates clínico ou exercícios hipopressivos, por exemplo.

Estes exercícios são os mais indicados porque contraem o transverso abdominal e as fibras inferiores do reto abdominal, fortalecendo-os, sem que haja pressão excessiva no reto abdominal. 

Além disso, é importante ressaltar que devem ser evitados exercícios como abdominais, pranchas ou flexões, por exemplo, pois podem piorar o afastamento dos músculos abdominais. 

Assista o vídeo a seguir com alguns exercícios de ginástica hipopressiva para ajudar a corrigir a diástase abdominal:

2. Fisioterapia

A fisioterapia para diástase abdominal pode ser indicada pelo médico e deve ser feita com orientação do fisioterapeuta, com exercícios de alongamento e fortalecimento dos músculos retos abdominais, do assoalho pélvico e lombar.

O tratamento fisioterápico deve ser escolhido pelo próprio fisioterapeuta de forma individualizada, podendo ainda ser indicado o uso de equipamentos, como a estimulação elétrica funcional (FES) que promove a contração dos músculos. Esse aparelho pode ser feito durante 15 a 20 minutos e é muito eficiente no fortalecimento do reto abdominal. Saiba como é feito o FES.  

3. Cirurgia

A cirurgia para diástase abdominal, normalmente, é indicada pelo médico quando:

  • O afastamento dos músculos retos abdominais é maior que 5 cm;
  • Os exercícios ou fisioterapia não foram eficazes para diminuir o afastamento dos músculos;
  • Presença de sintomas como dor lombar ou incontinência urinária de esforço;
  • Motivos estéticos.

A cirurgia da diástase abdominal consiste em aproximar e costurar os músculos retos abdominais, podendo ser feita por de forma convencional ou por laparoscopia. Além disso, o médico também pode sugerir uma lipoaspiração ou abdominoplastia para remover a gordura ou pele em excesso, costurando o músculo para finalizar. Veja como é feita a cirurgia para diástase abdominal e os cuidados pós-operatórios.  

Cuidados durante o tratamento

Durante o tratamento para corrigir a diástase abdominal também é recomendado:

  • Manter a boa postura em pé e sentada;
  • Manter a contração do músculo transverso abdominal durante todo o dia, sendo esse exercício conhecido como abdominal hipopressivo, em que é apenas necessário tentar aproximar o umbigo das costas, encolhendo a barriga principalmente quando estiver sentada, mas deve manter essa contração durante todo o dia. Saiba melhor como fazer os abdominais hipopressivos
  • Evitar ao máximo dobrar o corpo para frente, como se fizesse um abdominal tradicional porque ele piora a diástase;
  • Sempre que precisar abaixar para pegar algo do chão, dobrar as pernas, agachando o corpo e não inclinar o corpo para frente;
  • Trocar a fralda do bebê numa superfície alta como um muda fralda, ou se precisar trocar na cama, fique de joelhos no chão para não inclinar o corpo para frente;
  • Usar a cinta pós-parto, se indicado pelo médico, durante a maior parte do dia e até mesmo para dormir, mas não esqueça de manter a barriga encolhida para dentro para fortalecer o transverso abdominal durante o dia;

Além disso, é importante não realizar o exercícios de abdominal tradicional, nem o abdominal oblíquo para não piorar a diástase.

Possíveis complicações 

A principal complicação da diástase abdominal é o surgimento da dor nas costas na região lombar. Essa dor ocorre porque os músculos abdominais atuam como uma cinta natural que protege a coluna ao andar, sentar e fazer exercícios. Quando este músculo está muito fraco, a coluna fica sobrecarregada e há um maior risco de desenvolver hérnia de disco, por exemplo. 

Por isso, é importante realizar o tratamento, promovendo a união e o fortalecimento das fibras abdominais.

Vídeos relacionados