Histerossalpingografia: o que é, para que serve o como é feito

Atualizado em dezembro 2023

A histerossalpingografia é um exame que permite visualizar a cavidade intrauterina e a permeabilidade das trompas de Falópio, também chamadas de tubas uterinas, sendo útil para identificar qualquer tipo de alteração, como aderências, malformações, miomas ou tubas obstruídas.

Geralmente, esse exame é indicado pelo ginecologista para investigar as causas de infertilidade feminina, após um ano de tentativa de engravidar, mas também pode ser feito após a laqueadura das trompas para avaliar o sucesso da cirurgia.

A histerossalpingografia pode ser realizado gratuitamente pelo SUS, desde que tenha indicação médica, mas também é realizado em clínicas de exames particulares, e os resultados devem ser analisados pelo ginecologista, que pode também indicar a realização de outros exames complementares, como a videolaparoscopia, por exemplo. Confira outros exames que podem ser indicados pelo ginecologista.

Imagem ilustrativa número 4

Para que serve

A histerossalpingografia serve para avaliar as causas de infertilidade feminina e investigar alterações do sistema reprodutor feminino, como:

  • Malformações congênitas das tubas uterinas;
  • Bloqueio das trompas de Falópio devido a cicatrizes ou infecções;
  • Miomas uterinos;
  • Pólipos endometriais;
  • Endometriose na pelve;
  • Aderências no útero;
  • Tumores do sistema reprodutor.

Além disso, a histerossalpingografia também pode ser indicada após a cirurgia de ligadura de trompas para verificar o fechamento das trompas, ou também para avaliar a possibilidade de reversão da cirurgia de laqueadura. A histerossalpingografia também pode ser indicada para investigar a causa de abortos repetidos devido a problemas uterinos.

Como é feita a histerossalpingografia

A histerossalpingografia é um exame simples que é feito seguindo o seguinte passo-a-passo:

  1. Orientar que a mulher fique em posição ginecológica;
  2. Introdução de um pequeno instrumento na vagina, chamado espéculo vaginal, o mesmo utilizado no exame ginecológico de rotina, para permitir a visualização do colo do útero;
  3. Dilatação do colo do útero para permitir a colocação do cateter;
  4. Introdução de um cateter fino e flexível, através do orifício do colo do útero. Este cateter é conectado externamente a uma seringa com o meio de contraste;
  5. Injeção do contraste de iodo diretamente pelo cateter, que permite preencher o colo do útero e as trompas de Falópio;
  6. Realização de vários raio X com o objetivo de observar o percurso que o contraste faz por dentro do útero e em direção às tubas uterinas.

As imagens obtidas pelo raio X permitem que seja observada, de forma detalhada e em tempo real, os órgãos reprodutores femininos, sendo possível identificar as possíveis causas da infertilidade da mulher ou identificar qualquer outro tipo de alteração.

A histerossalpingografia é um exame simples que normalmente é feito no consultório do ginecologista. Esse exame não dói, mas é possível que a mulher sinta um pequeno desconforto durante sua realização, podendo ser indicado pelo médico o uso de algum medicamento analgésico ou anti-inflamatório para usar antes e depois do exame.

Histerossalpingografia com sedação

A histerossalpingografia é um exame simples, que não necessita de sedação. No entanto, no caso da mulher apresentar vaginismo, que é a contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico, que não permite a penetração vaginal, o médico pode fazer a sedação para reduzir o desconforto durante o exame. Entenda melhor o que é o vaginismo.

Como se preparar para o exame

Para a realização da histerossalpingografia, devem ser tomados alguns cuidados, como:

  • Tomar o laxante receitado pelo médico na noite anterior ao exame, para evitar que as fezes ou os gases impeçam a visualização das estruturas ginecológicas;
  • Tomar o analgésico ou anti-inflamatório, como paracetamol ou ibuprofeno, receitado pelo médico, cerca de 30 a 60 minutos antes do exame, já que o exame pode ser um pouco desconfortável;
  • Tomar o antibiótico para ajudar a prevenir infecções, caso o médico tenha recomendado;
  • Não estar menstruada ou ter sangramento vaginal inexplicado;
  • Informar o ginecologista se existir a possibilidade de estar grávida;
  • Informar ao médico se apresenta alergia ao iodo, ou frutos do mar, pois o contraste utilizado contém iodo radioativo;
  • Informar ao médico caso exista uma doença inflamatória pélvica ou alguma infecção ou inflamação ginecológica ativa, como clamídia ou gonorreia, não tratadas;
  • Informar se tem problemas de saúde, como hipertireoidismo ou doença de Graves;
  • Levar uma lista com todos os medicamentos, vitaminas e suplementos nutricionais que são tomados com frequência;
  • Retirar qualquer objeto metálico antes do exame, para não interferir no raio X, como brincos, colar, relógio ou pulseiras;
  • Esvazia a bexiga imediatamente antes do exame.

Normalmente, o exame é realizado durante a fase folicular, que é antes da ovulação, cerca de 1 semana após o início do ciclo menstrual, pois o revestimento do endométrio está mais fino, o que aumenta a permeabilidade do contraste, além de garantir que a mulher não está grávida, uma vez que esse exame é contraindicado em casos de gravidez.

É recomendado também que a mulher leve o resultado de exames que tenha feito recentemente, como ultrassom transvaginal, ressonância magnética ou histeroscopia, ou até a histerossalpingografia anterior, caso já se tenha realizado esse exame anteriormente.

Como entender o resultado

O resultado da histerossalpingografia deve ser interpretado pelo ginecologista:

Órgão examinado

Resultado normal

Resultado alterado

Possível diagnóstico

Útero

Formato normal que permite que o contraste se espalhe

Útero deformado, com nódulos ou ferido

Malformação, mioma, pólipos, sinequia, adenomiose, septo vaginal ou endometriose, por exemplo.

Trompas de Falópio

Forma normal com trompas desobstruídas

Trompas com malformações, inflamadas ou com obstrução

Obstrução das trompas, malformação, endometriose, hidrossalpinge ou doença inflamatória pélvica, por exemplo.

A partir do resultado, o ginecologista pode programar o tipo de tratamento ou procedimento de reprodução assistida que poderá ser aplicado, no caso de infertilidade.

Cuidados após a histerossalpingografia

A histerossalpingografia é um exame rápido e dura cerca de 10 a 30 minutos, sendo que após o exame, pode ocorrer cólica semelhante a do período menstrual, podendo ser indicado pelo médico o uso de remédios analgésicos ou anti-inflamatórios para aliviar esse desconforto.

Após o exame, também podem ocorrer pequenos sangramentos ou corrimento vaginal. Neste caso, deve-se evitar o contato íntimo pelo tempo recomendado pelo médico e não usar absorvente interno, nem ducha vaginal.

Quando não deve ser feito

A histerossalpingografia não deve ser feita na gravidez, pois o contraste injetado no útero e o raio X podem provocar malformações no feto.

Além disso, em mulheres com doenças da tireoide, como a doença de Graves ou hipertireoidismo, para realizar a histerossalpingografia, o ginecologista deve avaliar o benefício do exame, pois é utilizado o contraste de iodo que pode causar aumento da síntese de hormônios da tireoide.

Possíveis complicações do exame

A histerossalpingografia é um exame seguro, geralmente não causando complicações durante o procedimento. No entanto, em alguns, podem ocorrer sangramento vaginal excessivo, corrimento com mau cheiro, cólica intensa, febre, calafrios ou vômitos.

Nesses casos, é importante entrar em contato com o ginecologista imediatamente ou procurar o pronto-socorro mais próximo, pois pode ser indicativo de infecção ginecológica ou pélvica.

Além disso, durante o exame, pode ocorrer alergia ao contraste iodado ou choque anafilático. Nesse caso, os cuidados médicos são imediatos, pois o exame é realizado em ambiente hospitalar ou clínicas especializadas, com equipamentos para emergências médicas.