O que é:
A manobra de Kristeller é uma técnica realizada com o objetivo de acelerar o trabalho de parto, em que é realizada pressão externa sobre o útero da mulher, com o objetivo de diminuir o período expulsivo.
No entanto, e apesar dessa técnica ser bastante utilizada, não existem evidências que comprovem seu benefício, podendo, até, expor, tanto a mulher quanto o bebê, a riscos.
É importante ressaltar que o processo de parto deve acontecer, sempre que possível, de acordo com as da mulher. Assim, a realização da manobra de Kristeller só deve acontecer caso a mulher deseje, caso contrário o parto deve acontecer no seu ritmo natural.
Como é feita a manobra
A manobra de Kristeller é feita através da aplicação de pressão no fundo do útero, ou seja, no topo da barriga, de forma a acelerar a expulsão do bebê durante o parto.
A indicação é de que a manobra seja feita utilizando-se apenas as mãos sobre a parede abdominal, o que permite pressionar e direcionar o bebê para a abertura vaginal durante as contrações.
Em que situações está indicada
O objetivo da manobra de Kristeller é diminuir a duração do período expulsivo do parto, acelerando a saída do bebê. Por isso, em teoria, deve ser indicada apenas nas situações em que a mulher já se encontra exausta e não consegue realizar força suficiente para promover a saída do bebê.
No entanto, alguns estudos demonstram que essa técnica é realizada como rotina, não sendo solicitada pela mulher e sendo realizada mesmo que a mulher se encontre em condições de continuar a realizar os puxos.
Principais riscos da manobra
Os riscos da manobra de Kristeller existem devido à falta de consenso sobre a sua prática e nível de força aplicada. Apesar de ser indicado que a manobra seja realizada utilizando as duas mãos, há relatos de profissionais que realizam a manobra utilizando os braços, cotovelos e joelhos, o que aumenta a chance de complicações.
Alguns dos riscos para a mulher que estão associados à manobra de Kristeller são:
- Possibilidade de fratura das costelas;
- Aumento do risco de hemorragias;
- Lacerações graves no períneo, que é a região que sustenta os órgãos pélvicos;
- Deslocamento da placenta;
- Dor abdominal após o parto;
- Possibilidade de ruptura de alguns órgãos, como baço, fígado e útero.
Além disso, a realização dessa manobra também pode aumentar o desconforto e a dor durante o trabalho de parto, aumentando a probabilidade de serem utilizados instrumentos durante o parto.
Em relação bebê, a manobra de Kristeller também pode aumentar o risco de hematomas encefálicos, fraturas na clavícula e no crânio e os seus efeitos podem ser percebidos ao longo do desenvolvimento da criança, que pode apresentar convulsões, por exemplo, devido ao trauma no parto.
A realização da manobra de Kristeller também está associada à maior taxa de realização de episiotomia, que é um procedimento que também é realizado com o objetivo de facilitar o parto, mas que não deve ser realizado como rotina obstétrica, uma vez que não existem evidências científicas que comprovem o seu benefício, além de também estar relacionado com complicações para a mulher.