Mecônio: o que é e principais características

Mecônio é o nome que se dá às primeiras fezes que são formadas no intestino do bebê por sais biliares e outros materiais, tem cor verde-escura e é consistente e pegajoso.

O bebê normalmente elimina o mecônio nas primeiras 24 a 36 horas após o nascimento, estimulada pela amamentação e isto é importante, pois é um sinal de que o intestino está funcionando bem. Já os bebês prematuros e com peso menor que 1500g,  podem eliminar o mecônio somente após 48 horas de vida.

No entanto, em alguns casos, a eliminação do mecônio pode não acontecer, demorar mais tempo ou acontecer antes do parto, podendo causar problemas à saúde do bebê como pneumonia e paralisia do intestino.

Conheça mais sobre o mecônio com a Dra. Danielle Paiva, no vídeo a seguir:

O que a COR DAS FEZES revela sobre a sua saúde

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Características do mecônio

No início, o mecônio tem cor verde-escuro, é consistente e pegajoso. Por volta do 3º ao 4º dia após o nascimento, a consistência das fezes vai mudando e passa a ter uma cor amarelo-esverdeada e uma consistência mais líquida.

Nesta fase, o bebê passa a evacuar muitas vezes ao dia, especialmente se a alimentação for exclusiva de leite materno e por livre demanda, ou seja, de acordo com a vontade do recém-nascido.

Se o mecônio não for eliminado dentro das primeiras 24 a 36 horas, pode indicar que haja algum problema com o bebê e isto geralmente é avaliado antes da alta da maternidade, que só acontece quando o bebê elimina o primeiro mecônio.

Porque o mecônio não é eliminado

Algumas situações durante a gravidez, como a diabetes materna, redução de oxigênio para o bebê e gestações com mais de 42 semanas, podem alterar a forma como o mecônio é eliminado pelo bebê.

Assim, as possíveis alterações do mecônio são:

1. Aspiração de mecônio

A aspiração do mecônio, conhecida como síndrome de aspiração de mecônio, ocorre quando um recém-nascido inala mecônio misturado com líquido amniótico antes, durante ou imediatamente após o nascimento.

Sintomas: respiração rápida, falta de ar, alteração dos batimentos cardíacos, descoloração azulada da pele, unhas e boca, unhas longas e manchadas, pele seca e escamosa. Em casos graves, a síndrome pode comprometer a oxigenação do bebê. 

Causas: diabetes gestacional, sofrimento fetal devido à falta de oxigênio, infecções intrauterinas, parto prolongado ou complicado e gestações com mais de 42 semanas.

Leia também: Sofrimento fetal: o que é, sintomas (e o que fazer) tuasaude.com/sofrimento-fetal

Tratamento: a maioria dos bebês que aspiram o mecônio, são tratados e melhoram em 5 a 7 dias. Se o bebê não tem dificuldade para respirar, pode ficar com a mãe no quarto.

De acordo com a gravidade da aspiração do mecônio, o bebê pode precisar ficar em incubadora, receber terapia de oxigênio, fazer tratamento com antibióticos e surfactante. Em alguns casos, é preciso retirar o mecônio da boca, nariz e pulmões dos bebês.

Possíveis sequelas: em alguns casos, a aspiração do mecônio pode levar a algumas sequelas como pneumonia, diminuição na produção do surfactante pulmonar, que é um líquido importante para a respiração, mudanças na função do coração e convulsão.

2. Síndrome do tampão de mecônio

A síndrome do tampão de mecônio é uma condição em que há uma incapacidade de eliminar o mecônio nas primeiras 24 a 48 horas de vida. Geralmente afeta predominantemente bebês prematuros de baixo peso ao nascer.

O diagnóstico pode ser feito em dois momentos diferentes: durante a gestação, por meio de ultrassom, e após o nascimento do bebê, com raio X e biópsia, que é um exame para avaliar a saúde dos tecidos do corpo no intestino do bebê.

Sintomas: dor e distensão abdominal, vômitos e ausência de mecônio.

Causas: prematuridade, bebês nascidos de mães com diabetes gestacional ou crônica e bebês nascidos de mães que receberam sulfato de magnésio como tratamento para eclâmpsia ou parto prematuro.

Também pode ocorrer em bebês com doença de Hirschsprung, fibrose cística e outros defeitos congênitos.

Tratamento: o tratamento da síndrome do tampão de mecônio é realizado após o nascimento do bebê e varia de acordo com a avaliação médica, o tipo e o grau de obstrução.

O tratamento mais comum é a estimulação do reto ou do cólon com um enema de contraste solúvel em água. Quando há uma alteração anatômica, o tratamento é cirúrgico.

Possíveis sequelas: se houver atraso no diagnóstico ou no tratamento da obstrução, pode haver perda de circulação sanguínea no intestino, o que pode causar necrose, a morte das células, o que é uma situação grave.

Além disso, também pode haver perfuração intestinal ou peritonite por mecônio.

Leia também: Obstrução intestinal: o que é, sintomas, causas e tratamento tuasaude.com/obstrucao-intestinal

3. Íleo meconial

O íleo meconial é uma obstrução do intestino delgado no nível do íleo terminal que ocorre devido ao mecônio espesso.

Essa é uma das primeiras manifestações da fibrose cística. Entenda o que é fibrose cística.

Sintomas: vômito com conteúdo biliar, distensão abdominal e ausência de mecônio.

Causas: a causa é a fibrose cística, uma doença genética e hereditária que afeta a proteína CFTR no organismo, produzindo secreções muito espessas e viscosas, difíceis de serem eliminadas.

Tratamento: o tratamento do íleo meconial inclui a colocação de uma sonda nasogástrica para descomprimir o estômago e o intestino delgado, além de reduzir o risco de aspiração por meio de vômitos biliosos.

Além disso, um enema retal com solução salina morna pode ser administrado a cada 12 a 24 horas para amolecer o mecônio e facilitar sua expulsão.

Em casos graves, quando o mecônio não é completamente eliminado e ocorrem complicações como perfuração ou necrose intestinal, pode ser necessária uma cirurgia.

Possíveis sequelas: perfuração intestinal, necrose, atresia, peritonite e aumento do risco de formação de pseudocistos gigantes de mecônio.

A aspiração de mecônio pode causar danos cerebrais?

Em casos graves, a aspiração de mecônio pode causar falta de oxigênio (hipóxia), levando a danos cerebrais.

Isso ocorre porque a obstrução das vias aéreas e a inflamação pulmonar dificultam a oxigenação do cérebro.

Se a hipóxia for prolongada ou grave, pode levar a complicações como a encefalopatia hipóxico-isquêmica, que pode afetar o desenvolvimento neurológico do bebê e, em alguns casos, causar paralisia cerebral ou outros distúrbios neurológicos.

Leia também: Hipóxia: o que é, sintomas, causas e tratamento tuasaude.com/hipoxia

Como reduzir o risco

Para reduzir o risco de qualquer problema associado ao mecônio, é essencial ter um bom atendimento pré-natal, monitorar o bem-estar fetal e, se necessário, realizar um parto assistido para reduzir o estresse do bebê.

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