Infecção hospitalar: o que é, tipos, causas e como é feito o controle

Atualizado em julho 2022

A infecção hospitalar, ou Infecção Relacionada à Assistência em Saúde (IRAS) é definida como qualquer infecção adquirida enquanto a pessoa está internada no hospital, podendo se manifestar ainda durante a internação, ou após a alta, desde que seja relacionada com a internação ou a procedimentos realizados no hospital.

Esse tipo de infecção é mais comum de acontecer em pacientes que possuem o sistema imunológico mais enfraquecido ou que fizeram procedimentos invasivos, como colocação de cateter ou cirurgias, por exemplo.

Para evitar esse tipo de infecção, que pode ser mais difícil de tratar devido à presença de microrganismos multirresistentes em ambiente hospitalar, em alguns casos, é importante que a higienização das mãos pelos profissionais de saúde antes e depois da assistência ao paciente seja incentivada e que todas as medidas indicadas pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) sejam seguidas.

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Principais causas

Durante o período em um hospital, alguns dos principais fatores que causam a infecção são:

  • Desequilíbrio da flora bacteriana da pele e do organismo, geralmente devido ao uso de antibióticos;
  • Queda da defesa do sistema imune da pessoa internada, tanto pela doença, como por uso de medicamentos;
  • Realização de procedimentos invasivos como passagem de cateter, passagem de sondas, biópsias, endoscopias ou cirurgias, por exemplo, que quebram a barreira de proteção da pele;
  • Maior tempo de permanência no hospital, já que essa situação costuma estar relacionada com a maior fragilidade da imunidade e/ ou realização de procedimentos invasivos, aumentando o risco de infecção.

Adquirir uma infecção no hospital não é incomum, pois este é um ambiente em que estão muitas pessoas doentes e em tratamento com antibióticos.

Geralmente, os microrganismos que causam a infecção hospitalar não causam infecções em outras situações, pois eles aproveitam o ambiente com poucas bactérias inofensivas e a queda da resistência do paciente para se instalar. Apesar disto, as bactérias hospitalares costumam desenvolver infecções graves e de difícil tratamento, já que são mais resistentes aos antibióticos, por isso, em geral, é necessário usar antibióticos mais potentes para curar este tipo de infecção. 

Quem tem mais risco

Qualquer pessoa pode desenvolver uma infecção hospitalar, entretanto têm maior risco aquelas com um maior fragilidade da imunidade, como:

  • Idosos;
  • Recém-nascidos;
  • Pessoas com comprometimento da imunidade, por doenças como AIDS, pós-transplantados ou em uso de medicamentos imunossupressores;
  • Diabetes mellitus mal controlada;
  • Pessoas acamadas ou com alteração da consciência, pois apresentam maior risco de aspiração;
  • Doenças vasculares, com o comprometimento da circulação, já que dificulta a oxigenação e cicatrização dos tecidos;
  • Pacientes com necessidade de uso de dispositivos invasivos, como sondagem urinária, inserção de cateter venoso, utilização de ventilação por aparelhos;
  • Realização de cirurgias.

Além disso, quanto maior o tempo de internação, maior o risco de se adquirir uma infecção hospitalar, pois há maior chance de exposição aos riscos e aos microrganismos responsáveis. 

Tipos de infecção hospitalar

As infecções relacionadas com o ambiente de saúde podem ser classificadas em alguns tipos de acordo com o microrganismo e forma de entrada no corpo. Assim, as IRAS podem ser classificadas em:

  • Endógena, em que a infecção é causada pela proliferação de microrganismos da própria pessoa, sendo mais frequente em pessoas com sistema imune mais comprometido;
  • Exógena, em que a infecção é causada por um microrganismo que não faz parte da microbiota da pessoa, sendo adquirido através das mãos dos profissionais de saúde ou como consequência de procedimentos, medicamentos ou alimentos contaminados;
  • Cruzada, que é comum quando existem vários pacientes na mesma UTI, favorecendo a transmissão de microrganismos entre as pessoas internadas;
  • Inter-hospitalar, que são infecções levadas de um hospital a outro. Ou seja, a pessoa adquire infecção no hospital em que teve alta, mas foi internada em outro.

É importante que seja identificado o tipo de infecção hospitalar para que a Comissão de Controle de Infecção do hospital trace medidas de prevenção e controle de microrganismos no hospital.

Como é feito o controle

O controle das IRAS é feito pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), que corresponde a um grupo formado por profissionais da saúde que têm como função elaborar estudar as características epidemiológicas do hospital e elaborar um programa de controle de infecção hospitalar com o objetivo de reduzir o máximo o número de infecções adquiridas no hospital, bem como a taxa de microrganismos multirresistentes.

A CCIH é adequada de acordo com as características do hospital e suas necessidades, sendo as principais atividades realizadas por essa comissão:

  • Elaboração de normas e rotinas para a limpeza e desinfecção dos ambientes, estabelecendo a frequência, tipo de desinfetante e de desinfecção, especialmente em áreas críticas, como berçários, centros cirúrgicos ou UTI, por exemplo;
  • Determinação de regras para pacientes, visitantes e profissionais, para diminuir o risco de infecções, como limitar o número de visitantes, estabelecimento de normas e treinamentos para higiene, coleta de exames, aplicação de medicações, realização de curativos ou preparo dos alimentos, por exemplo;
  • Estimulação de medidas de higiene, principalmente das mãos, que são um dos principais veículos de transmissão de microrganismos, com a lavagem frequentes, ou com uso do álcool gel, antes e após a assistência ao paciente. As medidas de lavagem das mãos devem ser implantadas tanto para os acompanhantes dos pacientes, quanto para a equipe médica, sendo importante a monitorização dessa prática;
  • Orientações para uso correto de antibióticos, evitando que os pacientes sejam tratados com antibióticos sem necessidade ou por antimicrobianos de amplo espectro, impedindo, assim, o desenvolvimento de bactérias multirresistentes;
  • Orientação sobre o uso de produtos químicos para eliminar microrganismos, como germicidas, desinfetantes, antissépticos, agentes de limpeza;
  • Realização da vigilância de casos de infecção, para entender as causas e elaborar formas de prevenção;
  • Estabelecer, implementar e monitorar protocolos de prevenção de infecção, que pode envolver as precauções de contato, medidas para evitar a sepse e orientações sobre o grau de inclinação da cabeceira de pacientes com ventilação mecânica, por exemplo.

Para diminuir a taxa de infecção de um hospital, os cuidados básicos devem ser tomados com todos os pacientes, independentemente de seu diagnóstico e tratamento realizado. Além disso, é importante incentivar a alta hospitalar sempre que possível, evitando-se permanecer muito tempo no hospital, já que as chances de infecção aumentam com o passar do tempo.

As atividades desempenhadas pela CCIH são realizadas com o objetivo principal promover a segurança do paciente por meio de medidas que visem diminuir o risco de infecção do paciente, como por exemplo conscientizar acompanhantes e equipe médica sobre a higienização correta das mãos, já que as mãos são consideradas as principais vias de transmissão e contágio por microrganismos. Saiba como lavar as mãos corretamente.

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Infecções mais frequentes

As infecções adquiridas no hospital podem levar ao aparecimento de sinais e sintomas que variam de acordo com o microrganismo responsável pela infecção e via de entrada no organismo. As infecções mais frequentes em ambiente hospitalar são:

1. Pneumonia

A pneumonia adquirida no hospital costuma ser grave e é mais comum em pessoas que estão acamadas, desacordadas ou que têm dificuldades da deglutição, pelo risco de aspiração de alimentos ou da saliva. Além disso, pessoas que fazem uso de dispositivos que auxiliam na respiração, têm mais chance de adquirir infecção hospitalar.

Algumas bactérias mais comuns neste tipo de pneumonia são Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp., Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, Staphylococcus aureus, Legionella sp., além de alguns tipos de vírus e fungos.

Principais sintomas: Os principais sintomas associados à pneumonia hospitalar são dor no tórax, tosse com secreção amarelada ou sanguinolenta, febre, cansaço, falta de apetite e falta de ar.  

2. Infecção urinária

A infecção urinária hospitalar é facilitada pelo uso de sonda durante o período de internação, apesar de qualquer pessoa poder desenvolver. Algumas das bactérias mais envolvidas nesta situação incluem Escherichia coliProteus sp., Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella sp., Enterobacter sp., Enterococcus faecalis e de fungos, como Candida sp.

Principais sintomas: A infecção urinária pode ser identificada por meio de dor ou ardência ao urinar, dor abdominal, presença de sangue na urina e febre.

3. Infecção de pele

As infecções de pele são muito comuns devido às aplicações de injeções e acessos venosos para medicamentos ou coletas de exames, cicatriz de cirurgia ou biópsia ou pela formação de escaras de decúbito. Alguns dos microrganismos envolvidos neste tipo de infecção são Staphylococcus aureus, Enterococcus, Klebsiella sp., Proteus sp., Enterobacter sp, Serratia sp., Streptococcus sp. e Staphylococcus epidermidis, por exemplo.

Principais sintomas: No caso de infecção de pele, pode haver presença de área de vermelhidão e inchaço na região, com ou sem a presença de bolhas. Geralmente, o local é doloroso e quente, e pode haver produção de secreção purulenta e mal cheirosa. 

4. Infecção do sangue

A infecção da corrente sanguínea é chamada de septicemia e, geralmente, surge após infecção de algum local do corpo, que se espalha pela corrente sanguínea. Este tipo de infecção é grave, e se não for rapidamente tratada pode rapidamente causar falência dos órgãos e risco de morte. Qualquer dos microrganismos das infecções pode se disseminar pelo sangue, e alguns dos mais comuns são E. coli, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis ou Candida, por exemplo.

Principais sintomas: Os principais sintomas relacionados à infecção no sangue são febre, calafrios, queda da pressão, batimentos cardíacos fracos, sonolência. Saiba como identificar a infecção no sangue.