Reprodução assistida: o que é, 11 técnicas e quando fazer

O que é:

A reprodução assistida é o conjunto de técnicas utilizadas por médicos especializados em fertilidade, que tem como principal objetivo ajudar a gestação em mulheres com dificuldades de engravidar. Essas técnicas, como a inseminação artificial, a fertilização in vitro ou a estimulação ovariana, por exemplo, envolvem manusear óvulos, espermatozoides ou ambos, fora do corpo, permitindo uma gravidez, sem que o casal tenha relações sexuais.

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A reprodução assistida, ou reprodução humana assistida, é permitida no Brasil, pelo Conselho Federal de Medicina, para auxiliar nos problemas de fecundação e reprodução humana, facilitando a gravidez, sendo que a idade máxima para a gestação é de 50 anos para mulheres.

Imagem ilustrativa número 1

Principais técnicas

As principais técnicas de reprodução assistida incluem:

1. Fertilização in vitro

A fertilização in vitro consiste em juntar o óvulo e o espermatozoide em laboratório para formar o embrião, e depois transferir o embrião para o útero da mulher para que seja implantado e resulte em gravidez.

Para fazer a fertilização in vitro, algumas etapas são seguidas como estimular a ovulação na mulher com injeção de medicamentos por 8 a 14 dias. Os óvulos são então coletados, assim como os espermatozoides do homem, que são colocados em contato no mesmo vidro em laboratório, para permitir que os espermatozoides fecundem os óvulos e formem o embrião.

Caso isso não aconteça, pode-se injetar o espermatozoide dentro do óvulo com uma agulha, que é um procedimento chamado injeção intracitoplasmática de esperma.

Após formados, a quantidade de embriões colocados no útero variam de acordo com a idade da mulher, sendo que conforme a resolução do Conselho Federal de Medicina, o limite de embriões inclui:

  • Mulheres com até 35 anos: até 2 embriões;
  • Mulheres entre 36 e 39 anos: até 3 embriões;
  • Mulheres com 40 anos ou mais: até 4 embriões.

A quantidade de embriões nunca será maior do que 4, para evitar gravidez de risco tanto para a mulher como para os embriões.

Quando é indicada: a fertilização in vitro é indicada para casais que não conseguem engravidar espontaneamente em 6 a 12 meses de tentativas sem uso de métodos contraceptivos. Essa técnica é uma das mais utilizadas na reprodução assistida e pode ser realizada em clínicas e hospitais particulares e até mesmo no SUS.

É possível escolher o sexo do bebê?

De acordo com a legislação do Conselho Federal de Medicina [1] é proibido realizar qualquer técnica de reprodução assistida com a finalidade de escolher o sexo do bebê ou qualquer outra característica biológica, sendo considerado antiético.

No entanto, não existe uma proibição absoluta, pois quando há risco de problemas de saúde ou doenças genéticas relacionadas ao sexo do bebê, como síndrome do X frágil em meninas ou hemofilia em meninos, por exemplo, a escolha do sexo é permitida, desde que se tenha histórico de alterações genéticas na família.

Para avaliar o risco de desenvolvimento de doenças relacionadas ao sexo, antes de implantar o embrião, é feito pelo médico um diagnóstico genético pré-implantacional, que analisa os genes do bebê.

2. Injeção intracitoplasmática de esperma

A injeção intracitoplasmática de esperma é um tipo de fertilização in vitro feita em laboratório, em que um espermatozoide é injetado dentro de cada óvulo através de uma agulha, para que ocorra a fecundação e formação do embrião.

Quando é indicada: geralmente, essa técnica é indicada quando existe algum problema grave no espermatozoide, como quantidade insuficiente de espermatozoides no sêmen ou espermatozoides de baixa qualidade, ou quando a outra técnica de fertilização in vitro em que os óvulos e espermatozoides são deixados em contato no laboratório não resulta em fertilização ou houve fertilização insuficiente.

3. Inseminação artificial intrauterina

A inseminação intrauterina é um tipo de inseminação artificial em que o esperma é colocado diretamente dentro do útero da mulher, aumentando as chances de fecundação do óvulo.

Para fazer esse tipo de técnica, o sêmen do homem é coletado e os espermatozoides mais ativos são selecionados por meio de lavagem de uma amostra de sêmen. A inseminação dos espermatozoides é feita no dia previsto para a mulher ovular e, normalmente, são utilizados hormônios para estimular a ovulação. Entenda melhor como é feita a inseminação artificial intrauterina.

A inseminação intrauterina é chamada inseminação artificial homóloga quando é utilizado o sêmen do parceiro e inseminação artificial heteróloga quando é utilizado o sêmen de um doador anônimo.

Quando é indicada: a inseminação artificial intrauterina é indicada pelo médico quando a mulher tem irregularidades na ovulação ou tem cicatrizes no colo do útero dificultando a mobilização dos espermatozoides até o óvulo, ou quando o homem tem baixa contagem de espermatozoides ou espermatozoides com pouca mobilidade, por exemplo.

4. Inseminação artificial intracervical

A inseminação intracervical é outro tipo de inseminação artificial em que os espermatozoides são colocados diretamente no colo do útero, sendo uma técnica de reprodução assistida que mais se assemelha com a relação sexual normal.

Da mesma forma que a inseminação intrauterina, o sêmen é coletado e tratado para depois ser depositado no colo uterino, durante a fase de ovulação da mulher.

Quando é indicada: a inseminação artificial intracervical é indicada quando não existe a possibilidade de penetração vaginal pelo parceiro, por impotência ou algum problema na anatomia da vagina, impedindo a relação sexual.

5. Estimulação ovariana

A estimulação ovariana consiste na indução a ovulação através de injeções ou uso de comprimidos com hormônios que estimulam a produção de óvulos na mulher, aumentando as chances de engravidar.

Quando é indicada: essa técnica é indicada principalmente para mulheres com alterações hormonais e ciclos menstruais irregulares, como nos casos de ovários policísticos. Veja como funciona a indução da ovulação.

6. Transferência intratubária de gametas

A transferência intratubária de gametas é uma técnica de reprodução assistida que consiste em depositar os óvulos e os espermatozoides dentro da trompa de falópio na mulher, também chamada de tuba uterina.

Essa técnica é semelhante a fertilização in vitro, em que são coletados óvulos e espermatozoides que são tratados em laboratório, mas a diferença é que não ocorre a fecundação e a formação do embrião para ser implantado.

Os óvulos e os espermatozoides tratados são depositados diretamente na tuba uterina por laparoscopia, através de um pequeno corte feito no abdômen, ou podem ser inseridos através da vagina, sendo utilizado um ultrassom para guiar o local correto na tuba uterina. Desta forma, aumenta-se as chances de ocorrer a fecundação na trompa de falópio.

Quando é indicada: a transferência intratubária de gametas é indicada nos casos em que a mulher tem função normal das tubas uterinas mas apresenta infertilidade inexplicada.

7. Criopreservação de gametas ou embriões

A criopreservação de gametas ou embriões consiste no congelamento de óvulos ou espermatozoides ou do embrião, em baixas temperaturas, conservados em nitrogênio líquido, para uma futura gravidez.

Quando é indicada: a criopreservação é indicada para conservar espermatozoides ou óvulos com a idade da pessoa no momento da coleta, nos casos de impossibilidade de uma gravidez devido ao tratamento do câncer ou outras doenças que não permitem a gestação de imediato. Além disso, a criopreservação de embriões permite conservar os embriões não utilizados na fertilização in vitro, podendo permanecer congelados pelo período mínimo de 3 anos, podendo ser descartados, conforme a vontade da pessoa ou do casal, após esse tempo.

8. Relação sexual programada

A relação sexual programada, também chamada de coito programado, é a técnica menos complexa de reprodução assistida, que consiste em planejar a relação sexual para o mesmo dia que a mulher irá ovular.

Nessa técnica, o médico faz um acompanhamento através de ultrassons dos ovários ao longo do mês para verificar o dia exato da ovulação, permitindo identificar o dia ideal para tentar engravidar, recomendando que a relação sexual aconteça nesse dia, aumentando as chances de uma gravidez.

Quando é indicada: a relação sexual programada é indicada nos casos leves de infertilidade, para mulheres que tenham distúrbios ovulatórios, ciclos menstruais irregulares e muito longos ou com diagnóstico de síndrome dos ovários policísticos, por exemplo.

9. Doação de óvulos

Nessa técnica, a clínica de reprodução produz um embrião a partir do óvulo de uma doadora desconhecida e do espermatozoide do parceiro da mulher que deseja engravidar.

Esse embrião é, então, colocado no útero da mulher, que precisará tomar hormônios para preparar o corpo para a gravidez. Também deve-se destacar que é possível conhecer as características físicas e de personalidade da mulher doadora do óvulo, como cor da pele e dos olhos, altura e profissão.

Quando é indicada: a doação de óvulos pode ser utilizada quando a mulher não consegue mais produzir óvulos, que acontece normalmente devido à menopausa precoce.

10. Doação de espermatozoides

Na técnica de reprodução assistida por doação de espermatozoides, o embrião é formado a partir do espermatozoide de um doador desconhecido e do óvulo da mulher que deseja engravidar. É importante destacar que é possível escolher as características do homem doador do espermatozoide, como altura, cor da pele e profissão, mas não é possível identificar quem é o doador.

Quando é indicada: a doação de espermatozoides pode ser feita quando o homem não consegue produzir espermatozoides, problema normalmente causado por alterações genéticas.

11. Gestação de substituição

A gestação de substituição, também conhecida como “barriga de aluguel”, é quando toda a gestação é feita na barriga de outra mulher.

No Brasil, o termo “barriga de aluguel” não é utilizado por não ser possível por lei “alugar” o útero de uma mulher. As regras para esse tipo de reprodução assistida exigem que não pode haver pagamento pelo processo e que uma mulher, de forma voluntária, pode emprestar o útero para a gestação do filho de outra pessoa.

A mulher que emprestar o útero voluntariamente deve ser parente em até 4º grau do pai ou da mãe da criança, podendo ser:

  • Primeiro grau: mãe ou filha;
  • Segundo grau: avó ou irmã;
  • Terceiro grau: tia ou sobrinha;
  • Quarto grau: prima.

No caso da pessoa desejar buscar outra mulher que não seja parente para a gestação de substituição, deve-se entrar com um pedido no Conselho Regional de Medicina, que deverá analisar o caso em específico.

Quando é indicada: normalmente, a gestação de substituição é indicada quando a mulher tem doenças de alto risco, como renais ou cardíacas, quando não tem o útero, quando já passou por muitas falhas em outras técnicas para engravidar ou tem malformações no útero.

Reprodução assistida homoafetiva

A reprodução assistida é permitida pelo Conselho Federal de Medicina para relacionamentos homoafetivos e pessoas solteiras desde que seja respeitado o direito à objeção de consciência por parte do médico, ou seja, o médico não é obrigado a realizar reprodução assistida, mas pode realizar, caso deseje e concorde com o procedimento.

No caso de casais homossexuais femininos, a reprodução assistida é chamada de gestação compartilhada, e pode ser feita quando não existe infertilidade e o óvulo utilizado é de uma das mulheres do casal. Além disso, o embrião obtido pela reprodução assistida deve ser implantado em uma das melhores do casal.

Situações que podem dificultar a gravidez

A regra geral é procurar ajuda para engravidar após 6 a 12 meses de tentativas sem sucesso, pois esse é o período em que a maior parte dos casais levam para conseguir engravidar. No entanto, é preciso estar atento a algumas situações que podem dificultar a gravidez, como:

1. Idade da mulher

Após a mulher completar 35 anos, é comum que a qualidade dos óvulos diminua, fazendo com que o casal possa ter maior dificuldade para engravidar. Assim, é recomendado tentar a gravidez natural durante 6 meses e após esse tempo, é aconselhável procurar ajuda médica.

2. Problemas no aparelho reprodutor

Mulheres com problemas no aparelho reprodutor, como útero septado, endometriose, ovário policístico ou obstrução tubária devem procurar o médico logo que decidirem engravidar, pois essas doenças aumentam a dificuldade de gerar filhos, devendo ser tratadas e acompanhadas pelo ginecologista.

A mesma regra vale para homens com diagnóstico de varicocele, que é o aumento das veias nos testículos, principal causa de infertilidade masculina.

3. Ciclo menstrual irregular

O ciclo menstrual irregular é sinal de que a ovulação pode não estar ocorrendo mensalmente. Isso significa que é mais difícil prever o período fértil, o planejamento da relação sexual e as chances de engravidar.

Assim, na presença de ciclo menstrual irregular, deve-se procurar o médico para que ele avalie a causa do problema e inicie o tratamento adequado.

4. Histórico de 3 ou mais abortos

Ter histórico de 3 ou mais abortos é motivo para procurar o médico ao decidir engravidar, pois é preciso avaliar as causas dos abortos e planejar com cuidado a próxima gravidez.

Além do cuidado antes de engravidar, toda a gestação deve ser acompanhada de perto pelo médico, para evitar complicações tanto pra mãe quanto para o bebê.

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