Transplante de pâncreas: quando é indicado, como é feito e recuperação

Transplante de pâncreas é substituição do pâncreas doente por outro saudável, sendo indicado principalmente para pessoas com diabetes tipo 1.

Essa cirurgia é feita quando o pâncreas não consegue produzir insulina, que passa a ser produzida pelo pâncreas do doador compatível, sendo possível curar a diabetes e prevenir ou até reverter complicações cardiovasculares.

O transplante de pâncreas deve ser orientado pelo endocrinologista, sendo feito pelo cirurgião de transplante, após avaliação detalhada dos benefícios e riscos do transplante, podendo ser feita, em alguns casos, junto com o transplante de rins.

Imagem ilustrativa número 1

Quando é indicado o transplante

As principais indicações para o transplante de pâncreas são:

  • Complicações da diabetes tipo 1, como hipoglicemia frequente e grave ou cetoacidose;
  • Má qualidade de vida mesmo com o tratamento com insulina;
  • Diabetes tipo 1 com insuficiência renal em estágio final ou que necessita de diálise dentro de 6 meses;
  • Diabetes tipo 1 que já fez o transplante renal, para evitar complicações como retinopatia, neuropatia e cardiopatias.

Apesar de não ser um consenso na literatura médica, na diabetes tipo 2 dependente de insulina e com insuficiência renal crônica, o transplante de pâncreas pode ser considerado.

O transplante de pâncreas pode ser feito de forma isolada, ou seja, a pessoa recebe apenas o pâncreas do doador, mas também pode ser feito junto ou após o transplante de rins.

Confira no vídeo a seguir com o Dr. Rodrigo Viana quando o transplante é indicado:

Como se preparar

Para se preparar para o transplante de pâncreas, deve-se realizar todos os exames solicitados pelo médico, como exames de sangue, testes de função renal, risco cirúrgico e exames de imagem.

Enquanto a pessoa espera pelo transplante, deve-se manter uma alimentação saudável, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e fumar, e tomar os remédios conforme orientado pelo médico.

Além disso, são feitos testes de compatibilidade com o doador para evitar a rejeição do pâncreas.

Quem pode doar o pâncreas

O pâncreas pode ser doado por um doador falecido que esteja com morte cerebral, que não possua doença e alterações no pâncreas.

Além disso, o doador não deve ter doenças infecciosas ou câncer no pâncreas e deve ser compatível com a pessoa que irá receber o órgão.

É possível também realizar a doação de uma parte do pâncreas por um doador vivo, sendo esse tipo de transplante mais raro.

Leia também: Transplante: quando é indicado, como é feito, recuperação (e outras dúvidas) tuasaude.com/transplante

Como é feito o transplante

O transplante de pâncreas é feito pelo cirurgião de transplante ou gastroenterologista, no hospital, com anestesia geral.

Para fazer o transplante de pâncreas, o médico deve seguir alguns passos:

  1. Aplicar soro fisiológico na veia para hidratar e administrar medicamentos e a anestesia geral;
  2. Fazer um corte no abdome, para inserir o pâncreas do doador no lado direito do abdômen;
  3. Ligar os vasos sanguíneos e ductos do pâncreas do doador ao receptor;
  4. Fechar o corte com pontos e colocar um curativo no local.

O pâncreas da pessoa transplantada não é retirado, pois continua a produzir sucos digestivos, enquanto o pâncreas do doador produz insulina.

Geralmente, o pâncreas do doador inicia a produção de insulina imediatamente.

Em alguns casos, junto com o transplante do pâncreas, pode ser feito o transplante de rins. Veja como é feito o transplante de rins.

Como é a recuperação

Após o transplante de pâncreas, a pessoa pode ficar em recuperação na UTI por 1 a 2 dias.

Em seguida, deve permanecer hospitalizada por cerca de 10 dias para avaliar a reação do organismo.

Desta forma, são realizados exames pra avaliar a função do pâncreas, e prevenir possíveis complicações do transplante.

Em cerca de 1 a 2 meses, a pessoa poderá, aos poucos, voltar à vida normal, conforme orientação do médico.

Cuidados diários

Após o transplante de pâncreas, alguns cuidados diários são importantes, como:

  • Tomar os remédios imunossupressores indicados pelo médico opara evitar a rejeição do pâncreas;
  • Realizar consulta médica e exames regularmente conforme indicado pelo médico;
  • Seguir a dieta balanceada conforme orientação do médico ou nutricionista;
  • Praticar atividades físicas, indicadas pelo médico;
  • Evitar fumar e consumir bebidas alcoólicas.

É muito importante manter uma boa saúde para que o pâncreas funcione bem, além de evitar novas doenças e, até, um novo diabetes.

Quando o transplante não é indicado

O transplante de pâncreas não é indicado para pessoas com doenças coronarianas não tratáveis, insuficiência hepática ou pulmonar irreversíveis, infecções ou sepse ativas, câncer incurável.

Além disso, o transplante de pâncreas pode não ser recomendado para pessoas com mais de 65 anos, hepatite B ou C ativas, IMC maior que 30Kg/m2, hábito de fumar, alcoolismo ou uso de drogas de abuso.

Riscos do transplante de pâncreas

Apesar de, na maioria das vezes, a cirurgia ter um ótimo resultado, existe o risco de algumas complicações devido ao transplante de pâncreas, como pancreatite, infecção, trombose, sangramento ou rejeição do pâncreas, por exemplo.

No entanto, os riscos diminuem ao se cumprir as orientações do endocrinologista e do cirurgião, antes e após a cirurgia, com a realização de exames e uso correto dos remédios.

Quando ir ao médico

Após o transplante de pâncreas, deve-se ir ao médico ou ao hospital mais próximo caso surjam sintomas como:

  • Febre acima de 38ºC ou calafrios;
  • Cansaço excessivo;
  • Ganho de peso repentino, de 1 Kg ou mais em 24 horas;
  • Dor que não melhora do lado direito do abdomen;
  • Vermelhidão, inchaço ou pus na cicatriz;
  • Tosse com catarro ou sangue;
  • Feridas ou bolhas na pele.

Esses sintomas podem ser indicativos de infecção ou rejeição do transplante do pâncreas.

Por isso, deve-se ir imediatamente ao pronto-socorro caso surjam esses sintomas para realizar o tratamento adequado.