Desbridamento: o que é, para que serve e como é feito

Atualizado em janeiro 2023

O desbridamento é um procedimento realizado para remover o tecido necrosado, morto, e infeccionado das feridas, melhorando a cicatrização e evitando que a infecção se espalhe para outros locais do corpo.

O desbridamento, ou debridamento, pode também pode ser feito para remover materiais estranhos do interior da ferida, como pedaços de vidros, por exemplo.

O procedimento é feito pelo médico, clínico geral ou vascular, no centro cirúrgico ou por um enfermeiro treinado, em um ambulatório ou clínica sendo que podem ser indicados diferentes tipos, dependendo das características da ferida e condições de saúde da pessoa.

Imagem ilustrativa número 2

Para que serve

O desbridamento serve para:

  • Remover tecido morto e necrosado de ferida;
  • Promover a cicatrização;
  • Diminuir a quantidade de secreções na ferida;
  • Diminuir a ação dos microrganismos;
  • Melhorar a absorção de pomadas com antibióticos.

O desbridamento cirúrgico, por exemplo, é muito utilizado em casos de pessoas com feridas do pé diabético, pois este procedimento reduz a inflamação e libera substâncias que ajudam no crescimento do tecido saudável dentro da ferida. Saiba como cuidar e tratar feridas do pé diabético.

Como é feito

Antes da realização do procedimento o médico, ou o enfermeiro, vai examinar a ferida, verificando a extensão dos locais com necrose e também vai analisar as condições de saúde em geral, pois pessoas com problemas de coagulação, como púrpura trombocitopênica idiopática, podem ter dificuldade de cicatrização, além de terem maior risco de sangramento durante o desbridamento.

O local e a duração do procedimento depende da técnica de desbridamento a ser utilizada, podendo ser feita em um centro cirúrgico de um hospital ou ambulatório com sala de curativos. Por isso, antes do procedimento o médico, ou enfermeiro, vai explicar o procedimento que será realizado e fazer recomendações específicas, que deverão ser seguidas conforme instruções.

Após o procedimento é necessário tomar alguns cuidados como manter o curativo limpo e seco, evitando banhos de piscina ou de mar e não aplicar pressão no local da ferida.

Principais tipos do desbridamento

Existem diferentes tipos de desbridamento que são indicados pelo médico de acordo com características da ferida como tamanho, profundidade, localização, quantidade de secreção e se tem infecção ou não, e podem ser:

  • Autolítico: é realizado pelo próprio corpo de forma natural, através de processos parecidos com a cicatrização, promovidos pelas células de defesa, os leucócitos. Para melhorar os efeitos deste tipo de desbridamento é necessário manter a ferida úmida com soro fisiológico e curativos com hidrogel, ácidos graxos essenciais (AGE) e alginato de cálcio;
  • Cirúrgico: consiste na cirurgia para remover o tecido morto de uma ferida e é feita em casos em que as feridas são grandes. Este procedimento só pode ser realizado por um médico, em centro cirúrgico, sob anestesia local ou geral;
  • Instrumental: pode ser feito por um enfermeiro treinado, em uma sala de curativos, e baseia-se na retirada de tecido morto e pele infeccionada com auxílio de bisturi e pinças. Geralmente, devem ser realizadas várias sessões para a retirada gradual do tecido necrosado e não causa dor, pois este tecido morto não tem células que levam à sensação de dor;
  • Enzimático ou químico: consiste na aplicação de substâncias, tipo pomadas, diretamente na ferida para que o tecido morto seja removido. Algumas destas substâncias têm enzimas que eliminam a necrose, como a colagenase e as fibrinolisinas;
  • Mecânico: envolve a retirada do tecido morto através de fricção e irrigação com soro fisiológico, entretanto, não é muito utilizada pois requer cuidados específicos para que não ocorra sangramento na ferida.

Além disso, existe uma técnica utilizada que chama-se desbridamento biológico que utiliza larvas estéreis da espécie Lucilia sericata, da mosca verde comum, para comerem o tecido morto e as bactérias da ferida, controlando a infecção e melhorando a cicatrização. As larvas são colocadas na ferida com um curativo que deve ser substituído duas vezes por semana.

Possíveis complicações

As complicações mais comuns do desbridamento podem ser sangramento da ferida, irritação da pele em volta, dor depois do procedimento e reação alérgica aos produtos utilizados, no entanto, os benefícios são maiores e devem ser considerados como prioridade, pois em alguns casos, uma ferida não se cura sem fazer desbridamento.

Ainda assim, se depois do desbridamento surgirem sintomas como febre, inchaço, sangramento e dor intensa é necessário buscar atendimento médico rapidamente para que seja recomendado o tratamento mais adequado.