Pé diabético: o que é, sintomas, tratamento e cuidados essenciais

Atualizado em setembro 2022

O pé diabético é um conjunto de alterações que surgem nos pés de pessoas com diabetes não controlado. Normalmente, o pé diabético começa por surgir como pequenas feridas e úlceras que demoram para cicatrizar e que, por isso, podem causar infecções, aumentando o risco de amputação.

Este tipo de complicação é mais comum quando os níveis de açúcar no sangue estão muito descontrolados e, por isso, uma das melhores formas de evitar o seu surgimento é fazendo o tratamento adequado da diabetes. Confira as 6 principais complicações da diabetes.

Além disso, para evitar o aparecimento de pé diabético é recomendado fazer o check-up regular dos pés, que pode ser feito diariamente em casa, mas que também deve ser feito por um médico no consultório. Nos casos em que o pé diabético já está presente é muito importante fazer os curativos no posto de saúde ou no hospital.

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Imagem ilustrativa número 3
Foto de pé diabético com úlcera que não cicatriza

Principais sintomas

Os principais sintomas de pé diabético são:

  • Feridas ou úlceras nos pés que demoram para cicatrizar;
  • Dor ou formigamento constante;
  • Perda de sensibilidade no pé;
  • Inchaço do pé;
  • Cheiro fétido no pé;
  • Pele mais grossa no pé;
  • Saída de pus pelas feridas;
  • Alterações da temperatura da pele do pé.

Na presença de qualquer um destes sintomas é muito importante consultar o médico para fazer uma avaliação detalhada da pele e identificar o risco de pé diabético, iniciando o tratamento adequado.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico do pé diabético é feito pelo clínico geral ou endocrinologista ou cirurgião vascular e é baseado nos sinais e sintomas apresentados no membro inferior. Porém, o médico também pode utilizar instrumentos clínicos e/ou solicitar outros exames para confirmar o diagnóstico, como o diapasão Rydel-Seiffer, que é utilizado para produzir uma vibração que a pessoa deve ser capaz de sentir no pé. Outro exame muito frequente é o Eco-doppler, no qual um ultrassom é aplicado para avaliar o fluxo sanguíneo nas grandes artérias e veias dos braços e pernas.

Quem tem maior risco de pé diabético

O aparecimento de pé diabético é mais frequente em pessoas com:

  • Diagnóstico de diabetes há mais de 10 anos;
  • Neuropatia diabética;
  • Histórico de úlceras ou amputação de membro inferior;
  • Alterações nas unhas dos pés.

Este tipo de complicação também é mais comum em homens e em pessoas que não fazem o tratamento adequado da diabetes ou que não procuram um médico regularmente para avaliação.

Como é classificado o pé diabético

Existem duas escalas para identificar o grau de desenvolvimento do pé diabético:

1. Classificação de Wagner

O uso desta escala tem vindo a diminuir, tendo sido substituída pela escala de Texas. Nesta classificação existem 6 graus, de acordo com o tipo de alterações presentes:

  • Grau 0: pé de alto risco, mas sem feridas ou úlceras;
  • Grau I: presença de úlcera superficial;
  • Grau II: presença de úlcera profunda, com envolvimento do tendão;
  • Grau III: úlcera com envolvimento ósseo;
  • Grau IV: gangrena localizada;
  • Grau V: gangrena do pé.

2. Classificação de Texas

Esta escala foi desenvolvida pela Universidade de Texas e classifica as lesões do pé diabético de acordo com a profundidade e a presença de infecção ou isquemia no pé:

  Grau 0 Grau 1 Grau 2 Grau 3
  Lesão epitelizada pré ou pós-ulcerativa. Ferida superficial que não envolve tendão, cápsula ou osso. Lesão que penetra o tendão ou cápsula. Ferimento que penetra o osso ou articulação.
Estágio A Sem infecção ou isquemia. Sem infecção ou isquemia. Sem infecção ou isquemia. Sem infecção ou isquemia.
Estágio B Com infecção. Com infecção. Com infecção. Com infecção.
Estágio C Com isquemia. Com isquemia. Com isquemia. Com isquemia.
Estágio D Com infecção e isquemia. Com infecção e isquemia. Com infecção e isquemia. Com infecção e isquemia.

É importante que todas as lesões do pé diabético seja avaliadas e classificadas pelo médico, já que isso irá ajudar a adequar o tratamento e os cuidados necessários.

Como é feito o tratamento

O tratamento do pé diabético é feito de acordo com os sinais e sintomas apresentados, além da classificação das lesões do pé diabético, e deve ser sempre orientado por um médico, mesmo no caso de pequenos cortes ou feridas, pois podem piorar rapidamente.

O tratamento pode envolver:

  • Uso de antibióticos;
  • Uso de pomadas antimicrobianas no local afetado;
  • Novas alterações na dieta ou no uso de medicamentos para controlar a diabetes;
  • Realização de curativo diário da ferida.

Nos casos mais graves, pode ser necessário fazer cirurgia para retirar a região afetada da pele e favorecer a cicatrização. No entanto, quando a ferida não é detectada numa fase inicial ou quando o paciente não cumpre o tratamento adequadamente, a região afetada pode ser muito grande, podendo ser necessário amputar o pé ou parte do pé.

Em alguns casos, quando a úlcera é muito profunda e necessita de cuidados muito constantes, pode ser recomendado o internamento no hospital.

5 cuidados essenciais com o pé diabético

Alguns cuidados fundamentais que devem ser mantidos durante o tratamento, mas que também ajudam a evitar o surgimento de pé diabético são:

1. Manter a glicemia controlada

Esta é a etapa mais importante para tratar ou evitar o pé diabético, porque quando os níveis de açúcar se mantêm elevados por muito tempo, o sangue tem mais dificuldade de chegar às extremidades do corpo, e os pés são a região mais afetada pela má circulação.

Assim, quando há pouco sangue chegando até aos pés, as células ficam fracas e o pé começa a perder sensibilidade, fazendo com que cortes ou feridas cicatrizem muito lentamente e só sejam notados quando já estão em um estágio muito avançado.

2. Observar os pés diariamente

Devido ao risco de perda de sensibilidade, os diabéticos devem ter o hábito de avaliar os pés diariamente, seja na hora do banho ou ao acordar, por exemplo. Se a condição física não permitir ou se a visibilidade não for boa, pode-se usar um espelho ou pedir ajuda de outra pessoa durante a vistoria dos pés.

É preciso procurar por rachaduras, frieiras, cortes, feridas, calos ou alterações na cor, devendo-se procurar o médico se notar a presença de alguma dessas alterações.

3. Manter os pés limpos e hidratados

Deve-se lavar os pés todos os dias com água morna e sabonete neutro, tendo cuidado para higienizar bem entre os dedos e no calcanhar. Depois, deve-se secar os pés com uma toalha macia, sem esfregar a pele, apenas secando com leves pressões da toalha.

Após a lavagem, é ainda importante passar um hidratante sem cheiro em todo o pé, tendo cuidado para não deixar creme acumulado entre os dedos e nas unhas. Deve-se deixar secar naturalmente antes de vestir meias ou sapatos fechados.

4. Cortar as unhas 2 vezes por mês e não retirar calos

É importante evitar fazer as unhas com muita frequência, sendo que ideal é fazer apenas 2 vezes por mês, para não estimular o surgimento de cantos de unha ou unhas encravadas. Além disso, deve-se evitar tirar a cutícula, pois ela é importante para proteger a pele de feridas e arranhões.

Também é importante cortar as unhas em linha reta, e os calos só devem ser retirados por um profissional especializado em pés e que saiba da presença da diabetes. Caso os calos apareçam com muita frequência, deve-se falar com o médico para investigar as causas e iniciar o tratamento.

5. Usar sapatos fechados e macios

O sapato ideal para o diabético deve ser fechado, para evitar feridas e rachaduras, além de ser macio, confortável e de solas rígidas, para dar segurança durante a caminhada.

As mulheres devem preferir saltos baixos e quadrados, que fornecem um melhor equilíbrio para o corpo. Deve-se evitar calçados de plástico, de ponta fina ou apertados, e uma boa dica é ter sempre um segundo par de sapatos para trocar no meio do dia, para que o pé não sofra a pressão e o desconforto do mesmo sapato por muito tempo.

Possíveis complicações do pé diabético

As complicações mais frequentes do pé diabético são infecção de membro inferior, dor ou dormência na área e isquemia. A principal complicação e a mais grave do pé diabético é a amputação do membro inferior, ou seja, o corte cirúrgico, seja só do pé ou da perna.

Além disso, como a neuropatia diabética é um estágio avançado da diabetes, a pessoa pode ter problemas de visão, como cegueira, e até mesmo problemas renais que levam à diálise ou tratamento de hemodiálise após a cirurgia. A infecção mais comum do pé diabético é a osteomielite, que pode levar à amputação da pele devido ao mau controle da doença. Saiba mais sobre os sintomas e tratamento da osteomielite. Entenda melhor o que é a neuropatia diabética e como evitar.