Eclâmpsia é uma complicação da hipertensão na gravidez e da pré-eclâmpsia, causando convulsões de início súbito e não relacionadas a problemas neurológicos.
Essa complicação pode surgir principalmente a partir da 20ª semana de gestação, sendo mais comum no último trimestre da gravidez, podendo também acontecer durante o parto ou até 6 semanas após o parto.
Leia também: Pré-eclâmpsia: sintomas, tratamento e riscos para o bebê tuasaude.com/sintomas-de-pre-eclampsiaO tratamento da eclâmpsia é feito no hospital pelo obstetra, devendo a grávida ir ao pronto-socorro rapidamente assim que surgem os sintomas, para evitar complicações que podem colocar a vida da mulher e do bebê em risco.

Sintomas de eclâmpsia
O principal sintoma de eclâmpsia é o surgimento de convulsões tônico-clônicas generalizadas, que apresenta as seguintes características:
- Rigidez muscular no corpo;
- Tremores;
- Movimentos bruscos no rosto, braços e pernas;
- Salivação excessiva;
- Emissão de sons, como gemido, choro, sons ofegantes ou gorgolejantes;
- Perda do controle da bexiga;
- Mordida na língua;
- Perda da consciência.
As convulsões da eclâmpsia não estão relacionadas a problemas neurológicos, e surgem em gestantes com pressão alta na gravidez ou pré-eclâmpsia. Veja como devem ser os primeiros socorros para convulsão.
No entanto, algumas gestantes podem desenvolver eclâmpsia sem que tenham aumento grave da pressão arterial.
Leia também: Pressão alta na gravidez: sintomas, causas, riscos e tratamento tuasaude.com/pressao-alta-na-gravidezEssas convulsões podem surgir de forma repentina, sem nenhum outro sintoma, ou a gestante pode apresentar alterações visuais ou do estado mental minutos antes das convulsões.
Sinais de alerta para eclâmpsia
Os principais sinais de alerta de eclâmpsia, antes do início das convulsões, são:
- Visão embaçada ou dupla ou flashes de luz na visão;
- Perda total ou parcial da visão em uma região do campo visual;
- Dor de cabeça intensa e repentina;
- Inchaço repentino nas mãos, pernas, tornozelos ou rosto;
- Dor no lado direito do abdômen;
- Dificuldade para respirar ou falta de ar;
- Náuseas e vômitos;
- Diminuição da quantidade de urina;
- Tontura ou confusão mental.
Na presença desses sinais, a gestante deve ir imediatamente ao pronto-socorro para iniciar rapidamente o tratamento, pois a eclâmpsia pode colocar a vida da mulher e do bebê em risco.
Leia também: 13 sinais de alerta para a grávida ir ao hospital tuasaude.com/sinais-que-a-gravidez-nao-vai-bemComo confirmar o diagnóstico
O diagnóstico da eclâmpsia é feito pelo obstetra no hospital através da avaliação dos sintomas e histórico de pressão alta antes ou durante a gestação e de pré-eclâmpsia.
Além disso, o médico deve fazer várias medições da pressão arterial, monitorar o bebê e solicitar exames laboratoriais e de imagem, ao mesmo tempo que já inicia o tratamento da eclâmpsia.
A eclâmpsia é caracterizada por pressão arterial maior que 14x9 mmHg e presença de proteínas na urina.
Exames para eclâmpsia
Os principais exames para eclâmpsia que podem ser solicitados pelo obstetra são:
- Hemograma completo com plaquetas;
- Testes de função do fígado e dos rins;
- Exames de urina para avaliar a presença de proteínas;
- Exames toxicológicos;
- Níveis de peptídeo natriurético cerebral no sangue.
Além disso, o médico pode solicitar raio X de tórax para avaliar os pulmões da gestante e ultrassom obstétrico para avaliar a saúde do bebê.
Caso seja necessário, o médico pode solicitar exames neurológicos, após o episódio de convulsão, para descartar outros problemas neurológicos.
Qual a diferença entre eclâmpsia e pré-eclâmpsia?
Tanto a eclâmpsia como a pré-eclâmpsia são distúrbios na gravidez relacionados com a pressão alta, acima de 140X90 mmHg e presença de proteínas na urina.
No entanto, a eclâmpsia é considerada uma evolução da pré-eclâmpsia, com o surgimento de convulsões generalizadas.
Possíveis causas
A causa exata da eclâmpsia ainda não é completamente conhecida, no entanto, parece estar relacionada a problemas no desenvolvimento dos vasos sanguíneos da placenta.
Isso resulta em um fluxo sanguíneo inadequado para a placenta, podendo provocar infarto placentário e liberação de substâncias tóxicas na corrente sanguínea, que podem chegar ao cérebro, causando convulsões.
Quem tem maior risco
Os principais fatores que podem aumentar o risco de eclâmpsia na gravidez, são:
- Gravidez em idade superior a 35 anos ou inferior a 18;
- Pressão alta crônica antes da gravidez;
- Histórico pessoal de pressão alta na gravidez;
- Histórico familiar de pré-eclâmpsia;
- Gravidez de gêmeos;
- Obesidade materna;
- Diabetes, doença renal ou distúrbios autoimunes.
Além disso, a fertilização in vitro, a falta ou pré-natal inadequado, ou intervalo de 10 anos ou mais entre uma gestação e outra, também podem aumentar o risco de eclâmpsia.
Como é feito o tratamento
O tratamento da eclâmpsia deve ser feito com orientação do obstetra, no hospital, para prevenir complicações para a gestante e o bebê.
Os principais tratamentos para eclâmpsia são:
1. Aplicação de sulfato de magnésio
A aplicação de sulfato de magnésio para eclâmpsia é o tratamento inicial para prevenir outras crises convulsivas na gestante, não sendo um remédio para tratar as convulsões.
O sulfato de magnésio é aplicado pelo enfermeiro diretamente na veia, com doses orientadas pelo obstetra.
Caso seja difícil o acesso venoso na gestante, o sulfato de magnésio pode ser aplicado diretamente no músculo.
De forma geral, esse medicamento é continuado até 24 horas após a última convulsão.
2. Uso de remédios para eclâmpsia
O uso de remédios para eclâmpsia, como anticonvulsivantes ou anti-hipertensivos, podem ser indicados pelo obstetra para o tratamento de convulsões recorrentes e para baixar a pressão arterial.
Os principais remédios para eclâmpsia são:
- Lorazepam ou diazepam;
- Fenitoína;
- Hidralazina, labetalol ou nifedipina.
Esses remédios são aplicados diretamente na veia pelo enfermeiro, sob supervisão médica.
Além disso, pode ser recomendada a aplicação de corticoides no músculo, antes do parto, em gestações com menos de 34 semanas, para amadurecer os pulmões do bebê.
3. Suporte ventilatório
Em todos os casos de pré-eclâmpsia, é feito o tratamento com suporte ventilatório através do uso máscara de oxigênio, para garantir o fornecimento de oxigênio adequado para a mulher e o bebê.
Além disso, a saturação de oxigênio deve ser monitorada constantemente pela equipe médica após a convulsão, além de ser feita a avaliação de complicações, como aspiração das secreções para os pulmões e edema pulmonar.
Leia também: Oxigenoterapia: o que é, tipos, para que serve e cuidados tuasaude.com/oxigenoterapia4. Monitoramento da gestante e do bebê
Durante o tratamento da eclâmpsia, é feito o monitoramento da gestante, como sinais vitais, produção de urina e níveis de oxigênio por pelo menos 72 horas após a convulsão.
No caso do bebê, o monitoramento é feito através de exames de ultrassom obstétrico.
Leia também: Ultrassom obstétrico: o que é, para que serve e como é feito tuasaude.com/ultrassom-obstetrico5. Antecipação do parto
A eclâmpsia é uma indicação para a antecipação do parto, que pode ser feito através da indução do parto ou cesárea. Veja como é feita a indução do parto.
O tipo de parto deve ser indicado pelo obstetra de acordo como o estado de saúde da mulher, idade gestacional, posição do bebê e condições do colo do útero.
Quando do colo do útero é desfavorável ou nos casos de gravidez com menos de 30 semanas de gestação, existe um maior risco de falha na indução do parto. Nesses casos, o médico pode indicar a cesárea.
Leia também: 8 situações em que a cesárea é recomendada (e quando fazer) tuasaude.com/6-boas-razoes-para-fazer-uma-cesareaEclâmpsia tem cura?
A eclâmpsia tem cura, sendo que a única forma de alcançar a cura é através do parto antecipado.
Apesar da eclâmpsia normalmente melhorar após o parto, podem surgir complicações nos dias seguintes.
Por isso, a mulher deve ser monitorada rigorosamente e quando observada a persistência de sinais de eclâmpsia.
Desta forma, a hospitalização pode durar desde alguns dias até semanas, dependendo da gravidade do eclâmpsia e das possíveis complicações.
Eclâmpsia no pós parto
A eclâmpsia também pode surgir após o parto do bebê, geralmente até 48 horas após o parto, principalmente nas mulheres que tiveram pré-eclâmpsia na gestação.
Por isso, é importante manter a avaliação mesmo depois do parto, para que se possa identificar qualquer sinal de piora, só devendo receber alta hospitalar após a normalização da pressão e a melhora dos sintomas.
Leia também: Eclampsia pós parto: o que é, sintomas, causas e tratamento tuasaude.com/eclampsia-pos-partoPossíveis complicações
A eclâmpsia pode provocar algumas complicações na mulher e no bebê, que podem colocar a vida em risco, principalmente quando não tratada rapidamente assim que identificada.
1. Complicações da eclâmpsia para a mulher
As principais complicações da eclâmpsia para a mulher são:
- Descolamento prematuro da placenta;
- Insuficiência renal ou hepática;
- Coagulação intravascular disseminada (CIVD);
- Edema pulmonar ou pneumonia por aspiração;
- Tromboembolismo venoso.
Além disso, outras complicações são AVC ou lesões neurológicas, síndrome de HELLP ou parada cardiorrespiratória. Saiba mais sobre o que é e como tratar a síndrome HELLP.
2. Complicações da eclâmpsia para o bebê
As principais complicações da eclâmpsia para o bebê são:
- Prematuridade;
- Restrição de crescimento fetal;
- Baixo peso ao nascer;
- Danos cerebrais ou paralisia cerebral;
- Síndrome do desconforto respiratório neonatal.
Além disso, pode haver necessidade de hospitalização prolongada na UTI neonatal, devido ao parto prematuro.
Outra complicação da eclâmpsia é a morte fetal, que acontece dentro do útero, ou bebê natimorto, com o nascimento do bebê sem sinais vitais.
Como prevenir a eclâmpsia
A forma de prevenir a eclâmpsia é controlar a pressão arterial durante a gravidez e fazer os exames pré-natal necessários para detectar qualquer alteração indicativa desta doença, como a pré-eclâmpsia. Saiba como identificar a pré-eclâmpsia e quando pode se tornar grave.