A morte cerebral e o coma são duas condições muito diferentes mas clinicamente importantes, que normalmente podem surgir após um trauma sério no cérebro, como após um acidente grave, queda de grande altura, derrame, tumores ou overdose, por exemplo.
Embora o coma possa evoluir para morte cerebral, geralmente são fases muito diferentes e que afetam de forma distinta a recuperação da pessoa. Na morte cerebral ocorre uma perda definitiva das funções do cérebro e, por isso, a recuperação não é possível. Já o coma é uma situação em que o paciente mantém algum nível de atividade cerebral, que pode ser detectado num eletroencefalograma, e há esperança de recuperação.
1. O que é o coma
O coma é um estado de perda de consciência profundo, no qual a pessoa não acorda, mas o cérebro continua produzindo sinais elétricos que se espalham pelo corpo e que mantêm os sistemas mais básicos e importantes para a sobrevivência, como a respiração ou a resposta dos olhos à luz, por exemplo.
Muitas vezes, o coma é reversível e, por isso, a pessoa pode voltar a acordar, no entanto, o tempo até que o estado de coma passe é muito variável, de acordo com a idade, estado de saúde geral e a causa. Existem até situações em que o coma é induzido pelos médicos para aumentar a velocidade de recuperação do paciente, como acontece nos casos de traumatismos cranio-encefálicos graves.
Uma pessoa que está em coma é considerada legalmente viva, independente da gravidade ou do tempo de duração desse estado.
O que acontece quando a pessoa está em coma
Quando a pessoa está em coma ela precisa estar ligada a aparelhos para respirar e é constantemente monitorada sua circulação, urina e fezes. A alimentação é feita através de sondas porque a pessoa não esboça nenhuma reação e por isso precisa ficar internada no hospital ou em casa, necessitando de cuidados constantes.
2. O que é a morte cerebral
A morte cerebral acontece quando já não existe qualquer tipo de atividade elétrica no cérebro, embora o coração continue batendo e o corpo possa ser mantido vivo com um respirador artificial e alimentação diretamente através da veia.
A pessoa em morte cerebral pode voltar a acordar?
Os casos de morte cerebral são irreversíveis e, por isso, ao contrário do coma, a pessoa já não poderá voltar a acordar. Por esse motivo, a pessoa morte cerebral é considerada legalmente morta e os aparelhos que mantêm o corpo vivo podem ser desligados, especialmente se forem necessários para outros casos em que existe chances de sucesso.
Como se confirma a morte cerebral
A morte cerebral precisa ser confirmada por um médico, após avaliação de vários tipos de respostas involuntárias corporais que avaliam a presença de atividade cerebral. Assim, uma pessoa é considerada com morte cerebral quando:
- Não responde a ordens simples como "abra os olhos", "feche a mão" ou "mexa um dedo";
- Os braços e as pernas não reagem quando são movimentados;
- As pupilas não mudam de tamanho com a presença de luz;
- Os olhos não fecham quando se toca no olho;
- Não existe reflexo de vômito;
- A pessoa não é capaz de respirar sem a ajuda de máquinas.
Além disso, podem ainda ser feitos outros testes, como um eletroencefalograma, para garantir que não existe qualquer tipo de atividade elétrica no cérebro.
O que fazer em caso de morte cerebral
Ao receber a notícia de que o paciente encontra-se em morte cerebral os médicos geralmente questionam a família direta da vítima se autorizam a doação de órgãos, desde que estes estejam saudáveis e em condições de salvarem outras vidas.
Alguns órgãos que podem ser doados em caso de morte cerebral são coração, rins, fígado, pulmões e a córnea dos olhos, por exemplo. Como existem muitos pacientes esperando na fila para receber um órgão, os órgãos do paciente em morte cerebral poderão contribuir para o tratamento e até mesmo salvar a vida de uma outra pessoa em menos de 24 horas.