Algumas alterações na tireoide, como o hipo e o hipertireoidismo, podem interferir no ciclo menstrual, uma vez que há um desequilíbrio nos níveis dos hormônios T3, T4 e TSH, que são hormônios que influenciam diretamente o funcionamento do sistema reprodutivo feminino, incluindo na concentração de estrógeno e progesterona circulantes.
Assim, no caso de hipotireoidismo, é possível que a mulher apresente um ciclo menstrual mais irregular, com maior fluxo e mais cólicas, enquanto que no hipertireoidismo, é mais comum haver diminuição do fluxo menstrual e, em alguns casos, amenorreia, que é a ausência de menstruação.
É importante que o ginecologista seja consultado caso seja observado qualquer alteração no período menstrual, pois assim podem ser solicitados exames que permitam identificar a causa e iniciar o tratamento mais adequado.
Como a tireoide afeta a menstruação
As possíveis alterações que podem acontecer no ciclo menstrual devido a alterações no funcionamento da tireoide são:
1. Hipotireoidismo
O hipotireoidismo é caracterizado pelo aumento da concentração de TSH circulante e diminuição dos níveis de T3 e T4, podendo levar às seguintes alterações:
- Aparecimento da menstruação antes dos 10 anos, que pode acontecer porque o TSH aumentando tem um pequeno efeito semelhante aos hormônios FSH e LH, que são responsáveis por regular a menstruação.;
- Menstruação antecipada, ou seja, a mulher que tinha um ciclo de 30 dias, pode passar a ter de 24 dias, por exemplo, ou a menstruação pode vir fora de hora;
- Aumento do fluxo menstrual, chamada de menorragia, sendo necessário trocar o absorvente mais vezes ao longo do dia e, além disso, o número de dias da menstruação pode aumentar;
- Cólicas menstruais mais intensas, chamadas de dismenorreia, que causa dor pélvica, dor de cabeça e mal-estar, podendo ser necessário tomar analgésicos para alívio da dor.
Outra alteração que pode acontecer é a dificuldade para engravidar, porque há uma diminuição da fase lútea. Além disso, pode ainda ocorrer galactorreia, que consiste na saída de 'leite' pelos mamilos, ainda que a mulher não esteja grávida.
2. Hipertireoidismo
O hipertireoidismo acontece quando há menor quantidade de TSH circulante e concentração normal ou mais elevada de T3 e T4, podendo causar:
- Atraso da 1ª menstruação, quando a menina ainda não teve sua menarca e já apresenta hipertiroidismo na infância;
- Menstruação atrasada, devido a alterações no ciclo menstrual, que pode ficar mais espaçado, havendo um maior intervalo entre os ciclos;
- Diminuição do fluxo menstrual, que pode ser percebido nos absorventes, porque há menos sangramento por dia;
- Ausência da menstruação, que se pode prolongar por vários meses.
Após fazer uma cirurgia para retirar uma parte da tireoide, também podem surgir alterações na menstruação. Logo depois da cirurgia, ainda no hospital, pode ocorrer um sangramento forte mesmo que a mulher esteja tomando a pílula de uso contínuo normalmente.
Esse sangramento pode durar 2 ou 3 dias, e depois de 2 a 3 semanas pode haver uma nova menstruação, que pode chegar de surpresa, e isso indica que a metade da tireoide que permaneceu ainda está se adaptando à nova realidade, e ainda precisa de se ajustar em relação à quantidade de hormônios que precisa produzir.
Quando ir ao médico
Deve-se marcar uma consulta com um ginecologista, se a mulher apresentar as seguintes alterações:
- Tiver mais de 12 anos e ainda não tiver menstruado;
- Ficar mais de 90 dias sem menstruação, e se não estiver tomando a pílula de uso contínuo, nem estiver grávida;
- Sofrer um aumento das cólicas menstruais, que impedem de trabalhar ou estudar;
- Surgir sangramento por mais de 2 dias, totalmente fora do período menstrual;
- A menstruação ficar mais abundante que o habitual;
- A menstruação durar mais de 8 dias.
O médico poderá solicitar exames TSH, T3 e T4, para avaliar os hormônios tireoidianos, de forma a poder verificar se há necessidade de tomar medicamentos para regular a tireoide, porque assim a menstruação ficará normalizada. Conheça os exames que avaliam a tireoide.