O que é:
A tireoidite é um grupo de doenças inflamatórias da glândula tireoide que podem causar sintomas como dor na região do pescoço, dificuldade para engolir, febre ou calafrios, além de também poder provocar sintomas do hipotireoidismo ou hipertireoidismo.
A inflamação na tireoide pode acontecer devido a diversas situações, como alterações da imunidade, infecções ou uso de remédios, por exemplo, podendo acontecer de forma aguda, em que a evolução é mais rápida, ou de forma crônica, em que a inflamação acontece de forma gradual.
O tratamento da tireoidite é feito pelo endocrinologista e varia de acordo com sua causa e tipo de tireoidite, sendo importante iniciar o tratamento logo que surgem os primeiros sintomas, já que em alguns casos há grande chance de cura.
Sintomas de tireoidite
Os principais sintomas de tireoidite são:
- Dor no pescoço;
- Bócio;
- Dificuldade para engolir;
- Febre ou calafrios;
- Aumento da sensibilidade da tireoide ao toque;
- Rouquidão ou sensação de asfixia;
- Ganho ou perda de peso.
Esses sintomas variam de acordo com o tipo de tireoidite, podendo também ocorrer sintomas de hipotireoidismo, como pele seca, cansaço ou prisão de ventre, ou hipertireoidismo, como batimentos cardíacos acelerados, nervosismo, tremor ou diarreia. Saiba identificar os sintomas de hipotireoidismo e hipertireoidismo.
Desta forma, é importante consultar o endocrinologista assim que surgem os sintomas, para que seja diagnosticado, identificado o tipo de tireoidite e iniciado o tratamento mais adequado.
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Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico da tireoidite é feito pelo endocrinologista através da avaliação dos sintomas, histórico de saúde e de infecções respiratórias recentes, uso de remédios e exame físico feito com a palpação da glândula tireoide, para avaliar tamanho, textura, presença de nódulos ou dor.
Além disso, o médico deve solicitar exames que avaliam os hormônios tireoidianos, como TSH, T3 e T4, além do ultrassom da tireoide. No caso da presença de nódulo na tireoide, pode ser feito pelo médico o exame de PAAF, que é uma biópsia para descartar câncer da tireoide. Saiba como é feito o exame PAAF.
Outros exames que o médico pode solicitar para identificar a causa e o tipo de tireoidite são VHS, proteína C reativa (PCR), dosagem de anticorpos, como anticorpos antitireoidianos (TPO) ou anticorpos estimulantes do receptor da tireoide (TRAb), além do exame de captação do iodo radioativo, que avalia a função da tireoide. Conheça mais sobre os exames que avaliam a tireoide.
Possíveis causas
A tireoidite é causada por uma inflamação na tireoide, sendo que alguns fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento, como:
- Problemas autoimunes;
- Infecções por bactérias ou vírus;
- Fibrose da tireoide;
- Uso de remédios, como amiodarona ou lítio.
Além disso, a tireoidite também pode surgir devido a radiação na região da tireoide, como acontece na radioterapia para o tratamento do hipertireoidismo ou câncer.
Tipos de tireoidite
De acordo com a causa da inflamação da tireoide, a tireoidite pode ser classificada em alguns tipos, sendo os principais:
1. Tireoidite de Hashimoto
A tireoidite de Hashimoto é o tipo mais comum de tireoidite crônica em que o corpo produz anticorpos que atacam as células da tireoide, como se fossem estranhas ao organismo, provocando inflamação, sendo mais frequente em mulheres dos 30 aos 50 anos, apesar de poder surgir em qualquer fase da vida.
Os sintomas iniciais da tireoidite de Hashimoto geralmente são semelhantes ao hipertireoidismo, pois a destruição inicial da tireoide pelo sistema imunológico pode levar ao aumento de hormônios tireoidianos.
No entanto, à medida que a destruição da tireoide evolui, os sintomas são os mesmos do hipotireoidismo, pois a tireoide não é capaz de produzir hormônios tireoidianos. Confira todos os sintomas da tireoidite de Hashimoto.
Tratamento: o tratamento é feito pelo endocrinologista e normalmente é indicada a reposição dos hormônios tireoidianos, com uso de levotiroxina, no entanto, a sua indicação depende dos valores da função tireoidiana, o que pode ser verificado através dos exames de sangue de TSH e T4 livre.
2. Tireoidite de Quervain
A tireoidite de Quervain, também conhecida como tireoidite granulomatosa subaguda, é causada por infeções por vírus, como o da caxumba, influenza, adenovírus, ecovírus ou Coxsackie, por exemplo.
Esta doença provoca uma intensa inflamação na tireoide e a destruição de suas células, sendo mais comum em mulheres dos 25 aos 30 anos.
Os sintomas desse tipo de tireoidite geralmente surgem de 2 a 8 semanas após infecções virais do trato respiratório superior, sendo mais comum de ocorrer dor na região da tireoide, que pode irradiar para o maxilar ou orelhas.
Além disso, a tireoide pode estar um pouco aumentada, provocando dor de garganta e dificuldade para engolir. Também podem haver sintomas de infecção das vias respiratórias, como tosse e produção de secreção.
Tratamento: o tratamento para esse tipo de tireoidite é feito com medicamentos para aliviar os sintomas, principalmente com anti-inflamatórios, como naproxeno, por exemplo. Em casos de sintomas intensos ou persistentes, pode ser indicado pelo endocrinologista o uso de corticoides, como prednisona.
3. Tireoidite linfocítica subaguda
A tireoidite linfocítica, também conhecida como tireoidite silenciosa ou indolor, também é causada devido à autoimunidade, em que anticorpos produzidos no organismo atacam tireoide, sendo mais comum em mulheres dos 30 aos 60 anos.
Esse tipo de tireoidite não costuma provocar dor ou sensibilidade na tireoide, no entanto, estimula a liberação de hormônios tireoidianos, o que pode provocar um período com sintomas de hipertireoidismo, que costuma se recuperar em algumas semanas a meses.
Em alguns casos, pode haver também um breve período de hipotireoidismo.
Tratamento: a tireoidite linfocítica não tem tratamento específico, sendo indicado o controle dos sintomas de hipertireoidismo. Em alguns casos, o médico pode indicar o uso de medicamentos como propranolol ou metoprolol para controle dos batimentos cardíacos no hipertireoidismo ou a reposição de hormônios na fase de hipotireoidismo, por exemplo.
4. Tireoidite de Riedel
A tireoidite de Riedel, também conhecida como tireoidite fibrótica, é outro tipo de tireoidite crônica rara e que provoca lesões e fibrose na tireoide de forma lenta e gradual, que podem levar ao hipotireoidismo, sendo mais comum em mulheres dos 30 aos 50 anos.
Esse tipo de tireoidite provoca aumento da tireoide, de forma indolor, mas que pode provocar sensação de peso no pescoço, dificuldade para engolir, rouquidão, sensação de sufocamento e falta de ar.
Tratamento: o tratamento para esse tipo de tireoidite é feito com medicamentos para reduzir a atividade inflamatória, como prednisona, tamoxifeno ou micofenolato de mofetila, por exemplo.
Além disso, também podem ser indicado pelo médico a reposição de hormônios tireoidianos, quando a função da tireoide estiver prejudicada, e cirurgia, se os sintomas por compressão das vias aéreas forem intensos.
5. Tireoidite pós parto
A tireoidite pós-parto, também conhecida como tireoidite destrutiva com infiltração linfocítica na tireoide, pode afetar mulheres até 12 meses após o nascimento do bebê, sendo um tipo de tireoidite autoimune.
Esse tipo de tireoidite é mais comum em mulheres que têm diabetes tipo 1 ou que possuem histórico familiar de tireoidite pós parto.
Na fase inicial a tireoidite pós parto, geralmente não causa dor, podendo ser assintomática ou apresentar sintomas de hipertireoidismo, como irritação, palpitações cardíacas ou intolerância ao calor.
Após a fase inicial, podem surgir sintomas de hipotireoidismo, como prisão de ventre, cansaço excessivo, falta de concentração, intolerância ao frio ou formigamentos.
Tratamento: a tireoidite pós parto costuma se manifestar com sintomas de hipotireoidismo, mas nem sempre precisa de tratamento porque a função da tireoide pode voltar ao normal em 6 a 12 meses. No entanto, caso os hormônios da tireoide continuem alterados, o médico pode indicar o uso da levotiroxina.
6. Tireoidite infecciosa aguda
A tireoidite infecciosa aguda, ou tireoidite supurativa aguda, é um tipo raro de tireoidite, causado por infecções por bactérias, como Staphylococcus ou Streptococcus.
Mais raramente, esse tipo de tireoidite pode ser causada por fungos, como pneumocystis, Aspergillus ou Candida, por exemplo, ou até mesmo por alguns parasitas e micobactérias.
A tireoidite infecciosa aguda é mais comum em pessoas que têm doenças crônicas ou o sistema imunológico enfraquecido.
Tratamento: o tratamento da tireoidite infecciosa aguda é feito pelo endocrinologista e envolve o uso de antibióticos para combater a infecção, anti-inflamatórios não esteroide para aliviar os sintomas, e em alguns casos, cirurgia para drenar o pus do abscesso.
7. Tireoidite induzida por radiação
A tireoidite induzida por radiação, também chamada de tireoidite actínica, é um tipo de tireoidite aguda, causada pelo tratamento com iodo radioativo para o hipertireoidismo ou doença de Graves, ou radioterapia para tratamento do câncer de cabeça e pescoço ou linfoma na região do pescoço.
Esse tipo de tireoidite pode surgir devido a destruição da tireoide induzida pela radiação, causando dor na região do pescoço, ou sintomas de hipotireoidismo, como ganho de peso, cansaço, prisão de ventre, pele seca ou problemas de memória, por exemplo.
Tratamento: o tratamento para esse tipo de tireoidite geralmente é feito para aliviar a dor, podendo ser indicado pelo endocrinologista o uso de anti-inflamatórios não esteroides, e nos casos mais graves, corticoides.
No caso da pessoa desenvolver o hipotireoidismo, pode ser indicada a reposição de hormônios da tireoide, como a levotiroxina.
8. Tireoidite medicamentosa
A tireoidite medicamentosa pode ser causada pelo uso de remédios, como amiodarona, lítio, interferon ou interleucina-2, por exemplo, e resultar em hipo ou hipertireoidismo.
O hipertireoidismo pode ser induzido pelo aumento da liberação ou produção de hormônios da tireoide, ou destruição da tireoide pela liberação de hormônios pré-formados.
Já o hipotireoidismo induzido por medicamentos pode ser causado pela diminuição da produção de liberação de hormônios tireoidianos ou inflamação da glândula hipófise no cérebro.
Tratamento: o tratamento da tireoidite medicamentosa varia, podendo ser indicado o uso de levotiroxina se a pessoa apresentar hipotireoidismo. No entanto, caso a pessoa desenvolva hipertireoidismo, pode ser indicado o uso de beta-bloqueadores, como propranolol ou metoprolol, para aliviar os sintomas.
O uso dos remédios que podem causar tireoidite não deve ser descontinuado, a menos que recomendado pelo médico.