Transplante de fígado: quando é indicado e como feito e recuperação

Atualizado em março 2024

O transplante de fígado é uma cirurgia para substituir o fígado doente por uma parte ou o fígado inteiro de uma pessoa saudável, sendo indicado nos casos de doença hepática aguda ou crônica em estágio final, como cirrose hepática, insuficiência hepática, câncer de fígado e hepatite, por exemplo.

Esta cirurgia é indicada quando a condição do fígado já é bem grave, e quando outras possibilidades de tratamento não tiveram sucesso e por isso, a pessoa passa a ter um risco elevado de morte.

O transplante de fígado deve ser indicado pelo hepatologista, sendo importante seguir alguns cuidados para a recuperação, como tomar os imunossupressores indicados pelo médico, ter uma alimentação saudável, fazer exames e consultas periódicas para verificar como organismo reage ao novo órgão e prevenir complicações.

Imagem ilustrativa número 1

Quando é indicado

O transplante de fígado é indicado nos casos de doenças agudas ou crônicas do fígado em estágio final, como:

  • Cirrose hepática;
  • Doenças metabólicas;
  • Colangite esclerosante;
  • Atresia de vias biliares;
  • Hepatite crônica, fulminante ou autoimune;
  • Insuficiência hepática;
  • Câncer primário no fígado.

Nessas situações, o transplante de fígado é indicado quando o órgão encontra-se gravemente comprometido e deixa de funcionar e outras opções de tratamento não foram suficientes para tratar a doença e reestabelecer a função do fígado.

Nestes casos, a pessoa deve continuar realizando o tratamento proposto pelo médico e realizando os exames necessários até que surja um doador de fígado compatível, que esteja dentro do peso ideal e sem nenhum problema de saúde.

Confira no vídeo a seguir mais sobre a indicação do transplante:

Quem pode doar o fígado

O fígado pode ser doado por um doador falecido que esteja com morte cerebral, que não possua doença e alterações no fígado e que seja compatível com a pessoa que tem um problema hepático.

No entanto, o transplante de fígado também pode ser feito por um doador vivo, doando uma parte do seu fígado saudável, desde que seja compatível com a pessoa que irá receber o transplante. Neste caso, o doador pode ter uma vida saudável após doar uma parte do fígado, pois este órgão é o único capaz de regenerar.

Como se avalia a compatibilidade

Antes de ser realizado o transplante, devem ser feitos exames de sangue com o objetivo de verificar a compatibilidade do fígado para, assim, diminuir as chances de rejeição do órgão. Dessa forma, os doadores podem ser ou não relacionados com o paciente que será transplantado, desde que haja compatibilidade.

Como se preparar para o transplante

Para se preparar para este tipo de procedimento deve-se:

  • Manter uma boa alimentação, evitando alimentos ricos em gordura e açúcar, dando preferência aos legumes, verduras, frutas e carnes magras;
  • Informar ao médico de qualquer sintoma que esteja presente para que possa ser investigado e iniciar o tratamento adequado;
  • Realizar todos os exames solicitados pelo médico;
  • Tomar os remédios recomendados pelo médico nos horários corretos.

Quando o médico entra em contato, chamando a pessoa para o transplante, é importante que a pessoa inicie um jejum total e vá para o hospital indicado o mais rápido possível para que seja realizado o procedimento.

A pessoa que receberá o órgão doado deverá ter um acompanhante maior de idade e levar todos os documentos necessários para que seja internada para receber o órgão.

Como é feito o transplante de fígado

O transplante de fígado é feito no hospital por um cirurgião hepático ou gastroenterologista, com anestesia geral. Antes de iniciar a cirurgia, o tratamento com imunossupressores para evitar a rejeição do órgão já é iniciado.

Durante a cirurgia, é feito um corte no abdômen, por onde o fígado doente é retirado, e o fígado saudável é transplantado, sendo ligado a vasos sanguíneos e vias biliares.

O tempo de cirurgia de transplante de fígado é de cerca de 4 horas, e ao terminar o médico dá pontos no local do corte, e a pessoa deve ficar internada na UTI por cerca de 7 a 14 dias.

Leia também: Xenotransplante: o que é, quando é indicado e possíveis riscos tuasaude.com/xenotransplante

Como é a recuperação

Após o transplante de fígado, a pessoa normalmente permanece no hospital por algumas semanas para que seja monitorada e observada a reação do organismo ao novo órgão, prevenindo complicações que possam acontecer. Após esse período, a pessoa pode ir para casa, no entanto, deve seguir algumas recomendações médicas para promover a sua qualidade de vida, como uso de remédios imunossupressores, por exemplo.

Depois do transplante a pessoa pode ter uma vida normal, sendo necessário a pessoa siga as orientações do médico, seja acompanhado regulamente através de consultas médicas e realização de exames e tenha hábitos saudáveis de vida.

1. No hospital

Após a realização do transplante a pessoa deve ficar internada no hospital por cerca de 1 a 2 semanas para que seja feito o monitoramento da pressão, taxa de glicemia, coagulação sanguínea, função renal e outros que são importantes para verificar se a pessoa está bem e possa ser prevenida a ocorrência de infecções.

Inicialmente a pessoa deve permanecer na UTI, no entanto a partir do momento que encontra-se estável, pode ir para o quarto para que continue a ser monitorada. Ainda no hospital, a pessoa pode realizar sessões de fisioterapia para melhorar a capacidade respiratória e diminuir o risco de complicações motoras como rigidez e encurtamento muscular, trombose e outros. 

2. Em casa

A partir do momento em que a pessoa encontra-se estabilizada, não há sinais de rejeição e os exames são considerados normais, o médico pode dar alta desde que a pessoa siga o tratamento em casa.

Desta forma, alguns cuidados diários devem ser seguidos em casa para ajudar na recuperação do transplante de fígado, como:

  • Tomar os remédios imunossupressores, como prednisona, azatioprina e ciclosporina, nos horários certos conforme indicado pelo médico para evitar a rejeição do fígado;
  • Tomar os antibióticos receitados pelo médico para evitar possíveis infecções;
  • Realizar consulta médica e exames regularmente conforme indicado pelo médico, devido ao risco de rejeição do órgão pelo organismo;
  • Seguir a dieta balanceada conforme recomendado pelo médico;
  • Evitar fumar e consumir bebidas alcoólicas;
  • Evitar dirigir por até 2 meses após a cirurgia;
  • Iniciar atividades físicas leves, conforme orientado pelo médico, como uma caminhada, e aumentar gradualmente, respeitando os limites do corpo;
  • Evitar esportes de contato até que a recuperação da cirurgia esteja completa.

Além disso, no caso de mulheres, deve-se evitar uma gravidez pelo menos durante um ano após a cirurgia.

Quando o transplante não é indicado

O transplante de fígado não é indicado para pessoas que tenham AIDS, doenças cardíacas ou pulmonares em estágio avançado, infecção generalizada ou choque séptico, hipertensão pulmonar grave ou metástase de tumores no fígado.

Além disso, algumas doenças podem não ser indicadas para o transplante como a hepatite B, porque o vírus tende a se instalar no fígado 'novo', e em caso de cirrose causada pelo alcoolismo, porque se a pessoa continuar bebendo de forma exagerada o 'novo' órgão também será danificado.

Assim, o médico deverá indicar quando o transplante pode ou não pode ser realizado com base na doença hepática que a pessoa possui e no estado de saúde geral da pessoa.

Possíveis complicações

Algumas complicações que podem surgir após o transplante de fígado são:

  • Rejeição do fígado transplantado;
  • Falha do fígado doado;
  • Infecção na cicatriz cirúrgica;
  • Trombose hepática;
  • Sangramento ou hemorragia;
  • Problemas no ducto biliar.

Embora sejam raros, também podem ocorrer complicações da anestesia geral como reações anafiláticas, náuseas, vômitos, queda da pressão arterial, calafrios, tremores, febre, infecção, por exemplo. 

Além disso, também podem surgir efeitos colaterais dos remédios imunossupressores, como aumento do peso, osteoporose, diabetes, inchaço corporal, alterações na pele e mucosas, como acne ou aftas, aumento do risco de câncer de pele ou linfoma, ou aumento da quantidade de pelos no corpo, especialmente no rosto das mulheres. 

Quando ir ao médico

É importante ir ao médico ou ao hospital mais próximo caso surjam sintomas como:

  • Febre ou calafrios;
  • Náuseas e vômitos;
  • Diarreia;
  • Vermelhidão, inchaço ou pus na cicatriz;
  • Inchaço na barriga;
  • Coceira intensa na pele;
  • Confusão mental ou convulsões.

Além disso, deve-se ir imediatamente ao pronto socorro, caso surjam sintomas como pele e olhos amarelados, urina escura ou fezes claras.