Úlcera arterial é uma ferida na pele que surge devido a diminuição da circulação de sangue no local, causando sintomas como feridas arredondadas, profundas e dolorosas, que não melhoram com o tempo, podendo até aumentar de tamanho ou ficar infectada.
A úlcera arterial, também conhecida como úlcera isquêmica, pode surgir nos pés, tornozelos ou pernas, sendo normalmente causada por um bloqueio das artérias por placas de gordura, chamada aterosclerose. Além disso, alguns fatores podem contribuir para o seu desenvolvimento, como colesterol alto, diabetes ou pressão alta, por exemplo. Entenda o que é a aterosclerose.
O tratamento da úlcera arterial é feito pelo dermatologista, angiologista ou clínico geral, com o objetivo de melhorar a circulação sanguínea para o local, podendo ser indicado curativos para facilitar a cicatrização e evitar infecções, remédios antiagregantes plaquetários, ou até angioplastia para desbloquear a artéria afetada.
Sintomas de úlcera arterial
Os principais sintomas da úlcera arterial são:
- Ferida redonda que vai aumentando de tamanho;
- Ferida profunda que não sangra;
- Ferida com bordas regulares, bem definidas e esbranquiçadas;
- Pele fria, fina, seca e brilhante em redor da ferida;
- Dor na ferida, especialmente ao fazer exercício ou à noite ao deitar;
- Dor na ferida mesmo em repouso, que melhora ao pendurar o pé na lateral da cama;
- Base na ferida de cor amarelada, cinza, marrom ou preta;
- Ausência de pelos na pele na região afetada;
- Unhas dos pés mais grossas.
Além disso, a ferida da úlcera arterial pode apresentar pus ou secreção, ou cheiro forte, nos casos de infecção.
A úlcera arterial é mais comum de surgir na ponta dos dedos, entre os dedos ou lateral dos pés, calcanhar, parte lateral externa do tornozelo ou parte inferior da perna.
É importante consultar o dermatologista ou clínico geral, na presença dos sintomas, para que a úlcera arterial seja diagnosticada e iniciar o tratamento mais adequado de forma rápida, e evitar complicações como necrose ou gangrena.
Leia também: Úlcera: o que é, sintomas, tipos e tratamento tuasaude.com/ulceraQual a diferença entre úlcera arterial e venosa
Tanto a úlcera arterial, quanto a úlcera venosa levam ao surgimento de feridas na pele, no entanto, apresentam causas e características diferentes.
Enquanto a úlcera arterial é causada por um bloqueio de artérias nas pernas por placas de gordura, a úlcera venosa é causada pela má circulação sanguínea, que dificulta o retorno do sangue das pernas ao coração, fazendo com que o sangue fique acumulado nas pernas.
Assim, as feridas venosas são mais comuns em idosos, pessoas que ficam muito tempo em pé ou devido à insuficiência venosa crônica, enquanto a úlcera arterial é mais frequente em pessoas que têm a circulação arterial afetada, como acontece em quem tem diabetes, excesso de peso ou colesterol alto.
Além disso, as feridas da úlcera arterial são mais profundas, têm bordas regulares, causam dor intensa que piora ao elevar a perna e a pele normalmente é fria. Já a ferida da úlcera venosa é mais superficial, apresenta bordas irregulares e inchaço e a dor pode ser aliviada ao elevar as pernas. Veja outros sintomas da úlcera venosa.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico da úlcera arterial é feito pelo dermatologista ou clínico geral através da avaliação dos sintomas, histórico de saúde e avaliação das características da ferida, da dor e dos sinais de infecção.
Além disso, o médico deve solicitar exames de sangue, como hemograma, fatores de coagulação, níveis de colesterol e glicose, e exames de imagem, como ultrassom com doppler para avaliar o fluxo de sangue nas artérias e vasos sanguíneos da perna. Veja como é feito o ultrassom com doppler.
Possíveis causas
A úlcera arterial é causada por uma diminuição do fluxo sanguíneo, oxigênio e nutrientes para as pernas ou pés, devido a um bloqueio das artérias por placas de gordura, resultando em morte das células da pele e desenvolvimento dos sintomas.
Quem tem maior risco
Alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento da úlcera arterial, como:
- Aterosclerose;
- Colesterol alto;
- Diabetes não controlada;
- Pressão alta;
- Obesidade;
- Neuropatia periférica;
- Vasculite;
- Tromboangeíte;
- Anemia falciforme;
- Pioderma gangrenoso;
- Talassemia;
- Histórico familiar de doenças vasculares;
- Hábito de fumar.
Além disso, a úlcera arterial pode surgir devido a deformidades do pé ou uso de sapatos inadequados, que podem aumentar a pressão sobre determinadas regiões do pé e a diminuição do fluxo sanguíneo.
Como é feito o tratamento
O tratamento da úlcera arterial deve ser feito com orientação do clínico geral ou dermatologista, com o objetivo de melhorar a circulação sanguínea local, facilitar a cicatrização da pele e evitar infecções na ferida.
Os principais tratamentos que podem ser indicados pelo médico são:
1. Limpeza da ferida
A limpeza da ferida deve ser feita com soro fisiológico, de acordo com a orientação do médico, sendo muitas vezes realizada pelo enfermeiro no hospital ou em postos de saúde, para garantir a limpeza adequada e para manter uma avaliação regular da ferida para que se consiga evitar seu agravamento.
Após a limpeza da ferida, podem ser usadas pomadas para ajudar na cicatrização da pele e prevenir ou tratar infecções, como a sulfadiazina de prata ou colagenase, por exemplo, que devem ser usadas conforme indicado pelo médico.
2. Curativos
Alguns curativos especiais, como o curativo de celulose cristalina, podem ser indicados pelo médico para acelerar a cicatrização da pele e prevenir infecções.
O curativo da úlcera arterial deve ser sempre indicado pelo médico ou enfermeiro e adaptado ao tipo de tecido presente na ferida assim como outras características que incluem liberação de secreções, cheiro ou presença de infecção, de forma a promover uma cicatrização adequada.
3. Desbridamento
O desbridamento é um tipo de cirurgia para remoção do tecido morto e infeccionado da úlcera, o que ajuda a melhorar a cicatrização, além de evitar que a infecção se espalhe para outros locais do corpo.
Esse tratamento é feito pelo médico em ambiente hospitalar ou por um enfermeiro especialista em feridas, com anestesia local. Saiba como é feito o desbridamento de feridas.
4. Remédios
Alguns remédios podem ser indicados pelo médico para o tratamento da úlcera arterial, como antibióticos, nos casos de infecções na ferida, antiagregantes plaquetários ou vasodilatadores para melhorar a circulação sanguínea.
Além disso, o médico deve recomendar o tratamento com remédios para aliviar a dor e controlar as doenças que podem causar as úlceras arteriais, como diabetes, colesterol alto ou pressão alta, por exemplo.
5. Angioplastia
A angioplastia é uma cirurgia feita pelo cirurgião vascular para desbloquear a artéria entupida e reestabelecer o fluxo sanguíneo para as pernas e a pele. Veja como é feita a angioplastia.
Em alguns casos, pode ser colocado um stent na artéria, que é uma pequena rede de metal ou polímero, e que funciona como um andaime ou suporte para a artéria, ajudando a prevenir seu estreitamento novamente e mantendo-a sempre aberta para facilitar o fluxo sanguíneo.
Cuidados durante o tratamento
Alguns cuidados diários são importantes durante o tratamento da úlcera arterial, como:
- Tomar os remédios nos horários corretos estabelecidos pelo médico;
- Fazer a limpeza da ferida em casa de acordo com a orientação médica, ou nos postos de saúde pelo enfermeiro;
- Beber bastante líquido durante o dia;
- Não fumar;
- Fazer uma alimentação saudável, evitando especialmente gordura e frituras;
- Evitar cruzar as pernas durante o dia;
- Fazer caminhadas de 30 minutos para melhorar a circulação nas pernas.
Enquanto a circulação para o local não melhora, a ferida não consegue cicatrizar e, por isso, é importante seguir as recomendações médicas para estabelecer o fluxo sanguíneo e a oxigenação adequada da pele, além do tratamento das condições associadas à úlcera arterial.
Possíveis complicações
A úlcera arterial pode causar complicações como, infecções na ferida, necrose dos tecidos ou gangrena. Entenda o que é gangrena e como é feito o tratamento.
Por isso, para evitar complicações, deve-se consultar o médico assim que surgem os sintomas para iniciar o tratamento mais adequado imediatamente.