Xenotransplante: o que é, quando é indicado e possíveis riscos

Xenotransplante é um tipo de transplante mais raro, em que o órgão, como rim, coração ou fígado, células ou tecidos são proveniente de um animal, como porco, e transplantado em um humano.

Foto doutora realizando uma consulta
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Esse tipo de transplante tem como objetivo salvar a vida de pessoas que aguardam na fila de transplante, devido a escassez de doação de órgãos, como rins ou coração, e foi feito pela primeira vez em 1963 utilizando rins de babuínos, e as pessoas viveram entre 19 e 98 dias.

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O xenotransplante, também chamado de transplante xenogênico, tem sido feito em grandes centros internacionais de transplantes, sendo um tratamento ainda experimental, indicado para casos muito graves, permitindo avaliar o funcionamento do órgão transplantado, assim como segurança e eficácia do transplante.

Médicos realizando uma cirurgia

Quando é indicado

O xenotransplante pode ser indicado para pessoas com doenças graves como:

  • Insuficiência renal, hepática ou cardíaca, em estágio terminal, em pessoas que aguardam na fila de doação de órgãos, como rim, coração ou fígado;
  • Queimaduras graves;
  • Doenças graves, como epilepsia, doença de Parkinson ou diabetes tipo 1.

Esse tipo de transplante ainda é um tratamento experimental, feito com órgãos, células ou tecidos geneticamente modificados, de forma a reduzir o risco de rejeição e infecções na pessoa.

Conheça mais sobre transplantes com o Dr. Rodrigo Vianna:

Exemplos de xenotransplante

Alguns exemplos de xenotransplante que foram realizados ao longo do tempo, são:

  • Transplante de rins de babuíno: foi o primeiro xenotransplante em 1963, feito em seis pessoas com insuficiência renal, que sobreviveram entre 19 e 98 dias;
  • Transplante de rins de chimpanzé: realizado em 1963, em um homem com insuficiência renal, e a pessoa viveu com o rim do chimpanzé por nove meses;
  • Transplante de coração de chimpanzé: feito em 1964, e a pessoa não sobreviveu após o xenotransplante;
  • Transplante de fígado de chimpanzé: feito entre 1969 e 1974 em três crianças, mas apenas uma delas sobreviveu mais de 2 semanas;
  • Transplante de pele de porco: feito em 1978 em pessoas com queimaduras, e mostrou que pessoas com enxerto de pele de porco tiveram um tempo de cicatrização mais rápido do que pessoas tratadas com curativos padrões;
  • Transplante de coração de babuíno: feito em 1984 em um bebê com síndrome da hipoplasia do coração esquerdo, e viveu 20 dias com o coração do babuíno;
  • Transplante de fígado de babuíno: feito em 1992 em um homem com insuficiência hepática, vivendo por 70 dias;
  • Transplante de medula óssea de babuíno: feito em 1995 em um homem infectado pelo vírus HIV, porém o transplante foi rejeitado quase que imediatamente.

Em 1997, devido a preocupação com o risco de infecção com retrovírus nos humanos, o xenotransplante foi proibido mundialmente, sendo suspensa em alguns países entre 2000 e 2011.

Em 2021 foi feito o primeiro transplante de rim de porco geneticamente modificado em um homem com morte cerebral,  e em 2022 foi feito o primeiro xenotransplante de coração de porco geneticamente modificado. Em ambos os casos a pessoa sobreviveu por 2 meses.

Mais recentemente, em 2024, foi transplantado o rim de porco geneticamente modificado em um homem vivo.

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Por que tem sido usado órgãos de porco?

Atualmente, têm sido usados órgãos de porco para o xenotransplante, como fígado, rins e coração, devido a semelhança anatômica e fisiológica com órgãos humanos.

Além disso, o risco de infecções para os humanos é menor, e por isso, testes de xenotransplante com chimpanzés e babuínos não são mais realizados, pelo maior risco biológico de transmissão de doenças.

Outra consideração para usar porcos domésticos para o xenotransplante, é que esses animais não têm risco de extinção, têm características reprodutivas favoráveis e podem ser criados em ambientes controlados para evitar infecções.

O que são órgãos geneticamente modificados

Órgãos geneticamente modificados são órgãos que passam por procedimentos feitos pela engenharia genética, retirando genes do órgão do porco e adicionando genes humanos de forma a evitar a rejeição do transplante.

Além disso, esse tipo de procedimento permite inativar retrovírus que podem causar infecções na pessoa transplantada.

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Possíveis riscos do xenotransplante

Os principais riscos do xenotransplante são:

  • Rejeição hiperaguda do transplante;
  • Rejeição tardia ou rejeição vascular aguda;
  • Trombose do órgão transplantado;
  • Transmissão de infecções, principalmente de retrovírus. 

Por isso, o órgão é geneticamente modificado para evitar complicações, além de ser necessário o uso de remédios para evitar a rejeição do órgão xenotransplantado.

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