Cirrose biliar primária: o que é, sintomas, causas e tratamento

Atualizado em março 2022

A cirrose biliar primária é uma doença crônica na qual os ductos biliares presentes dentro do fígado vão sendo gradualmente destruídos, impedindo a saída da bile, que é uma substância produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar e que auxiliar na digestão de gorduras da alimentação. Assim, a bile acumulada dentro do fígado pode causar inflamação, destruição, cicatrização e eventual desenvolvimento de insuficiência do fígado.

Ainda não existe cura para a cirrose biliar primária, no entanto, como a doença pode causar danos graves no fígado, existem alguns tratamentos indicados pelo gastroenterologista ou hepatologista que têm como objetivo atrasar o desenvolvimento da doença e aliviar os sintomas como dor no abdômen, cansaço excessivo ou inchaço nos pés ou tornozelos, por exemplo.

Quando a obstrução dos ductos biliares é prolongada, é possível que existam danos mais graves e mais rápidos ao fígado, caracterizando a cirrose biliar secundária, que normalmente está associada com a presença de pedras na vesícula ou tumores.

Imagem ilustrativa número 1

Principais sintomas

Na maioria dos casos a cirrose biliar é identificada antes de surgir qualquer sintoma, especialmente através de exames de sangue que são feitos por outro motivo ou por rotina. No entanto, os primeiros sintomas podem incluir cansaço constante, coceira na pele e até olhos ou boca secos.

Já quando a doença se encontra numa fase mais avançada, os sintomas podem ser:

  • Dor na região superior direita do abdômen;
  • Dor nas articulações;
  • Dor muscular;
  • Pés e tornozelos inchados;
  • Barriga muito inchada;
  • Acúmulo de líquido no abdômen, chamado de ascite;
  • Depósitos de gordura na pele ao redor dos olhos, pálpebras ou na palmas da mãos, plantas dos pés, cotovelos ou joelhos;
  • Pele e olhos amarelados;
  • Ossos mais frágeis, aumentando o risco de fraturas; 
  • Colesterol alto;
  • Diarreia com fezes muito gordurosas;
  • Hipotireoidismo;
  • Perda de peso sem razão aparente.

Estes sintomas também podem ser indicativos de outros problemas no fígado e, por isso, é aconselhado consultar um hepatologista ou gastroenterologista para diagnosticar corretamente e descartar outras doenças com sintomas semelhantes. 

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico da cirrose biliar primária é feito por um hepatologista ou gastroenterologista baseado na história clínica, nos sintomas apresentados pela pessoa e exames que incluem:

  • Exames de sangue para verificar os níveis de colesterol, de enzimas do fígado e anticorpos para detectar doença autoimune; 
  • Ultrassom;
  • Ressonância magnética;
  • Endoscopia.

Além disso, o médico pode solicitar uma biópsia do fígado para confirmar o diagnóstico ou para determinar o estágio da cirrose biliar primária. Saiba como é feita a biópsia do fígado.

Possíveis causas

A causa da cirrose biliar primária é desconhecida, mas está frequentemente associada às pessoas portadoras de doenças autoimunes e, por isso, é possível que o próprio organismo inicie um processo de inflamação que destrói as células dos canais biliares. Essa inflamação pode depois passar para as outras células do fígado e levar ao surgimento de danos e cicatrizes que comprometem o correto funcionamento do órgão.

Outros fatores que podem contribuir para causar a cirrose biliar primária são infecções por bactérias como Escherichia coli, Mycobacterium gordonae ou Novosphingobium aromaticivorans, fungos ou vermes como Opisthorchis.

Além disso, pessoas que fumam ou que têm algum familiar com cirrose biliar primária, têm um risco maior de desenvolver a doença. 

Como é feito o tratamento

Não existe uma cura para a cirrose biliar, porém, podem ser usadas alguns medicamentos para atrasar o desenvolvimento da doença e aliviar os sintomas, que incluem:

  • Ácido ursodesoxicólico (Ursodiol ou Ursacol): é um dos primeiros medicamentos utilizados nestes casos, pois ajuda a bile a passar pelos canais e sair do fígado, reduzindo a inflamação e evitando lesões no fígado;
  • Ácido obeticólico (Ocaliva): este remédio ajuda no funcionamento do fígado, diminuindo os sintomas e a progressão da doença e pode ser usado sozinho ou junto com o ácido ursodesoxicólico;
  • Fenofibrato (Lipanon ou Lipidil): este medicamento ajuda a diminuir o colesterol e os triglicerídeos do sangue e, quando usado junto com o ácido ursodesoxicólico, ajuda reduzir a inflamação do fígado e diminuir os sintomas como coceira generalizada na pele.

Nos casos mais graves, em que o uso de remédios parece não atrasar o desenvolvimento da doença ou quando os sintomas continuam muito intensos, o hepatologista pode aconselhar um transplante de fígado, de forma a prolongar a vida da pessoa.

Normalmente, os casos de transplante são um sucesso e a doença desaparece completamente, devolvendo a qualidade de vida à pessoa, mas pode ser necessário ficar em uma lista de espera para um fígado compatível. Saiba como é feito o transplante de fígado.

Além disso, é comum que pessoas com cirrose biliar tenham dificuldade para absorver gorduras e vitamina. Dessa forma, o médico pode aconselhar o acompanhamento com um nutricionista para iniciar a suplementação de vitaminas, especialmente vitaminas A, D e K e fazer uma dieta balanceada com baixo consumo de sal.

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